Com o avanço acelerado da digitalização no mundo corporativo, surgiram nos anos recentes novos desafios e oportunidades para os colaboradores das companhias. Notadamente, na área de contabilidade, estão em curso muitas transformações na atuação dos profissionais.
A incorporação de novas tecnologias, especialmente a inteligência artificial (IA), tem reconfigurado o cenário da contabilidade. Esse avanço não apenas desafia processos e práticas tradicionais, como também levanta uma questão central: como as funções contábeis serão transformadas no futuro próximo?
Essa transição digital exige mais do que adaptação técnica: requer uma mudança de mentalidade — e é nesse ponto que a liderança exerce um papel decisivo. Os líderes contábeis são chamados a não apenas adotar novas ferramentas, mas a guiar suas equipes por um caminho de transformação contínua, construindo uma cultura que favoreça o aprendizado, a inovação e a colaboração. Somos líderes de uma nova era na contabilidade.
Vale ressaltar também uma das premissas da transformação digital. Em primeiro lugar, é preciso sermos menos reativos como profissionais de contabilidade. Devemos incorporar as mudanças, como os benefícios trazidos pela automação e pela IA, às nossas atividades diárias.
É claro que podem surgir obstáculos à inovação, assim como a adaptação às novas tecnologias gera ansiedade entre os colaboradores. Contudo, uma liderança humanizada dá suporte à equipe de contadores para superar as resistências.
Essa liderança deve ter a capacidade de enfatizar o protagonismo dos contadores no processo de digitalização. Os profissionais da área devem ser colocados em destaque, uma vez que são o pilar de sustentação e desenvolvimento da aplicação da nova tecnologia. Evidentemente, aqueles que não se capacitarem serão mais impactados pelas mudanças, perdendo oportunidades que surgem a partir do uso da IA.
Um aspecto essencial que cabe à liderança humanizada desenvolver, em tempos de acelerada digitalização, é promover a confiança e a motivação das equipes. Não é suficiente apenas agregar conhecimento e capacitar o contador nas novas tecnologias. É necessário equilibrar incentivos à inovação com uma comunicação mais próxima em um ambiente acolhedor, além do desenvolvimento das pessoas e de suas competências.
Em ambientes altamente tecnológicos, valorizar o humano e fortalecer o relacionamento com as equipes é fundamental para a adaptação às mudanças. Assim, cria-se um ambiente de trabalho mais inovador, saudável e com ganhos de produtividade.
Contador é um ‘arquiteto geral’, não só executor de tarefas
Nesse novo ambiente de trabalho, o profissional de contabilidade está se tornando, atualmente, muito mais um “arquiteto geral” e, em menor proporção, um executor de tarefas. Ou seja, com a sua expertise, ele passa a definir as regras, os parâmetros, para a execução dos processos contábeis, emergindo assim o papel do Arquiteto Contábil.
Na Wilson Sons, o uso responsável da inteligência artificial tem sido incentivado e orientado pelos principais executivos da companhia. Por meio de programas e treinamentos estruturados, a empresa promove o aculturamento das equipes e assegura uma adoção consciente e estratégica da nova tecnologia. A iniciativa visa não apenas explorar o potencial da IA, mas também aplicar seus recursos de forma a gerar valor real às atividades, sempre com foco na integridade dos dados, na segurança da informação e na entrega de benefícios concretos para os clientes e para a organização.
Em um cenário de transformação acelerada, a liderança humanizada torna-se um diferencial essencial para orientar as equipes contábeis na jornada digital. Mais do que executar rotinas, o contador moderno assume o papel de Arquiteto Contábil — aquele que desenha processos, conecta sistemas e direciona a evolução da área com inteligência e visão analítica. Esse novo perfil profissional traduz uma realidade incontornável: o futuro da contabilidade é humano, tecnológico e profundamente transformador.
Artigo escrito por Eduardo Freitas, que é gerente de Controladoria da Wilson Sons
