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Desafios e oportunidades no mercado de carbono: o papel crucial das empresas e a importância da regulamentação 

O momento atual exige que a sociedade global crie mecanismos eficazes para combater as mudanças climáticas. Segundo o palestrante no painel Mercado de Crédito de Carbono: ativos ambientais tokenizados, contribuindo para alcançar os objetivos de sustentabilidade do Congresso ANEFAC 2023, Julio Natalense, gerente de negócios de carbono da Suzano, é preciso estabelecer metas mais ambiciosas, como antecipar a neutralidade de emissões líquidas de gases de efeito estufa. Para isso, é crucial o engajamento do setor privado, trabalhando em conjunto com os governos para buscar um acordo sobre mercados globais regulados de carbono, vinculados ao Acordo de Paris.  

No Brasil, o governo emitiu o Decreto 11.075/2022, que estabelece os parâmetros iniciais para a regulamentação do mercado de carbono, incluindo planos setoriais de redução e a criação do Sistema Nacional de Redução de Gases de Efeito Estufa (SINARE). Para que um projeto possa gerar créditos comercializáveis no mercado de carbono, é essencial ter metodologias que determinem a elegibilidade do projeto e critérios de qualidade, como a comprovação da adicionalidade da atividade, além de etapas de medição, relatório e verificação.  

O objetivo, para Natalense, é garantir que os benefícios proporcionados pela atividade realmente tenham um impacto significativo nos aspectos ambientais, econômico-financeiros e de implementação. “O mercado de carbono abrange apenas 21% das emissões de gases de efeito estufa globalmente, incluindo a China, que entrou em 2021 com 8% das emissões controladas. Por essa razão, existe o mercado voluntário, onde empresas que desejam demonstrar ações climáticas e contribuir efetivamente para o controle da temperatura estabelecem suas metas de descarbonização. É assim que surgem as metas de NetZero ou metas dos países. O mercado regulado tem mostrado crescimento.”  

No contexto brasileiro, o crédito de carbono pode ser considerado um ativo ambiental e financeiro, sendo necessário o tratamento contábil adequado e sua inclusão nos relatórios administrativos das empresas, principalmente no balanço. Essa iniciativa surgiu de regulamentações diplomáticas há aproximadamente 20 anos, quando alguns países necessitavam reduzir suas emissões de carbono enquanto outros não, resultando na criação de um sistema de trocas. Após o Acordo de Paris, ficou estabelecido que todos os países devem reduzir suas emissões de carbono. 

Na percepção de Marco Fujihara, sócio fundador da Infrapar e palestrante no Congresso ANEFAC 2023, considerando a perspectiva macroeconômica, existem dois mecanismos para alcançar essa redução: a criação de um sistema de comércio (Trade) ou a implementação de um imposto (Tax). Alguns países preferem um desses mecanismos, e o Brasil optou pelo comércio de créditos (Capital Trade). “O mercado de carbono é uma realidade e precisa ser compreendido como uma transação econômica.” 

Enquanto Fabio Machado, CRO da Bluebel, avalia que um dos maiores desafios do mercado de carbono no Brasil é a falta de compreensão sobre o assunto, bem como a necessidade de levar projetos até o fim, dentro do prazo e com custo satisfatório, para que possam se transformar em recursos financeiros no futuro. Ele destaca que é importante considerar não apenas o projeto em si, mas também todos os envolvidos nele, como evitar depender do desmatamento e de práticas extrativistas que empobrecem o solo. “Se não for possível abordar essas questões, não adianta apenas focar na árvore em si.” 

De acordo com Machado, uma das razões pelas quais as empresas não investem em projetos de carbono é o fato de que esses projetos exigem tempo e investimentos significativos. Ele destaca a falta de confiança das grandes empresas nesses projetos como um grande obstáculo, principalmente devido à falta de credibilidade. Se uma empresa investe 50 milhões de dólares em um crédito de carbono que não é confiável, isso pode resultar em perdas financeiras e prejudicar sua imagem. Essa falta de confiança acaba gerando um represamento de investimentos no setor.     

Confira o conteúdo na íntegra: 

Marco Fujihara, sócio fundador da Infrapar, Julio Natalense, gerente de negócios de carbono da Suzano, e Fabio Machado, CRO da Bluebel

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