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Os desafios da liderança em tempos de turbulência e riscos 

Liderar é uma arte para poucos. Uma habilidade rara e especialmente desafiadora durante crises sem precedentes, como uma pandemia com impactos arrasadores na economia mundial, uma transformação tecnológica e digital também sem precedentes, diversas gerações convivendo simultaneamente no mercado de trabalho, e a busca por resultados financeiros aliados ao consumo consciente. Idealmente, liderar significa mobilizar e inspirar os colaboradores em prol de objetivos compartilhados, promovendo o crescimento profissional individual alinhado aos valores e à cultura organizacional. Contudo, na realidade, alcançar essa maestria é complexo. 

Nos últimos anos, o mundo corporativo foi abalado por crises sem precedentes, como a pandemia, que impactou drasticamente a economia global, além de transformações tecnológicas e digitais que remodelaram o mercado de trabalho. Conduzir empresas e liderar equipes em meio a essas mudanças tornou-se uma tarefa ainda mais complexa e desafiadora. As dificuldades e os desafios de liderar em meio a tanta turbulência e ameaças de riscos foram discutidos por Gennaro Oddone, presidente do Conselho de Administração da ANEFAC, que conduziu um painel no congresso ANEFAC com Marcelo Habib, diretor de finanças e relações com investidores da Eneva; Priscila Siqueira, CEO da Gympass no Brasil; e Elaine Funo, diretora contábil e tributária global da Embraer. 

Oddone destacou que liderar hoje significa mobilizar e inspirar colaboradores em prol de objetivos compartilhados, promovendo o crescimento profissional individual alinhado aos valores e à cultura organizacional. Porém, alcançar essa maestria é cada vez mais complexo. 

Desde que assumiu o Gympass, Priscila Siqueira viveu em um mundo de turbulências. “Somos uma empresa de atividade física, e na pandemia fechamos tudo. Como nos reinventamos? Como fazemos? Trabalhamos com pessoas, e o momento que estamos vivendo é de reinvenção diária”, disse Siqueira. Ela ressaltou a importância da saúde mental e física dos colaboradores, mencionando que questões como afastamento e burnout impactam toda a cadeia de negócios. “Todos os dias levantamos e pensamos no que vamos fazer, ainda mais em relação às pessoas.” 

Para Elaine Funo, a pandemia foi um momento complicado. “Na Embraer, todos estavam no mesmo andar, juntos. De um dia para o outro, saímos, deixamos fotos da família, a mesa, tudo. Como fazer um fechamento de balanço trimestral, anual? A maior preocupação sempre foi a saúde das pessoas, e todos se adaptaram”, contou. A volta ao trabalho presencial trouxe novos desafios, pois as pessoas se adaptaram a uma nova realidade que permitia mais tempo para atividades físicas e familiares. “Como trazer esse equilíbrio agora e pensar na qualidade de vida das pessoas?”, questionou Funo. 

Marcelo Habib ressaltou que a palavra fundamental é “pessoas”. “Toda companhia busca estar preparada para qualquer cenário, seja positivo, negativo ou intermediário. Mas com tantas mudanças – pandemia, guerra, mudança climática – é difícil. Quem vai contribuir, vislumbrar cenários e preparar a companhia são as pessoas”, afirmou Habib. Ele mencionou a dificuldade em atrair talentos hoje, pois os valores mudaram. “Antigamente, a remuneração era a prioridade. Hoje, o clima e a qualidade de vida são muito importantes.” 

Os três líderes destacaram a importância do treinamento e desenvolvimento contínuo dos colaboradores. “Temos uma área de New Ventures no Gympass, que busca a próxima onda, a próxima evolução. Deixamos esse time um pouco separado do dia a dia para realmente focar nisso”, explicou Siqueira. Na Embraer, a questão do treinamento é constante. “Temos que treinar pela nova norma, mas os contadores estão mais preparados para ajudar a área de sustentabilidade a transformar relatórios em algo mais financeiro”, disse Funo. 

Habib enfatizou a necessidade de interação e rotação de áreas para fomentar o desenvolvimento. “Não é só fazer curso, é buscar novas formas de interação, rodar, botar as pessoas para rodarem em áreas diferentes para pegar experiências e evoluir com isso.” 

A discussão também abordou o uso de inteligência artificial (AI) para tornar as atividades mais eficientes. “Na parte operacional, usamos bastante AI na geologia e prevenção e manutenção. Isso acelerou muito os processos”, disse Habib. Siqueira mencionou que no Gympass, a AI é usada para melhorar a experiência do cliente e internamente para melhorar contratos e vendas. 

Os líderes concordaram que a flexibilidade e a capacidade de adaptação são cruciais para enfrentar os desafios futuros. “Quem lidera no comando e controle está fora do jogo, não faz mais sentido”, afirmou Siqueira. Ela destacou a importância de entender quando é necessário estar junto, mesmo que a empresa seja primariamente remota. “Criamos um documento chamado Empower, que mostra como empoderar as pessoas e levar as conversas do cafezinho de forma remota.” Funo concordou, dizendo que na Embraer o modelo híbrido funcionou bem, permitindo contratar profissionais de várias regiões. “Precisamos encontrar o equilíbrio e aceitar que o híbrido funciona melhor para muitas pessoas.” 

A capacidade de inspirar e mobilizar equipes, aliada ao uso inteligente de tecnologia e uma abordagem flexível, são essenciais para navegar pelas incertezas do mundo corporativo atual. Ao final, Adelino Dias Pinho, conselheiro fiscal, e os membros da ANEFAC Antonio Carlos Machado, conselheiro, Marta Pelucio, conselheira, e Márcio Silva, vice-presidente de administração, entregaram uma lembrança para eles. 

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