
Em um cenário corporativo em constante transformação, a liderança e a adaptabilidade se tornam fundamentais para enfrentar os desafios do mercado, David Kallás, presidente nacional da ANEFAC durante os anos de 2023 e 2024, encerra sua jornada à frente da entidade em um período marcado por importantes mudanças econômicas e tributárias no Brasil. Nesta entrevista, ele reflete sobre suas conquistas, os desafios que enfrentou, e a importância do associativismo em tempos em que as redes sociais competem pela atenção dos jovens executivos. Com uma visão otimista para o futuro da ANEFAC, explica ainda as iniciativas que moldaram sua gestão e as prioridades para a continuidade do crescimento da associação, além do legado que espera deixar para as próximas gerações de líderes.
Revista ANEFAC: Como você avalia o seu tempo à frente da ANEFAC? Quais foram os principais desafios que enfrentou?
David Kallás: Ser o Presidente da ANEFAC durante os anos 2023-2024 foi uma grande honra. A Associação é composta por muitos executivos competentes e o fato de me escolherem para esse mandato foi especial para mim. E, claro, uma responsabilidade enorme. Não é fácil suceder pessoas brilhantes como os nossos ex-presidentes, especialmente em um período em que a cultura do associativismo está impopular, principalmente entre os mais jovens, que possam julgar que as redes sociais poderiam ser substitutas ao que é fazer parte de algo tão interessante como a ANEFAC.
RA: Quais foram as conquistas mais significativas durante o seu mandato que você gostaria de destacar?
DK: Antes de citar as conquistas, acho importante frisar que as realizações desses dois anos são, em grande parte, frutos de trabalhos iniciados há mais tempo, em mandatos de meus antecessores, como Marta Pelucio e Milton Toledo. Entre as novidades, entregamos as primeiras certificações Controle ANEFAC (CCA e CCA+), lançamos o Primeiro Prêmio Boas Práticas ESG, a Confraria ANEFAC e expandimos internacionalmente por meio da entrada na International CFO Alliance, onde temos assento no board. Mas, além das novidades, continuamos realizando mais de uma centena de eventos técnicos por ano em temas e formatos variados, com destaque para as duas edições do Troféu Transparência, o Prêmio Mérito ANEFAC e os congressos em Itupeva e São Roque, apenas para citar alguns.
RA: Durante o seu mandato, você acompanhou mudanças importantes no cenário financeiro e tributário do Brasil. Quais dessas mudanças você considera mais impactantes para as empresas?
DK: 2023 e 2024 foram os dois primeiros anos do Governo Lula 3. No início do primeiro ano, o mercado estava em compasso de espera, aguardando como seria a postura do governo e, até certo ponto, congelando investimentos. Com o decorrer dos meses, a ação do governo foi tomando forma e temas como a reforma tributária e a agenda fiscal se tornaram protagonistas do debate. Encerramos o ano com um aumento de 1% na taxa básica de juros, com expectativa de novas altas anunciadas pelo COPOM. O ano de 2024 também foi marcado pela tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul, que nunca poderemos esquecer. Em suma, a constante do executivo brasileiro continua a mesma: lidar com a imprevisibilidade.
RA: Que iniciativas ou projetos iniciados pela ANEFAC você acredita que devem continuar, e como eles podem beneficiar os associados no futuro?
DK: Pode não parecer, mas dois anos passam voando e não há tempo para o presidente “tomar pé da situação” na ANEFAC. A escolha do Alexandre como próximo presidente foi realizada antes do Congresso, e a transição já começou naquela época, sendo que montamos e apresentamos juntos o plano de 2025 para o Conselho. Entre as novidades, teremos uma expansão ainda mais forte internacionalmente, a consolidação do Prêmio Boas Práticas ESG, bem como a celebração especial dos 40 anos do Prêmio Profissional do Ano, onde lançaremos uma grande novidade. Outra novidade que está por vir será relacionada ao modelo de associação.
RA: Qual legado você espera deixar ao concluir seu mandato na ANEFAC?
DK: Saio com um sentimento de muita gratidão e com a sensação de dever cumprido. Pretendo continuar contribuindo, agora como conselheiro. Penso que o legado deva ser não só meu, mas de uma geração de presidentes, heads e diretores, COOs e equipes que conseguiram transformar a ANEFAC em um momento de grandes mudanças. Tenho o sonho de que essa época seja lembrada daqui a 20, 30 anos, como a que lançamos novas bandeiras para a entidade, como o Prêmio Boas Práticas ESG (com o nome que ele tiver), as certificações e a atuação internacional da ANEFAC cada vez mais forte.
RA: Como você imagina a evolução da ANEFAC nos próximos anos e o que acha que deve ser prioridade para a entidade?
DK: A ANEFAC tem um impacto muito grande no mercado. Somos a Associação Nacional de Executivos. Vamos além dos temas de finanças, administração e contabilidade, que estão no nosso nome. Hoje atuamos em muitas outras áreas de conhecimento, como tributos, economia, tecnologia, empreendedorismo, capital humano e muito mais. Acredito, entretanto, que temos um potencial ainda grande de crescimento, que deve ser alcançado por formas diferentes daquelas tradicionais que fizemos até aqui. Tenho certeza de que, com as novidades que virão, avançaremos muito nessa direção.
