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As novas configurações nas relações de trabalho na era digital destacam liderança e humanização 

A transformação digital vem reformulando drasticamente as relações de trabalho, desafiando lideranças e profissionais a se reinventarem diante de um cenário em rápida evolução. Essa temática foi discutida no Congresso ANEFAC 2025 e trouxe os principais impactos dessa mudança, destacando tanto os obstáculos quanto as oportunidades que esse novo ambiente traz. 

Guilherme Cavalieri, conselheiro da ABRHSP, destaca a complexidade do tema. Enquanto, Leandra Zamboni, psicóloga e especialista em transformação de pessoas e organizações, reconhece que as relações de trabalho mudaram bastante nos últimos anos, principalmente com a digitalização acelerada. Ela ressaltou a necessidade de uma postura mais autônoma por parte do profissional, que deve aprender a lidar com a insegurança, aceitar o erro como parte do processo de inovação e desenvolver uma gestão de si mesmo. “Nós trabalhamos bastante para aceitar o erro, transformar o erro em aprendizado, mesmo na controladoria ou contabilidade, onde não podemos permitir erro. Essa fase de transformação exige uma nova postura do ser humano frente às máquinas”. 

Ela também ressalta o papel da liderança emocional, a importância de criar ambientes de trabalho seguros psicologicamente, e de estabelecer relações de confiança. Segundo ela, a baixa produtividade do Brasil, em comparação com países como os Estados Unidos, é reflexo, em parte, desse déficit na relação de confiança e na cultura de segurança psicológica nas organizações. 

Por outro lado, Graziele Rossato, CEO da Via Flow e head de Tecnologia da ANEFAC, reforça que a liderança deve atuar como facilitadora, promovendo ambientes mais acolhedores e menos controladores. “Hoje, a gente precisa de confiança, de um ambiente onde as pessoas possam errar, aprender e evoluir”, afirma. Ela cita que a postura do líder deve ser de escuta ativa, promovendo o autoconhecimento e a auto-organização das equipes e, ainda, exemplifica que a tecnologia, por si só, não resolve tudo — o diferencial está na forma como as lideranças treinam suas equipes e criam cultura de inovação. “A tecnologia exige uma postura de humildade, de aprender a cada dia, de dar palco para os colaboradores e de reconhecer que todos estão em processo de aprendizado contínuo”. 

Para ela, é fundamental que os líderes saiam do controle excessivo e confiem mais na autonomia de suas equipes. A autogestão, aliada à responsabilização individual, é uma das grandes tendências para o futuro do trabalho. “Quando damos às pessoas o entendimento de que elas são responsáveis pela própria carreira, criamos profissionais mais engajados, confiantes e preparados para se adaptar às mudanças”. Ela reforça ainda que a transformação digital exige uma mudança de mindset. Empreender dentro das empresas, inovar e liderar iniciativas são atitudes essenciais para que todos possam contribuir de forma mais proativa e criativa. “O maior desafio da tecnologia hoje é o mindset – entender que somos todos protagonistas da nossa própria transformação”. 

Saúde mental e segurança psicológica 

Um dos temas mais desafiadores da atualidade na visão dos especialistas é a saúde mental no contexto do trabalho digital. Zamboni relembra a obrigatoriedade da NR 1, que passou a responsabilizar gestores por promoverem ambientes seguros emocionalmente. “A segurança psicológica é responsabilidade de todos, e ela se constrói com comunicação clara, acolhimento e empatia”. 

Rossato reforça que muitas dessas questões estão relacionadas ao nível de autoconhecimento e autorresponsabilidade. “Hoje, a nossa carreira é nossa responsabilidade. Se deixamos o ponto de equilíbrio se perder, podemos criar empresas doentes ou ambientes tóxicos. É preciso cuidar da saúde mental, prevenir o burnout e promover o bem-estar”, diz. Ela também pontua a importância de exercitar a resiliência e de estar preparado para lidar com as próprias emoções, especialmente diante de um cenário de alta ansiedade e incerteza causadas pela transformação digital acelerada. 

Desafios da força de trabalho e questões geracionais 

A questão do envelhecimento da força de trabalho, o impacto da geração Z e as novas formas de contratação, como o trabalho por PJ também são pontuados pelos especialistas. Leandra alerta que o futuro exigirá que as pessoas desenvolvam habilidades de autorresponsabilidade e gestão emocional para sobreviver às mudanças rápidas. “Estamos diante de uma realidade onde profissões terão vida curta, e precisamos preparar as próximas gerações para essa dinâmica”. 

Ela também chama atenção sobre a necessidade de proteger esses profissionais, oferecendo uma rede de suporte e promovendo educação financeira, que ela considera fundamental. “Se não ensinarmos às pessoas a lidarem com o dinheiro, elas terão dificuldades na aposentadoria, especialmente os jovens que trabalham no formato PJ sem garantias tradicionais”. 

Apesar de todos os desafios, Cavalieri pondera que é consenso que a adaptabilidade, a empatia, a educação contínua e a capacidade de liderar com autenticidade serão os fatores-chave para que profissionais e empresas prosperem nesse novo cenário. 

Zamboni finaliza dizendo que, mesmo diante de uma transformação tecnológica que avança rapidamente, a essência do trabalho – a conexão humana – permanece fundamental. “Nunca podemos perder nossa humanidade. Afinal, a soma de tecnologia e sensibilidade será o caminho para criar ambientes de trabalho mais justos, motivadores e sustentáveis”. 

Conteúdo completo no link abaixo 

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