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Liderança humanizada: gente cuida de gente, não de cargos 

Tem muita coisa mudando. Geração nova chegando cheia de propósito, tecnologia atropelando processos, trabalho remoto desorganizando hierarquias. E no meio disso tudo, tem o líder — tentando manter a equipe unida, produtiva e saudável. Não é fácil. E a liderança que funcionava no passado, baseada em comando e controle, já não serve mais. Aquela máxima do “manda quem pode, obedece quem tem juízo” ficou no museu da empresa. 

Hoje, liderar exige escutar. De verdade. Não é só “ouvir” — é entender o que o outro está vivendo, sentindo, enfrentando. É se colocar no lugar, mesmo quando a resposta mais fácil seria julgar ou ignorar. Empatia virou habilidade essencial, e não bônus. 

E mais: a comunicação precisa ser clara, transparente, sem enrolação. Não dá mais para esconder informação achando que isso mantém o poder. Quando a equipe sabe o que está acontecendo, ela confia, contribui, inova. Comunicação boa é de mão dupla — você fala e escuta, sem que ninguém precise medir cada palavra com medo de represália. 

Outro ponto: a mistura de gerações no ambiente de trabalho está dando um nó em muita liderança por aí. Tem Baby Boomer que acha que jovem é mimado, tem Gen Z que acha que o veterano é “parado no tempo”. E tem líder que precisa costurar esse pano todo. Não adianta querer que todo mundo pense igual — o jogo agora é integrar, extrair o melhor de cada visão e usar isso pra crescer junto. 

Crescimento, aliás, precisa ser prioridade. Mas não com aquele papo vazio de “plano de carreira genérico”. É sobre ouvir o que cada pessoa quer, o que faz sentido pra ela, e construir um caminho que seja bom para os dois lados: profissional e empresa. Não dá pra ter protagonismo sem espaço. E não dá pra ter espaço numa empresa que não cresce. Isso precisa ficar claro, principalmente para quem está começando agora: o seu desenvolvimento depende também do sucesso do todo. 

Reconhecimento sincero também conta — e muito. Não estamos falando de tapinha nas costas nem de bônus automático no fim do ano. É ver, valorizar e dar retorno. É celebrar o esforço, não só o resultado. É fazer a pessoa sentir que o que ela faz importa. 

E, claro, cuidar da saúde mental. Porque não adianta bater meta com burnout. Liderança humanizada entende que gente feliz entrega melhor. E que vulnerabilidade não é fraqueza — é coragem. Criar um ambiente seguro, onde todo mundo pode ser quem é, faz diferença. Muita. 

Só que tudo isso exige atitude. Liderar de forma humana não é ser bonzinho — é ser justo, firme, coerente. É ter coragem de bancar decisões difíceis com empatia. E mais ainda: é saber lidar com a resistência dos mais antigos e com a impaciência dos mais novos. Porque vai ter embate, sim. Mas também pode ter crescimento, se houver respeito e diálogo. 

No fim do dia, é simples (mas não é fácil): liderança humanizada é sobre pessoas. Sobre confiar, apoiar, desafiar — e crescer junto. E quem entende isso, transforma ambientes, times e resultados. 

Artigo escrito por Rodrigo Zulim, que é CFO e responsável pelos Recursos Humanos da BDO 

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