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Os grandes desafios das empresas brasileiras com a Reforma Tributária e o Tarifaço 

Se existe uma palavra que define o atual momento do mercado corporativo brasileiro, ela é transição. De um lado, a tão aguardada Reforma Tributária promete simplificar o sistema e trazer mais racionalidade para o ambiente de negócios. Do outro, o chamado “Tarifaço”, que pressiona custos e certamente começará a afetar os resultados financeiros das empresas e os bolsos dos consumidores. Juntos, esses dois fatores formam um cenário desafiador que pede não apenas boa gestão, mas principalmente liderança estratégica vinda da área financeira/contábil/fiscal/tributária das empresas. 

A Reforma Tributária, sem dúvida, é um marco histórico. Mas, para quem atua na prática, a sensação é de que os próximos anos serão de muito trabalho e adaptação. Sistemas precisarão ser atualizados, os fluxos de caixa terão que ser revisitados, contratos revistos e a rotina fiscal das empresas terá de ser reorganizada. A transição do modelo atual para o IVA dual não será simples. No curto prazo, a carga de compliance tende a aumentar e o risco de falhas, multas e litígios acompanha essa tendência. 

Profissionalmente, para essas áreas envolvidas com TAX, há um ponto pouco comentado e extremamente relevante. Com a Reforma, o conhecimento acumulado ao longo de décadas sobre o sistema tributário brasileiro será, em grande medida, “zerado” e igualado entre todos os profissionais das áreas tributária, fiscal e contábil. Em outras palavras, todo mundo vai começar praticamente do mesmo ponto de partida. Isso abre uma oportunidade única para quem estiver disposto a aprender rápido, atualizar-se e oferecer soluções consistentes. Operadores do Direito Tributário e Profissionais de Contabilidade e Finanças que conseguirem se destacar nesse novo cenário serão protagonistas em suas organizações e altamente disputados no mercado. 

Ao mesmo tempo, o Tarifaço impõe um outro choque de realidade. Apesar do custo adicional não ser pago diretamente pelos brasileiros, o Tarifaço torna os produtos listados muito pouco atrativos para os norte-americanos, fazendo com que os importadores nos EUA substituam os produtos brasileiros por mercadorias de outros países. Assim, as empresas produtoras e exportadoras dos itens listados serão grave e diretamente afetadas e, indiretamente, toda uma cadeia de produção e logística. Assim, o planejamento das empresas que parecia sólido em 2025 pode simplesmente não se sustentar a partir de 2026. E é nesse ponto que entra o papel da informação e do conhecimento para se executar a liderança estratégica. Mais do que cortar custos ou buscar soluções emergenciais, trata-se de olhar adiante. Empresas precisarão investir em eficiência operacional, reavaliar a logística, repensar suas cadeias de suprimento e, sobretudo, se comunicar de forma transparente com clientes, investidores e colaboradores. A confiança do mercado não se conquista apenas com números, mas com clareza sobre como a empresa pretende atravessar momentos turbulentos. 

O fato é que estamos diante de um “novo jogo”. A Reforma Tributária redefine as regras fiscais e o Tarifaço mexe diretamente nas engrenagens do custo operacional. Quem encarar essas mudanças apenas como obstáculos corre o risco de ficar para trás. Mas quem enxergar oportunidades, seja para redesenhar processos internos, seja para se posicionar como especialista nesse novo ambiente, poderá sair muito mais forte. 

No fim das contas, o futuro do mercado corporativo brasileiro dependerá da nossa capacidade de aprender rápido, nos adaptar e liderar em meio à incerteza. Afinal, crises e reformas sempre existirão. A diferença está em como cada líder decide reagir: esperando pelo “cenário ideal” ou transformando o desafio em oportunidade. 

Artigo escrito por Paschoal Naddeo, que é sócio da Busca.Legal 

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