No cenário atual do setor de Tax, caracterizado por rápidas mudanças tecnológicas e ambientes de trabalho cada vez mais digitais, a liderança desempenha um papel fundamental na condução de equipes de alta performance. Thiago Rodrigues, gerente tributário na Edenred, destaca a importância do gestor na inspiração e na criação de um ambiente de trabalho saudável, afirmando: “Nos modelos contemporâneos de Tax, com contínuas mudanças, seja no papel legal e/ou de novas tecnologias, o gestor tem papel crucial na inspiração, ambiente de trabalho e direção destas equipes.”
Ele reforça que essa inspiração é profunda e passa por uma postura de liderança que acredita em novas formas de agir, pensar, atuar, aplicar ideias e transformar o ambiente, incluindo o trabalho em equipe (sem demagogia), gerando engajamento e inspiração. “Manter a direção das equipes alinhada aos interesses da companhia depende de boa comunicação com sinceridade e clareza do gestor, isso porque resultados palpáveis e alinhados aos resultados da organização gerará um ciclo positivo de resultados.”
Por sua vez, Cinthia Possatto, gerente da Porto Seguro, enxerga seu papel como um catalisador que cria um ambiente de autonomia e colaboração: “Em uma área tão dinâmica e em constante evolução como a tributária, e com a digitalização cada vez mais presente, enxergo que a liderança deve atuar como um catalisador e um facilitador. Meu papel principal é criar um ambiente que estimule a autonomia, a colaboração, a inovação e a busca de atualização e conhecimento contínuo.” Ela detalha suas ações concretas:
Definir uma visão clara e objetivos concretos: Assegurar que todos compreendam o propósito do nosso trabalho e como ele se alinha aos objetivos estratégicos da organização.
Proporcionar capacitação e desenvolvimento: Investir no desenvolvimento das habilidades técnicas e comportamentais da equipe, incentivando a busca por conhecimento e a adaptação a novas tecnologias.
Criar um ambiente seguro para experimentação: Em um ambiente dinâmico como o da área tributária, é crucial que a equipe tenha autonomia e se sinta à vontade para testar novas abordagens, aprender com os erros e melhorar rapidamente.
Fomentar a cultura de feedback: Estabelecer canais abertos e transparentes para trocas e feedback, tanto individual quanto coletivo, promovendo o crescimento contínuo e a melhoria de processos.
Ser um modelo de adaptabilidade: Liderar pelo exemplo, demonstrando flexibilidade e resiliência diante das mudanças, e incentivando a equipe a fazer o mesmo.
Quando o assunto é comunicação, Rodrigues ressalta a necessidade de clareza: “Comunicação clara, direta e transparente sobre expectativas e trabalhos realizados, unidos a fatores de reconhecimento e/ou feedback constantes, auxiliam no alinhamento entre gestor e colaborador.”
Possatto define claramente os objetivos, prazos e responsabilidades, evitando ambiguidades que podem surgir na comunicação à distância e mantém sempre a equipe informada sobre as decisões e os desafios da empresa. Além disso, reforça a importância da transparência e do reconhecimento diante do trabalho remoto:
Comunicação assíncrona eficaz: Ser assertivo na escolha do canal e ferramenta (áudio, texto ou vídeo) dependendo do recado que quer passar, de forma que seja claro e conciso. Certos assuntos podem não ficar tão claros ou não ter o mesmo impacto se apenas escritos.
Transparência e clareza nas expectativas e informações: Defino claramente os objetivos, prazos e responsabilidades, evitando ambiguidades que podem surgir na comunicação à distância e mantenho sempre a equipe informada sobre as decisões e os desafios da empresa.
Reconhecimento, celebração e inclusão: Em um contexto digital, é fácil que as conquistas passem despercebidas e é importante criar oportunidades para reconhecer publicamente o esforço e os resultados da equipe, seja em reuniões virtuais, comunicados internos ou mensagens personalizadas. Também é importante criar rituais para que as pessoas saibam que estão sendo vistas e lembradas mesmo à distância. Nesse sentido, uma das coisas que pratico e gosto muito é enviar um “Sextou” no final de toda sexta e desejar a todos um ótimo final de semana, e, nas raras vezes em que esqueço, ouço o pessoal comentar que sentiram falta.
