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Estratégia competitiva coloca pessoas no centro dos negócios 

Investimentos em liderança humanizada e clima organizacional sustentam longevidade das empresas 

O ambiente corporativo está cada vez mais dinâmico e competitivo, tornando-se imprescindível o investimento em diferenciais que sustentem o crescimento empresarial no longo prazo.  

Apostar e investir unicamente em soluções tecnológicas já não é mais um diferencial. A realidade digital e de inteligência artificial já faz parte da grande (se não absoluta) rede empresarial em nível global, devendo assumir um papel ainda mais relevante nos próximos anos. 

A criação de regramentos, normativas e diretrizes que regulamentam o tema reforça a necessidade de adequação e conformidade das empresas nesse sentido, a exemplo do AI Act, em vigor desde agosto de 2024 na União Europeia, e do PL 2338/2023, no Brasil, fazendo com que essa introdução à era digital deixe de ser um plus, passando, gradativamente, a ser um dever de qualquer organização empresarial. 

Nesse cenário, uma abordagem que vem ganhando destaque por sua capacidade de gerar valor real e consistente no entorno empresarial é colocar, de forma estratégica, as pessoas no centro do negócio.  

É um conceito que ultrapassa a visão tradicional (e um tanto quanto antiquada) sobre as relações de emprego e trabalho, usualmente com pilares pouco flexíveis quanto a hierarquia, flexibilidade e pertencimento. 

Ainda que o objetivo final de toda atividade empresária seja a geração de lucro e resultados, são as relações interpessoais (profissionais e muitas vezes pessoais) construídas nesse caminho que sustentam a longevidade empresarial no longo prazo.  

Incorporar essa mentalidade no mundo corporativo contribui para a construção de uma cultura organizacional muito positiva, que traz uma série de benefícios não apenas para os colaboradores, mas principalmente para a marca e a reputação da empresa, além de criar em futuros colaboradores, investidores, clientes e parceiros o desejo de fazer parte. 

O modelo afasta a gestão tradicional e engessada, com liderança verticalizada, para dar lugar a uma visão mais colaborativa, focada na valorização e desenvolvimento de soft skills, reforçando a ideia de pertencimento, que reflete diretamente na produtividade e, consequentemente, nos resultados. 

Outro ponto importante é a multidisciplinaridade. Criar uma equipe multidisciplinar, sem deixar de valorizar as especializações, habilidades e competências individuais, pode ser a chave para o sucesso do seu negócio. Pessoas que saem da zona de conforto e trabalham bem o coletivo entregam melhores resultados. 

Diversos movimentos globais corroboram essa mudança de mindset empresarial, convergindo para a centralidade do fator humano no mundo empresarial. 

O modelo híbrido não é apenas uma questão de logística, mas também de confiança e autonomia. Organizações que oferecem ambientes flexíveis colhem ganhos em produtividade, motivação e retenção de talentos.  

Investimentos em liderança humanizada e clima organizacional se traduzem em alta performance e redução de custos com rotatividade. 

. Integração de inteligência artificial e automação, quando bem utilizada, pode aumentar a eficiência, liberando tempo criativo. O segredo é utilizar estrategicamente a tecnologia a serviço da corporação. 

Práticas de ESG e governança corporativa refletem diretamente na reputação da marca e, portanto, na relação com investidores e acionistas. 

Nessa linha, estudos globais comprovam que os benefícios para empresas com forte cultura organizacional e práticas humanizadas são muito significativos, e indicadores produzidos pelas maiores empresas de consultoria do mundo apontam para a probabilidade de obtenção de desempenho financeiro duas vezes maior em relação a empresas com culturas organizacionais estáticas e ultrapassadas. Esses mesmos indicadores destacam ainda a incidência de percentuais consideravelmente menores de turnover e geração do desejo de pertencer, seja por atuais e/ou novos talentos, seja por investidores, que, para além de considerarem a maturidade organizacional, avaliam com bons olhos esse tipo de cultura organizacional, sob a perspectiva de gestão de riscos e potencial de retorno no longo prazo. 

Colocar pessoas no centro do negócio é uma estratégia competitiva que pode – e deve – coexistir com a ideia de investir com propósito e crescer com responsabilidade. 

Artigo escrito por Dra. Aline Ferreira Dantas, advogada internacional sócia líder unidade Madrid do escritório RONALDO MARTINS & Advogados 

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