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Liderança humanizada e o seu impacto no negócio 

Em um cenário marcado por rápidas transformações tecnológicas, mudanças de comportamento e uma nova geração mais conectada e imediatista, a liderança nos ambientes corporativos se encontra diante de um grande desafio: conduzir equipes de forma humanizada, promovendo engajamento, confiança e produtividade, sem perder o foco na inovação e na eficiência. Este foi o tema central de painel realizado durante o Congresso ANEFAC. 

Desde o início da pandemia, a necessidade de uma liderança que ouve e valoriza as pessoas ficou ainda mais evidente. Raul Corrêa da Silva, CEO da BDO, ressalta que o excesso de informações, a velocidade do mundo digital e o bombardeio de notificações criaram uma realidade na qual a atenção se dispersa facilmente. “Para liderar hoje, é preciso mais do que nunca se preocupar com o bem-estar da equipe, entender suas dificuldades e criar uma cultura de confiança, onde o indivíduo se sinta acolhido e motivado a contribuir”. Ele lembra que, na prática, isso significa criar canais de comunicação abertos, como reuniões frequentes de feedback, treinamentos de soft skills e ações que promovam o equilíbrio emocional. 

Ao compartilhar sua experiência com a mentoria reversa, uma prática na qual líderes têm a oportunidade de aprender com equipes mais jovens e diversificadas, Gisele Schneider, head de Controladoria do Grupo Fleury, reforça que a troca de experiências, a escuta ativa e o respeito às diferenças devem estar no centro do estilo de liderança. “A humanização vai além do discurso. É uma postura prática de respeito, empatia e acolhimento”. Para ela, os líderes devem estar atentos às mudanças culturais, ao burnout, à ansiedade crescente e às dificuldades de adaptação às novas dinâmicas de trabalho. 

Outro ponto importante, na visão de Antônio Carlos Garcia, CFO da Embraer, é a influência da digitalização na forma de liderar. Ele explica que embora a tecnologia seja uma grande aliada na produtividade, é fundamental que ela não substitua o contato humano. “A tecnologia nos ajuda a otimizar processos, mas não pode substituir a empatia, a atenção às emoções e às necessidades reais das pessoas”. Ele pontua a importância de criar ambientes que incentivem a comunicação presencial, mesmo que de forma híbrida, onde a liderança possa se aproximar de seus times e promover uma cultura de transparência. 

As plataformas digitais, como reuniões virtuais, chats e redes de relacionamento internas, segundo Gennaro Oddone, Presidente do Conselho de Administração da ANEFAC, facilitam o acompanhamento de times remotos, mas não substituem o impacto de uma conversa olho no olho. “O gestor precisa exercitar habilidades que envolvem escuta ativa, inteligência emocional e capacidade de motivar pelo exemplo, colocando as pessoas em primeiro lugar.” 

É consenso entre os especialistas que o líder de hoje deve assumir também o papel de “educador”, promovendo desenvolvimento pessoal e profissional, estimulando o protagonismo e estimulando a inovação. Isso inclui criar ambientes de segurança psicológica onde as pessoas se sintam à vontade para expressar opiniões, compartilhar ideias e aprender com os equívocos. Garcia cita que a prática do feedback contínuo e a valorização das pequenas vitórias são essenciais para fortalecer o vínculo entre líder e equipe. 

Além disso, é importante que os gestores tenham clareza e autonomia para tomar decisões, sem a necessidade de centralizar tudo em uma hierarquia rígida. Como aponta Schneider, proporcionar autonomia e espaço para que as equipes possam protagonizar suas ações aumenta o senso de pertencimento e responsabilidade, criando uma cultura de confiança mútua. 

Segundo Corrêa, um dos maiores desafios é equilibrar a produtividade com o bem-estar. Como lidar com a pressão por resultados em um ambiente que exige cada vez mais agilidade e inovação, sem perder de vista as pessoas? A resposta, na visão dele, está na construção de uma cultura organizacional que valorize o equilíbrio, a saúde emocional e a diversidade. Programas de apoio psicológico, ações de integração e políticas de flexibilidade, como o trabalho híbrido, são exemplos de medidas que favorecem um ambiente humanizado. 

Por outro lado, a tecnologia e a inovação também representam oportunidades de engajamento e desenvolvimento. Ferramentas de comunicação assertiva, plataformas de feedback contínuo e treinamentos de soft skills permitem que líderes e equipes façam uma gestão mais próxima, empática e efetiva. Assim, a liderança humanizada surge não apenas como uma tendência, mas como uma necessidade imperativa para que as organizações se mantenham competitivas, inovadoras e humanas em um mundo de rápidas mudanças. 

Para Oddone, a verdadeira liderança atualmente é aquela que consegue equilibrar o avanço tecnológico com a atenção às pessoas. Liderar com empatia, escuta ativa, transparência e respeito às diferenças torna-se o grande diferencial na construção de equipes mais motivadas, engajadas e resilientes. Além disso, essa abordagem fomenta uma cultura organizacional mais saudável e sustentável, capaz de enfrentar crises e mudanças com maior criatividade e confiança. 

Ao adotar a liderança humanizada, as empresas não apenas potencializam seus resultados, mas também contribuem para a construção de ambientes de trabalho mais inclusivos, éticos e responsáveis. Nesse cenário, o líder deixa de ser apenas gestor para se tornar um verdadeiro agente de transformação, capaz de inspirar e construir um futuro mais humano, equilibrado e próspero para todos. 

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