Nos contextos atuais de negócios, conceitos como propósito, impacto social, gestão de pessoas e abordagem humanizada vêm ganhando destaque como fontes de vantagem competitiva sustentável. Essas práticas vão além do foco meramente financeiro, valorizando a criação de valor compartilhado, o bem-estar dos colaboradores e a responsabilidade social corporativa. A gestão humanizada, ao promover habilidades interpessoais e digitais, além de envolver estratégias de engajamento e escuta ativa, favorece a construção de ambientes de trabalho mais participativos e inovadores.
Ao mesmo tempo, o equilíbrio entre essa abordagem e a necessidade de agilidade na entrega de resultados representa um desafio que empresas vêm buscando superar ao integrar valores e competências-chave em suas culturas organizacionais. Nesse cenário, Luciene Magalhães, Head of Human Capital na KPMG, Leandro Carpes, diretor de Recursos Humanos na Heineken, e Fábio Santos, diretor de RH com 27 anos de experiência, explicam como propósito e impacto social na gestão de pessoas humanizada se tornam vantagens competitivas, cujo tema foi debatido no Congresso ANEFAC 2025.
Para Magalhães ainda é complexo liderar com propósito, em especial na era digital e da inteligência artificial, pois, além das ferramentas tecnológicas, é imprescindível cultivar habilidades humanas, como empatia, comunicação e colaboração. “A humanidade precisa estar presente, mesmo com o avanço das ferramentas digitais, porque são as competências interpessoais que fortalecem a conexão genuína com os colaboradores”.
Os valores da companhia devem destacar a importância de colocar as pessoas em primeiro lugar, pois as competências-chave para o futuro do trabalho, incluem resiliência, ideia-ação e capacidade de liderança. Neste sentido, Carpes reforça a importância da felicidade como uma habilidade de liderança e conta que a Heineken vem estruturando sua gestão baseada em Ciência da Felicidade, com metodologias que envolvem escuta ativa, pesquisas periódicas e formação de multiplicadores. Segundo ele, criar um ambiente de segurança psicológica é fundamental para estimular inovação, criatividade e o engajamento.
Outro tema bastante em pauta é o limite do assistencialismo na gestão de pessoas. Santos cita exemplos de sua trajetória na Localiza. “A política de cuidado deve ser clara, com limites bem definidos, para evitar que o assistencialismo substitua estratégias de desenvolvimento sustentável. Foco em ações específicas, comunicação transparente e políticas bem estruturadas garantem que o cuidado seja efetivo e sustentável”.
Carpes acrescenta que é preciso equilibrar a empatia com a performance, sobretudo em momentos de crise. “O suporte deve estar alinhado com a cultura da empresa e seus valores, sempre buscando o desenvolvimento humano sem comprometer resultados”. Ele acredita na importância de ações concretas, como programas de apoio psicológico e fundos de emergência, que demonstram cuidado genuíno sem excessos.
A importância da comunicação e escuta ativa na liderança são consideradas cruciais, enfatizando que a escuta genuína gera conexão e promove um ambiente de trabalho mais construtivo. Ao citar a influência da responsabilidade social na reputação empresarial e na atração de talentos, Magalhães destaca exemplos práticos, como o fundo de ajuda a desastres climáticos na KPMG, financiado pelos próprios profissionais, e a importância de políticas claras e integras. “Quando a organização comunica seus limites e valores de forma transparente, cria credibilidade e reforça o engajamento dos colaboradores com o propósito social”.
Enquanto o mundo avança na inovação, os especialistas ressaltam que o desenvolvimento de soft skills — como resiliência, comunicação, inteligência emocional e colaboração — será decisivo para a continuidade do sucesso das organizações. Segundo Carpes, criar ambientes que promovam segurança psicológica, escuta ativa e feedback contínuo são passos essenciais para sustentar essa mudança.
A combinação de propósito social genuíno, liderança humanizada e atenção às habilidades humanas não só fortalece a cultura organizacional, mas também cria empresas mais resilientes, inovadoras e capazes de gerar impacto positivo na sociedade. “Os líderes têm a responsabilidade primária de criar um ambiente seguro que permita que as pessoas potencializem suas competências. Isso é fundamental para a implementação de uma gestão humanizada”, finaliza Santos.
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