O ChatGPT vem sendo considerado um avanço significativo no campo da inteligência artificial e do processamento de linguagem natural. Ele é capaz de gerar respostas coerentes e contextuais para uma ampla variedade de perguntas e tarefas, e tem o potencial de impactar diversos setores, como atendimento ao cliente, assistentes virtuais, geração de conteúdo e muito mais.
Nem todas as palavras têm a mesma importância, dependendo do contexto. As palavras em uma pergunta em uma conversa podem ter uma previsibilidade maior dependendo do que vem depois. Com base nisso, foi criado um algoritmo de aprendizado de máquina chamado transformers. No caso do ChatGPT, ele coletou muitos dados na internet, sendo treinado para fornecer respostas.
Ele é uma ferramenta baseada em texto. De acordo com Pedro Burgos, mestre em Jornalismo Social pela City University of New York e professor do Insper, que palestrou no Congresso ANEFAC 2023, a inteligência artificial existe há muitos anos, mas a partir do lançamento do ChatGPT em novembro do ano passado, é que o assunto ganhou novas proporções. “A melhor forma de utilizar essa IA é conversando, pois vai desenvolvendo um raciocínio. A geração de texto é somente o começo da sua utilização. Além disso, pode ser uma interface com outras inteligências artificiais. Será um assistente com mais poderes”.
“A barreira de entrada em tecnologia e conhecimento tecnológico está caindo vertiginosamente. Basta ter conhecimentos computacionais e saber descrever um problema para que máquinas possam conversar entre si. Na área da educação, ainda não se compreende totalmente o impacto dessa revolução. No entanto, é claro que ela permite uma educação mais personalizada, uma educação um a um, com mentoria, que é mais eficaz, mas é difícil de ser escalada devido ao grande número de alunos”, explica Burgos.
Na medicina, ele conta que o ChatGPT possui acesso a uma vasta quantidade de informações presentes em livros, o que permite que faça as perguntas adequadas e obtenha um diagnóstico preciso. Além disso, ele é capaz de estabelecer uma conversa empática com as pessoas. Ele foi treinado utilizando livros de medicina para desenvolver um relacionamento mais humano. Dessa forma, ele pode ser visto como um auxiliar de decisão para os médicos. É evidente que a medicina vai além disso, mas um sistema de tomada de decisão com conhecimento médico pode ser eficaz.
Em auditoria, o sistema é capaz de analisar uma imagem e identificar várias informações. Ele lê o texto e estabelece conexões com diferentes bancos de dados. Por exemplo, ele pode verificar as notas fiscais e compará-las com a apólice da empresa, identificando os riscos envolvidos. Antigamente, era necessário desenvolver programas complexos para lidar com diferentes cenários. Com um sistema como esse, você pode conectar seu banco de dados com as regras necessárias, simplificando o processo. “A possibilidade de democratizar informações e conhecimentos altamente complexos é enorme. No entanto, nem tudo são flores. Existem empresas que vendem a ideia de um companheiro AI para interação, e há pessoas que acabam se apaixonando por essa IA”, diz Burgos.
Como utilizar o ChatGPT para melhorar resultados?
Na visão de Onédio Seabra, CEO da I2AI (International Association of Artificial Intelligence) e palestrante no Congresso ANEFAC 2023, o mundo está em um ponto de intersecção e é necessário fazer uma pausa e refletir sobre o uso da IA, mas, principalmente, buscar a regulamentação da IA, uma vez que ainda não existe um marco regulatório estabelecido. A Europa já implementou uma regulamentação e os EUA iniciaram discussões nesse sentido. No Brasil, há um projeto de lei em tramitação. Tudo isso tem o objetivo de debater o papel da IA no mundo.
Fornecendo auxílio e suporte, o ChatGPT é uma ferramenta que atua como um copiloto. Para obter melhores resultados ao utilizá-lo, é importante formular uma pergunta clara e precisa e saber interagir com o ChatGPT para refinar a pergunta. “A IA tem a capacidade de gerar novos dados de texto e imagem e vai além ao gerar também voz. Com essas novas possibilidades, surgem novas ferramentas que estão em constante evolução. O próprio ChatGPT está na quinta geração e, atualmente, é capaz de buscar informações e validar na internet”, avalia Seabra.
O ChatGPT é um bot, um robô que interage com seres humanos. Ele passou por várias evoluções ao longo dos anos até chegar à versão atual do ChatGPT. Segundo Seabra, é importante que os executivos de alto nível (C-Levels) aprendam sobre essa ferramenta, pois é necessária uma adaptação ao mundo e à sociedade.
Ele destaca que daqui a 20 anos pode haver um grande número de pessoas desempregadas, aquelas que não conseguirem acompanhar a evolução tecnológica ou que não quiserem fazê-lo. Por outro lado, temos a sociedade 5.0 como contraponto. Ao complementar sua fala, Seabra ressalta que os executivos precisam estar atentos ao ChatGPT, pois a IA tem o potencial de aumentar a eficiência e produtividade das empresas. Além disso, é importante buscar uma diferenciação competitiva e, acima de tudo, promover o crescimento profissional.
Quando falamos da capacidade do ChatGPT, podemos observar uma evolução gigantesca do modelo em apenas 6 meses. Ele passou de ser um modelo exclusivamente baseado em texto para se tornar um modelo multimodal. Hoje, o ChatGPT é capaz de trabalhar com imagens, vídeos, áudio e texto. “Uma das grandes vantagens da IA é a capacidade de gerar traduções automáticas, eliminando a necessidade de tradutores em ferramentas como o Teams ou Zoom, onde o próprio sistema realiza essa tarefa automaticamente”, avalia Seabra.
Em menos de uma década, a inteligência artificial terá uma capacidade superior à do cérebro humano. Porém, é importante ressaltar que existem preocupações em relação ao risco de perda de empregos, à disseminação de conteúdo falso e à possibilidade de surgimento de máquinas com consciência. Segundo o palestrante, “de maneira alguma podemos delegar à máquina a tomada de decisões críticas. O ser humano sempre deve estar envolvido em qualquer decisão.”
A inteligência artificial é dividida em duas ramificações: a estreita e a forte. A AI estreita refere-se a sistemas com habilidades específicas em tarefas limitadas, enquanto a AI forte é caracterizada por uma inteligência senciente. No que diz respeito à regulamentação da IA, Seabra entende que é importante que haja discussões e medidas governamentais para controlar seu uso e evitar abusos. “Nem tudo aquilo que está no mapa se reflete no terreno. Portanto, é importante realizar testes, aprender com eles e avançar. Isso significa que devemos fornecer uma direção inicial, mas à medida que utilizamos as tecnologias, como o ChatGPT e outras formas de inteligência artificial, é essencial aperfeiçoá-las de maneira adequada a cada necessidade”, finaliza.
Confira a palestra de Pedro Burgos
Confira a palestra de Onédio Seabra