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6º CFO Day ANEFAC: Executivos mostram os caminhos para negócios sustentáveis 

Em um mundo em constante transformação, as empresas enfrentam o desafio de se adaptarem a novas demandas sociais e ambientais. Há seis anos, a ANEFAC realiza o CFO Day, um evento exclusivo destinado a líderes empresariais, que se consolidou como um espaço para o debate sobre as melhores práticas e estratégias do mercado. Em 2024, o encontro trouxe à tona discussões sobre a incorporação de práticas sustentáveis nos modelos de negócios, dividido em cinco pilares fundamentais: tecnologia e inovação, economia e mercados, regulamentação e compliance, gestão de pessoas e cultura, e sustentabilidade e responsabilidade social. 

Na visão de Guilherme Dultra, head de finanças da ANEFAC e moderador do evento, apesar de muitas empresas já adotarem práticas ESG de forma voluntária, tanto as de capital aberto quanto as de capital fechado, a Comissão de Valores Mobiliários exigirá, a partir de 2026, a apresentação de relatórios ESG para empresas de capital aberto. “É difícil não imaginar a cada dia a crescente presença e importância dos CFOs lidando com essas dimensões ambiental e social. Investidores da sociedade, de uma maneira geral, reforçam a importância de que as empresas considerem aspectos ambientais, sociais e de governança em todas as suas decisões financeiras. Nesse contexto, a inserção de práticas sustentáveis nos modelos de negócios torna-se imperativa, e o papel do CFO é cada vez mais fundamental para viabilizar isso”. 

A visão do CFO da Prodesp para o futuro 

Neste sentido, Camilo Cavalcante, CFO da Prodesp e palestrante no evento, destacou os desafios e as metas para a empresa de tecnologia do estado de São Paulo, enfatizando a importância da gestão pública, da transparência e da inovação. “Uma empresa pública tem que submeter, além de Conselho de Administração, Conselho Fiscal, Comitê de Auditoria Externa e tudo mais, aos órgãos de controle estaduais, tribunais de contas e Ministério Público. É toda uma burocracia muito maior. É irônico uma empresa de sistema não ter sistemas que entreguem informações rápidas, por exemplo”, destacando a necessidade de modernização e eficiência nos processos em qualquer empresa. 

Sobre a comunicação e a transparência na gestão, Cavalcante enfatizou: “Temos que garantir informações melhores e mais acuradas. É dessa forma aqui, sendo transparente, mostrando isso”. A transparência é vital, segundo ele, para construir a confiança necessária para o desenvolvimento da companhia. 

A questão do plano de saúde também foi abordada. Cavalcante mencionou que “uma empresa com uma idade média de 55 anos tem seus desafios. O reajuste de 69% no plano de saúde seria inaceitável, o que aumentaria 55 milhões ao longo do contrato”. Por isso, “decidimos ofertar um reajuste de 35%, porque ano passado foi 33%”. Ele ressaltou a necessidade de “reduzir esse reajuste, que era de 65% para uma média de 25%” em 15 categorias. 

Quando o assunto é equidade e meritocracia, Cavalcante é claro: “Implementamos meritocracia dentro da companhia para reconhecimento de progressão, promoção e PPR. Fui medido por meritocracia em toda a minha carreira”. Ele acredita que “é necessário criar um elo de confiança entre os funcionários para que possamos desenvolver a companhia, que é muito grande”. 

O CFO também tocou em desafios como a diversidade dentro da empresa. “Dificuldades de diversidade geracional são muito evidentes. A minha média de idade dos funcionários é de 55 anos, o que representa um desafio para uma empresa de tecnologia”. Ele revelou que “na Prodespa, temos 18 mil funcionários, dos quais a maior parte é terceirizada”. 

Para Cavalcante, a inovação é essencial para o futuro da Prodesp. Ele afirmou: “Ainda temos muito desperdício, e precisamos mover a empresa para uma tecnologia nova. Devemos falar também com os jovens, que trazem uma velocidade diferente”. A Prodesp tem, inclusive, contribuído para facilitar a comunicação entre departamentos, como no caso do Detran. 

Cavalcante reafirmou a missão da Prodesp: “A Prodesp é a empresa de tecnologia do estado de São Paulo e nossa missão é transformar a empresa em algo mais eficiente, rentável e focado em resultados”. 

A visão do CFO da Embraer para o futuro 

Ao falar sobre a formação de profissionais, a importância da sustentabilidade e o compromisso com a diversidade durante uma recente entrevista, Antonio Garcia, CFO da Embraer e palestrante no evento, destacou que a Embraer tem se esforçado para criar um ambiente educacional e sustentável, além de promover uma cultura diversificada dentro da empresa. 

Garcia ressaltou o papel do Instituto Embraer: “Formamos por ano em torno de 800 alunos secundários, com 80% de aprovação em universidades públicas. Isso a gente faz, fala pouco, mas faz.” Ele também mencionou o programa de mestrado do ITA, que capacita cerca de 90 estudantes por ano para se tornarem engenheiras na Embraer. “Os programas de formação e estagiários já fazem parte do nosso DNA”, afirmou. 

