Você sabe quais são as maiores questões discutidas entre executivos e nas reuniões de conselhos de administração ao redor do mundo? Para quais cenários de risco os eles estão se preparando? Neste contexto, David Kallás, presidente da ANEFAC, debateu no painel do 26º Congresso ANEFAC, intitulado “TOP Risks 2024 – Adaptação às mudanças climáticas, impactos financeiros e tecnológicos: Como definir estratégias de mitigação”, analisando os principais riscos corporativos para o próximo ano e a próxima década, sob a perspectiva coletiva de líderes brasileiros.
Ao falar sobre mudanças climáticas, Marco Antonio Fujihara, sócio fundador da Infrapar Sustainability, destacou a gravidade do cenário climático atual. “Acho que passamos dos limites determinados com um grau e meio de temperatura. Mudanças climáticas são uma realidade que todos enfrentamos diariamente, como o calor extremo e as chuvas intensas no litoral. Essa não é mais uma hipótese científica, mas um fato comprovado que impacta nossas vidas e negócios”.
Para ele, existe a necessidade de uma ação imediata: “A pior coisa é a inação. As empresas precisam entender como agir e reportar suas ações de forma transparente aos stakeholders. Existe um movimento global chamado Net Zero, mas poucas empresas sabem como alcançar esse objetivo. Precisamos de planos concretos e ações específicas.”
Por outro lado, Viviene Bauer, sócia na BDO e presidente na 5ª Seção Regional do Ibracon, chamou atenção para a importância da regulamentação no incentivo à sustentabilidade. “A regulamentação força as empresas a olharem para suas operações de maneira mais crítica. Muitos falam sobre alcançar Net Zero até 2050, mas não fazem o básico, como o inventário de gases de efeito estufa. Sem medir, não há como planejar a redução e mitigação necessárias.”
Segundo ela, é preciso aprendermos a mudar o padrão de consumo e a necessidade de humildade para compreender as questões climáticas, assimilando que é ação conjunta entre empresas e pessoas. “Não é apenas sobre salvar o planeta, mas sobre salvar a humanidade. As empresas precisam identificar riscos econômicos e tomar medidas para mitigar esses impactos dos seus negócios.”
Já Nelmara Arbex, sócia na KPMG Brazil and Americas, destacou que o primeiro passo é entender como as mudanças climáticas afetam os negócios. “Os líderes devem olhar para suas cadeias de valor e fornecedores de uma forma que nunca fizeram antes. O contexto das regulações está mudando, e isso significa que as empresas precisam estar preparadas para reportar os impactos climáticos em suas operações.”
Na visão dela, essa mudança passa por compreender as novas regulamentações, especialmente para empresas listadas na CVM. “Essas empresas terão que explicar como as mudanças climáticas afetam seus negócios e cadeias de valor. Isso se tornará obrigatório nos próximos anos, e as empresas precisam se preparar agora.”
A necessidade de educação contínua e adaptação da liderança foi um ponto comum entre os palestrantes. “A liderança precisa se reeducar e se adaptar às novas realidades. Isso inclui entender novas regulamentações, práticas de governança e sistemas de compliance. A falta de preparação pode resultar em perda de acesso a mercados e capitais”, finalizou Arbex.
Ao final, Marcos Grigoleto, diretor Centro Oeste da ANEFAC, Guilherme Dultra, sócio da Knox Capital e head de finanças da ANEFAC, Milton Toledo, conselheiro da ANEFAC e CSO da Tech6 Group, e Carla Baptistão, financial reporting and consolidation manager da EDP, entregaram uma lembrança aos palestrantes.