Para Rodrigues, a tecnologia deve ser usada de maneira estratégica para manter esse alinhamento, apesar dos desafios presentes, especialmente na aplicação de novas ferramentas diante das rápidas mudanças. “Os principais desafios estão voltados aos filtros de aplicabilidade tecnológica, ou seja, em um cenário que apresenta uma nova tecnologia ao dia, saber determinar o custo-benefício da aplicação definirá os ganhos e otimizações reais na área, ou culminará em perda de tempo e dinheiro, com a consequente perda de engajamento.”
Em termos de desafios, Possatto aponta os atuais do setor: “As constantes mudanças e transformações na área tributária, aliadas às rápidas mudanças tecnológicas, acentuam alguns desafios importantes.” Entre eles, ela cita:
Aceleração da complexidade e volume de dados: A digitalização das obrigações fiscais e a crescente quantidade de dados disponíveis exigem que os profissionais de Tax não apenas compreendam a legislação, mas também sejam capazes de analisar e interpretar grandes volumes de informações de forma eficiente.
Atualização e aprendizado constante: A facilidade atual da automação de tarefas repetitivas acentua a demanda por profissionais que, além de conhecimento técnico tributário, tenham habilidades para atualização contínua, análise de dados, tecnologia e gerenciamento de projetos. O grande desafio é garantir que as equipes estejam preparadas para essas novas funções, investindo em treinamento e estimulando o desenvolvimento contínuo.
Integração de sistemas, automação e segurança da informação: À medida que os processos tributários se tornam digitais, é cada vez mais crucial nos beneficiarmos da robotização e automação, garantindo que esses sistemas sejam robustos, integrados e seguros, formando um ecossistema tributário saudável e não uma “colcha de retalhos”.
Gerenciamento da mudança e resistência à tecnologia: Embora a tecnologia ofereça inúmeros benefícios, a implementação de novas ferramentas e novos processos pode gerar resistência na equipe. O desafio é liderar essa mudança de forma eficaz, demonstrando o valor das inovações e a importância de estarem capacitados para adotá-las.
Sobre o desenvolvimento de talentos, Rodrigues acredita que a liderança deve incentivar a aprendizagem contínua: “Treinamentos e discussões constantes, sempre em ambiente seguro, direcionando os talentos a identificar e absorver melhores práticas e perfis, são ações positivas. Entretanto, a liderança contribuirá ainda mais se evitar a centralização destas discussões e incentivar as discussões internas e ambientes de aprendizado independente.”
Enquanto isso, Possatto menciona o papel da liderança na inovação: “Criar um ambiente seguro para a experimentação, incentivar a multidisciplinaridade, delegar desafios e responsabilidades, reconhecer as inovações e fomentar a cultura de ‘donos’ são pontos essenciais”, evidenciando pontos como:
Incentivar a mentalidade de aprendizado contínuo e promover a multidisciplinaridade: Em um campo onde as leis e as ferramentas mudam rapidamente, a liderança deve inspirar a busca incessante por conhecimento. Isso inclui incentivar a participação em cursos, workshops e conferências, além de estimular a troca de conhecimento interna e multidisciplinar com interface com áreas como tecnologia, dados e negócios.
Criar um ambiente seguro para a experimentação: Em um ambiente dinâmico como o da área tributária, é crucial que a equipe tenha autonomia e se sinta à vontade para testar novas abordagens, aprender com os erros e melhorar rapidamente.
Delegar desafios e responsabilidades: Para desenvolver talentos, é fundamental atribuir projetos desafiadores que permitam aos membros da equipe expandir suas habilidades e assumir maior protagonismo. A liderança deve oferecer suporte e mentoria, mas também dar espaço para que a equipe encontre suas próprias soluções.
Reconhecer e celebrar a inovação e entregas: Celebrar as ideias inovadoras, as soluções criativas e as entregas são fundamentais para manter a motivação e estimular o espírito de inovação.
Fomentar a cultura de “dono”: Estimular a equipe a pensar como “donos” dentro da organização, para que possam ir além da rotina de cumprir prazos e entregar obrigações, de forma que identifiquem problemas e proponham soluções que gerem valor para a empresa e para os clientes.
Cinthia Possatto, gerente da Porto Seguro