Sobre sustentabilidade, Garcia enfatizou a importância da indústria aeronáutica ser “o mais controlado e limpo possível”. Ele explicou que a produção da Embraer já é baseada em práticas sustentáveis, dizendo: “Nossa produção é refletida nos nossos aviões, que são os mais silenciosos.” Garcia também abordou a responsabilidade ambiental da empresa, destacando que “estamos muito bem adiantados nos escopos 1 e 2, mas o grande desafio é o escopo 3”, referindo-se às emissões indiretas. 

A relação da Embraer com o Sustainable Aviation Fuel (SAF) é fundamental para o futuro da sustentabilidade. “Nossos aviões já estão homologados para voar com 50% de SAF”, afirmou Garcia, referindo-se ao combustível que pode ajudar a reduzir as emissões de carbono da aviação. 

Além dos esforços em sustentabilidade, Garcia destacou a importância da diversidade no setor. “Hoje, na área de engenharia, temos 50% de mulheres e 50% de homens. Isso exigiu abrir portas para várias universidades e não apenas o ITA”, contou. Ele mencionou que a diversidade também se estende ao conselho fiscal da empresa, que já conta com 40% de mulheres. “Jovens voadoras”, um grupo de mentoria formado exclusivamente por mulheres, é mais um passo na direção da inclusão. 

Garcia também apontou o compromisso da Embraer com a segurança de seus fornecedores. “Nossos fornecedores têm um índice de segurança do trabalho inferior ao nosso, porque seguimos um rigoroso código de conduta”, destacou. Ele afirmou que para ser um fornecedor da Embraer, é essencial passar por todo o processo de qualificação, o que inclui auditorias regulares para re-certificação. 

No que diz respeito à responsabilidade financeira e à comunicação, Garcia enfatizou: “Temos uma corresponsabilidade enorme e isso impacta no nosso balanço.” Ele alertou que é preciso “tomar cuidado ao falar”, pois a transparência é crucial para manter a integridade das operações da empresa. 

Com uma visão abrangente sobre educação, sustentabilidade, diversidade e segurança, ele demonstra que a Embraer está comprometida em não apenas ser uma líder na indústria aeronáutica, mas também em estabelecer padrões éticos e sustentáveis que beneficiem a sociedade como um todo. 

A visão da CFO da Sabesp para o futuro 

Destacando os fracos pontos da gestão anterior da companhia, e enfatizando a importância da avaliação de desempenho, desenvolvimento de talentos e diversidade, Catia Pereira, CFO da Sabesp e palestrante no evento, acredita que é necessário transformar a cultura organizacional, bem como a responsabilidade social e ambiental da empresa. 

Pereira abordou a questão das avaliações de desempenho. “Tinha muito plano de meta para o time de operação, então era muito claro o indicador, mas para as áreas meio eram basicamente os indicadores da companhia e não tinha nenhuma quebra de meta para a gente poder avaliar a performance.” Ela reconheceu que “as avaliações aconteciam de forma silenciosa”, o que fazia com que os funcionários soubessem dos resultados apenas pelo sistema, sem um diálogo sobre o seu desempenho. 

A CFO observou que esse cenário dificultava a comunicação de feedback e a conexão entre o desenvolvimento profissional e os desafios enfrentados. “As pessoas estavam muito bem preparadas, mas a preparação e o desenvolvimento não estavam conectados com os desafios”, afirmou Pereira. “Agora, com a mudança, começamos a criar uma cultura de alinhar incentivos.” 

Ela destacou a importância da diversidade na companhia, reconhecendo a dificuldade de trazer novas perspectivas em uma empresa com uma média de idade de 55 anos. “Como trazer diversidade se todos estão há muitos anos na companhia?”, questionou. Pereira incentivou a equipe a realizar visitas a outras empresas como forma de aprendizado e troca de experiências. “Fomos visitar outras empresas para aprender, e isso foi muito enriquecedor”, disse ela. 

O papel da Sabesp como uma companhia com forte responsabilidade social e ambiental também foi enfatizado por Pereira. “A primeira pergunta que os investidores fazem é como estão os reservatórios”, revelou, referindo-se à importância da gestão hídrica. “O time de engenharia pensou em soluções criativas em momentos de crise hídrica, como a interligação dos reservatórios para abastecer a região metropolitana.” 

Ela também falou sobre projetos de dessalinização como uma estratégia de contingência para épocas de estiagem. “Estamos trazendo a tecnologia de dessalinização para o Brasil com um plano de contingência”, afirmou, destacando iniciativas já em andamento. 

Pereira também se mostrou confiante quanto à promoção da diversidade e empoderamento feminino na empresa. “Quando cheguei na companhia um ano e meio atrás, apenas 20% da população eram mulheres. Na diretoria, hoje somos 47% mulheres”, destacou. Para ela, essa mudança é crucial, pois ter mulheres em posições de liderança inspira outras a se posicionarem. “Trabalhamos para entender as dores da companhia e, com um olhar mais diversificado, conseguimos transformá-la.” 

Por fim, a CFO mencionou a implementação de um programa de mentoria específico para mulheres, que visava oferecer suporte e aumentar a visibilidade de suas capacidades. “Lançamos uma mentoria para apoiar as mulheres que diziam não ter voz. Algumas já estavam no final da carreira e buscando novos caminhos”, comentou. “Deixamos um legado significativo ao fazer com que as mulheres se reconheçam e vejam que têm as mesmas condições que os homens.” 

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