Mesmo diante de definições ainda pendentes, empresas precisam investir desde já em tecnologia, dados e capacitação para garantir conformidade e competitividade no novo sistema tributário
A reforma tributária é, sem dúvida, uma das pautas mais relevantes e complexas da agenda nacional. Após décadas de discussão, a promulgação da Emenda Constitucional 132/2023 marca um novo capítulo para o sistema fiscal brasileiro. Com ela, abre-se a possibilidade de substituição de tributos como PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS por modelos mais modernos e abrangentes, como o IBS e a CBS. O objetivo é claro: reduzir distorções, aumentar a eficiência na arrecadação, simplificar o sistema e garantir mais transparência e equidade para empresas, governo e sociedade.
Contudo, estamos diante de uma reforma ainda em construção. Até o momento, os órgãos reguladores contábeis não se manifestaram sobre os impactos contábeis e regulatórios das mudanças propostas. Isso significa que, apesar da diretriz constitucional estar estabelecida, ainda há um grau elevado de incerteza quanto à interpretação e regulamentação da nova legislação. O desafio atual, portanto, é duplo: preparar-se de forma responsável e eficiente, mesmo diante de definições que ainda não estão completamente estabelecidas.
No Assaí, temos conduzido esse momento com visão estratégica e foco em antecipação. A preparação para a reforma passa, necessariamente, por dois pilares fundamentais: investimento em tecnologia e qualificação de pessoas. Estamos estruturando plataformas sistêmicas robustas, capazes de concentrar e organizar nosso banco de dados tributário e fiscal, de modo a permitir integração e agilidade na alimentação de sistemas futuros. A tecnologia, nesse contexto, não é apenas suporte: ela é o alicerce que nos permitirá simular cenários, tomar decisões com base em dados e garantir a conformidade com a nova legislação assim que ela estiver plenamente definida.
Ao lado da tecnologia, dedicamos atenção especial à formação e capacitação das nossas equipes. A reforma exigirá mais do que ajustes operacionais; ela demandará novas mentalidades, processos revistos e uma compreensão aprofundada das regras, especialmente ao pensar na operação de mais de 300 lojas, distribuídas em 24 estados e no Distrito Federal. A interpretação e a aplicação correta da nova legislação serão diferenciais importantes para garantir compliance, eficiência e competitividade.
Apesar da complexidade do momento, o potencial transformador da reforma é inegável. A unificação dos tributos federais, estaduais e municipais promete corrigir distorções históricas que, muitas vezes, influenciam a competitividade das empresas de acordo com sua localização geográfica ou estrutura fiscal.
É esse o cenário para o qual nos preparamos. A transição exigirá esforço, diálogo com os órgãos reguladores e ajustes contínuos. No Assaí, seguimos comprometidos com uma preparação sólida, responsável e alinhada aos nossos valores. Estamos prontos para contribuir com essa nova etapa da história tributária do Brasil e, acima de tudo, com um sistema que seja mais eficiente para todos e todas.
Artigo escrito por Marco Aurélio Bove, gerente de Contabilidade do Assaí Atacadista
