Em meio à revolução tecnológica que impacta o cenário global, o ecossistema de startups no Brasil e em todo o mundo está em constante crescimento. Nos últimos anos, esse setor tem amadurecido consideravelmente, mas para continuar seu desenvolvimento, alguns fatores se destacam como fundamentais. Educação, democratização do investimento em startups e o apoio prático e estratégico oferecido pelos investidores se tornam peças-chave. O cenário das startups brasileiras é um ambiente em constante evolução, repleto de oportunidades e desafios que moldam a narrativa do empreendedorismo moderno. Com o objetivo de abordar as formas de investir em uma startup, a ANEFAC realizou um evento no dia 5 de setembro em São Paulo.
Segundo Matheus Zanini, analista de investimentos na Bossanova Investimentos e palestrante no evento, é necessário reconhecer o progresso recente, impulsionado pelo avanço tecnológico no Brasil. Ele destaca o papel desempenhado por iniciativas como a Bossanova no apoio a startups e clubes de negócios, que têm contribuído para promover o desenvolvimento tecnológico no país. “Esse progresso ocorre em um ritmo moderado devido à necessidade contínua de desenvolver tecnologia. O mercado de startups no Brasil, embora exista há cerca de duas décadas, ganhou verdadeira tração nos últimos dez a doze anos”.
O setor de startups no Brasil ainda precisa amadurecer, mas há um horizonte de crescimento nos próximos anos, impulsionado pelo constante avanço tecnológico. Zanini avalia se um maior investimento em startups de tecnologia pode impulsionar ainda mais o desenvolvimento desse ecossistema, reconhecendo que essa é uma percepção empírica. Para ele, o financiamento é essencial para o progresso tecnológico, e o investimento de risco desempenha um papel crucial nesse cenário.
Já Fernanda Torres, RI da Bossanova Investimentos, é importante democratizar o investimento em startups e educar as pessoas sobre como investir nesse setor, mencionando o exemplo da XP, que educou o mercado financeiro. “Seguimos uma abordagem semelhante, fornecendo informações através do portal Startupi e iniciativas como podcasts. O investimento em startups é acessível a todos e incentiva a diversificação de carteira. É crucial ter uma parcela em diversos ativos, evitando concentrar todas as apostas em um único lugar”.
O setor de startups desempenha um papel relevante na nova economia. Torres cita como exemplo o fato de que, atualmente, o ativo mais utilizado é o celular, no qual quase todos os serviços provêm de startups ou já fizeram parte desse ecossistema. Dentro do celular, encontramos aplicativos bancários, que podem ser de startups adquiridas. Além disso, diversas startups, abrangendo desde aquelas focadas em segurança até aquelas especializadas em inteligência artificial. “Esse movimento da nova economia busca proporcionar à população brasileira maior acesso e conhecimento nesse cenário em constante evolução”.
Por outro lado, Anna Prost, CEO da startup Zeno Gestão da Experiência Jurídica e palestrante no evento, destaca que as startups enfrentam muitos desafios, mas é crucial lembrar-se da constante validação e da necessidade contínua de revisar o modelo de negócios. Segundo ela, não se deve apegar rigidamente à ideia inicial, já que a evolução é comum no mundo das startups. “As startups devem se apaixonar pelo problema que estão resolvendo em vez de se prenderem à solução inicial, pois esta pode evoluir ao longo da jornada empreendedora. É importante saber tomar decisões difíceis”.
Desta forma, Prost pontua que os investidores devem desempenhar um papel ativo, indo além do financiamento. Se envolverem no crescimento do negócio, oferecendo apoio prático, conselhos e conexões valiosas. Ela destaca que, como empreendedora, recebeu orientações de muitas pessoas e acredita que investidores engajados podem fazer a diferença no sucesso de uma startup.
Por fim, Graziele Rossato, CEO e fundadora da ViaFlow, compartilhando sua abordagem ao investimento como empreendedora, enfatiza a importância de reduzir o risco ao investir em startups e buscar alternativas de empresas que prestam serviços para empreendedores que não têm tempo para avaliar várias startups individualmente. Uma das alternativas que encontrou para minimizar seu risco foi ingressar no fundo de investimentos da Bossanova, que já possui uma governança completamente estruturada para analisar algumas startups direcionadas atualmente para mulheres ou negócios voltados para mulheres.
“Nesse contexto, podemos investir em um grupo delas. Investir em um número específico de startups nos permite diversificar esse investimento e reduzir nosso risco. Além disso, temos a oportunidade de contribuir com o ‘smart money’, que envolve apoiar o ecossistema diretamente, sem necessariamente fazer parte dos negócios. Podemos auxiliar com os desafios que enfrentam, o que é incrível, pois posso compartilhar minha experiência como empreendedora. Portanto, é nesse sentido que enxergo o investimento com menor risco e também como uma contribuição para o ecossistema de startups”, explica Rossato.
ANEFAC: promotora do ecossistema de startups
A ANEFAC vem atuando como um pilar fundamental para ampliar o acesso à informação e fomentar o desenvolvimento desse ecossistema. Ao considerar o cenário empreendedor e o universo das startups, Lilian Primo Albuquerque, head de empreendedorismo e startups da entidade, destaca a importância da disseminação de informações. Ela enxerga um potencial significativo entre os associados, capazes de contribuir tanto como investidores quanto empreendedores, uma vez que muitos empreendedores estão trazendo soluções inovadoras para o mercado, com potencial real de impacto.
No entanto, Alburquerque acredita que ainda não estamos aproveitando plenamente esse potencial. Portanto, o objetivo principal da ANEFAC é disseminar informações, educar e promover a conscientização, pois a educação desempenha um papel fundamental dentro desse ecossistema. É crucial identificar os riscos e compreender até onde podemos ou não ir para efetivamente concretizar nossas aspirações. “Quando não compreendemos um determinado assunto, tendemos a acreditar que não é possível. Contudo, quando adquirimos conhecimento, percebemos que muitas possibilidades se abrem diante de nós, permitindo-nos superar o medo por meio de um planejamento adequado e a adoção do processo correto. A visão da ANEFAC é, portanto, alcançar uma transformação genuína, promovendo o progresso da sociedade e estimulando o cenário empreendedor”, finaliza.