Previous
Next

Desafios e tendências 2025: como as empresas brasileiras estão atuando para gerar valor em meio à falta de previsibilidade 

Navegando em um mar de muita imprevisibilidade, com aumento das taxas de juros, inflação acima da meta e um cenário econômico global afetado pela instabilidade geopolítica, as empresas brasileiras seguem com velocidade reduzida, focando em seus processos internos para gerar valor. É o que aponta o recorte nacional da edição 2025 da pesquisa Desafios e Tendências das Empresas, produzida pela EY, que ouviu 207 líderes e CEOs no Brasil.  

Sem surpresa, e com preocupações muito similares às registradas na pesquisa de 2024, a falta de previsibilidade de crescimento de receita provoca uma desaceleração. Nesse sentido, a melhoria das operações, o aumento da produtividade e a redução de custos (34%) seguem sendo imperativos para as organizações mirando os próximos três anos.  

Além disso, os entrevistados listam como principais desafios internos o crescimento de participação de mercado (30%) e de incorporação de novas tecnologias e transformação digital (26%).  

Olhando para os desafios 

Pela ótica dos líderes brasileiros, a enorme falta de previsibilidade traz impactos diretos em investimentos e a grande dúvida: para onde se voltar para conseguir gerar valor? A resposta está nos processos internos, no que é possível controlar, já que o restante das variáveis está muito volátil.  

Nesse sentido, o que é possível fazer no curto prazo para atender expectativas dos acionistas é justamente trabalhar fortemente em melhorias operacionais internas. O foco se divide entre melhoria da produtividade de pessoal (59%) e redução de custos como um todo, incluindo otimização de recursos e gestão de fornecedores (44%). 

Na falta de previsão futura, a liquidez ganha prioridade na agenda dos executivos – o tema subiu seis posições do ano passado para esse. Já o lançamento de novos produtos e serviços caiu quatro posições, sinalizando uma diminuição no investimento, controle do caixa e ajuste da agenda de inovação para direcioná-lo para produtividade e eficiência. 

Em relação às estratégias de transformação de negócio, o grande dilema continua sendo a necessidade de equilibrar a visão de longo prazo com a situação e necessidades atuais da empresa (69%). 

E aqui há um ponto crucial que é a necessidade de se ajustar às mudanças de perfil de consumo e de comportamento de cliente. Por mais que a escolha seja no foco em fluxo de caixa e na eficiência interna, é fundamental manter o radar ativo e atento ao mercado que está em constante transformação e direcionar algum investimento para acompanhar essas mudanças – que podem ser desde a entrada de um novo competidor no mercado, até alguma obsolescência que mude o comportamento do cliente.   

Os executivos brasileiros estão realmente atentos a esse ponto. Quando questionados sobre os desafios externos, a maior insegurança se dá em relação à entrada de novos competidores no mercado, tanto globais quanto domésticos. Uma preocupação válida dada a atratividade que o tamanho do mercado consumidor Brasileiro representa para empresas estrangeiras. 

Em relação ao crescimento de participação de mercado, 68% dos entrevistados consideraram como prioridade identificar oportunidades, priorizá-las e construir uma estratégia para atacá-las. Em seguida, com 49% vem o desenvolvimento de novos produtos e serviços.  

Como era de se esperar, em um cenário de incertezas globais e taxas de juros elevadas, as alianças, fusões e aquisições aparecem como prioridade apenas para 19% dos líderes, caindo uma posição em relação ao ano passado.  

Papel da inovação 

Não tem como falar de tendência sem olhar para a tecnologia, a grande aposta para conquistar produtividade, eficiência e melhoria de resultado. Mais uma vez, a pauta aparece como prioridade na pesquisa e apresenta como principais desafios a definição de uma estratégia, priorização de iniciativas e planos de transformação digital com objetivos claros e mensuráveis.  

A melhora da experiência do cliente por meio de ferramentas e canais digitais foi um dos temas que mais ganharam relevância em relação aos resultados da pesquisa anterior. Ainda olhando para os resultados de 2024, nota-se apenas algumas mudanças nas posições das ferramentas almejadas.  

Analytics e big data perderam um pouco da relevância (de 91% para 78%), o que não significa que sejam ferramentas ultrapassadas, mas o avanço da inteligência artificial e, principalmente, da inteligência artificial generativa (saltando de 56% para 78% esse ano) se reflete aqui.  

Porém, é preciso se atentar à questão da velocidade da evolução da tecnologia e os desafios das organizações acompanharem essa corrida, extraindo valor e gerando eficiência e performance. A questão-chave é que, muitas vezes, as inovações evoluem mais rapidamente do que a capacidade de incorporá-las nos modelos de negócio.  

Nesse sentido, vemos muitas empresas tentando implementar as tecnologias de maneira substancial para obter resultados, ao passo que há muita coisa nova chegando. É preciso parar e se questionar: quão preparado eu estou para absorver essas mudanças? Mais do que isso: quais delas fazem sentido, e quais o meu negócio precisa realmente incorporar?  

No meio dessa corrida, é fundamental ter clareza de que cada empresa deve conhecer o perfil de seus clientes e os benefícios reais que os investimentos em inovação trarão no final do dia. Porque não é sobre ser mais tecnológico, mas sobre o quanto de valor as ferramentas vão permitir extrair. E isso é absolutamente variável. Afinal, trata-se de uma estratégia de transformação de negócio.   

Vale frisar que as tendências globais são ferramentas importantes para compreender o cenário, gerar debates e balizar os caminhos, entretanto, é fundamental analisar se elas se traduzem para o negócio e seus clientes de forma individual. Por isso, a EY trabalha com foco em cada cliente, estudando, entendendo as dinâmicas, fazendo análises detalhadas e robustas fundamentadas em dados, traçando estratégias que realmente façam sentido para cada perfil e apoiando na implementação. 

Gerar valor em meio à incerteza requer mais do que cautela – exige precisão. O cenário atual desafia as empresas brasileiras a equilibrarem visão de longo prazo com decisões de curto prazo, sempre com um olhar pragmático sobre o que realmente faz sentido para os clientes. Na corrida pela produtividade e eficiência, sai na frente quem conhece suas fortalezas, domina seus processos e investe com propósito, e não por impulso. 

Artigo escrito por  Victor Guelman, sócio-líder de Consulting da EY Brasil e Fabio Schmitt, líder de Strategy & Execution para o Brasil. 

 

Victor Guelman, sócio-líder de Consulting da EY Brasil
Fabio Schmitt, líder de Strategy & Execution para o Brasil da EY

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *