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Liderança mais humana e inclusiva desempenhada pelas mulheres impacta positivamente na performance dos negócios

A diversidade vem ocupando lugar de destaque nas principais empresas do mundo e a tendência é continuar crescendo 

Empresas mais diversas com complementariedade de visões de mundo tendem a tomar as melhores decisões sobre estratégias de mercado. Um estudo do banco de investimentos Credit Suisse mostrou que aquelas que têm políticas globais de diversidade tiveram lucro 6,5% maior nos últimos seis anos do que as que não estão atentas ao tema. Nesta mesma linha, Luciana Coelho, diretora de Gente e Cultura do Grupo Vamos l SIMPAR, aponta que diversos estudos mostram que as competências que as mulheres trazem aos negócios são as que as empresas precisam para inovar e sobreviver, pois a mulher reapresenta um novo modelo de liderança humanista e inclusivo que traz um grande diferencial.  

Nos últimos anos, houve evolução da inserção das mulheres em posições de liderança. Elas têm deixado de se masculinizar ou se submeter a outros rótulos para se encaixar nas empresas, mas os números ainda são baixos e existe um longo caminho pela frente. Segundo dados apresentados no Guia da Diversidade do Great Place to Work (GPTW), apenas 26% das posições de alta liderança das Melhores Empresas para Trabalhar de 2021 eram ocupadas por mulheres. 

As mulheres estão cada vez mais conquistando espaço e representatividade na liderança das empresas, inclusive em setores que antes eram dominados por homens. Isso já é um grande avanço. “No entanto, ainda existem muitos degraus até chegar a uma situação de igualdade, sem pré-conceito e sem diferenças – destacando a diferença salarial –, o que ainda, infelizmente, é uma realidade hoje”, diz Fabiana Coelho, fundadora da Dialogus. 

Ao destacar a área de Gente e Cultura, Luciana Coelho diz que as mulheres não são raras nessas posições, mas é exigido que elas sejam as melhores e que entendam tudo sobre o que envolve as pessoas e sua relação com o trabalho. Nesta área quando “gente” não é importante para a empresa, nem elas, nem eles chegam lá. Na visão de Marta Pelucio, presidente nacional da ANEFAC, chegar a um cargo de liderança é um caminho diferente para todos, mas como mulheres ainda é preciso entender que existe um pré-conceito, para, a partir disso, lidar com as situações negativas que vão se apresentar ao longo do trajeto. “É necessário transformar as barreiras, tentando lidar com elas da melhor forma possível, mas se aquele ambiente não possibilita essa mudança, talvez não seja o ideal”, adverte.  

Para Luciana Maia, superintendente de Contabilidade no Grupo Neoenergia, a liderança dos processos é o primeiro passo para liderar equipes, por isso, as mulheres devem saber se posicionar de forma clara e firme para ganhar cada vez mais espaço. Além disso, “estar em constante desenvolvimento, atenta as mudanças do setor e do mundo, focar na relação com as pessoas e aproveitar qualquer posição, mesmo que não seja de liderança, para se destacar e ser a sua melhor versão”.  

Enquanto, Ana Paula Tarossi, gerente de Governança Corporativa na Braskem, acredita que o diferencial da liderança feminina é uma gestão mais humana. “Quando ela é gestora, ela provoca mudanças. “Talvez seja por causa da forma como dá feedback, da sua maneira de agir, que muitas vezes é mais cuidadosa, além de entender com mais facilidade as pessoas. Ela gera um ambiente mais propício à diversidade. Temos a capacidade de transformar o ambiente”, observa. 

O mundo já vinha em transformação e, nos últimos anos, houve uma mudança radical em várias questões e o papel da liderança, neste momento, é extremamente importante. “Os fatores ESG são a base para o nosso crescimento. A diversidade e a inclusão precisam estar presentes em todas as contratações e no dia a dia. O ESG é uma pauta tão relevante que em breve será até obrigatório a divulgação de informações em relatórios contábeis”, pontua Luciana Maia.  

Ao complementar, Luciana Coelho avalia que os indicadores ESG apontam o dedo para a equidade e onde ela está sendo trabalhada com intenção verdadeira. Para ela, os fatores condicionam positivamente a olhar para o dado e dar uma satisfação de contratação de mulheres em todos os níveis, tornando, por exemplo, o encarreiramento da liderança feminina mais provável. 

A adoção das melhores práticas ambientais, sociais e de governança é um caminho sem volta. É uma exigência da sociedade. As empresas, sejam elas de pequeno, médio ou grande porte, serão cada vez mais cobradas e precisam estar preparadas. “A questão da diversidade – que inclui a representatividade feminina no papel de liderança – é fundamental quando pensamos em um mundo mais sustentável”, pontua Fabiana Coelho.  

A liderança participativa/colaborativa é a mais exigida em empresas diversas e inovadoras. A velocidade das mudanças, a necessidade de transformação e modelos ágeis para a tomada de decisão, de acordo com Luciana Coelho, exigem uma escuta e uma proximidade grande do líder com seus liderados. “A humanização das relações de trabalho é palavra de ordem no pós-pandemia e os que lideram por valores e pela sua aplicabilidade no dia a dia são os líderes mais coerentes e possuem as equipes mais engajadas”, ressalta. Já Luciana Maia acredita que uma liderança integrativa e que valoriza a diversidade de opiniões é aquela que dá oportunidades de visibilidade para todos da equipe e que não tem medo de formar sucessores.  

A liderança ideal segundo Fabiana Coelho, que a Gallup (empresa de pesquisa de opinião dos Estados Unidos) vem trabalhando é um novo modelo transformador chamado de jornada Boss to Coach. A liderança deixa de ser chefe e vai atuar na formação da equipe com foco no propósito, desenvolvimento, conversas frequentes, talentos e pontos fortes, e na vida de cada um, não apenas no trabalho. Ou seja, olha, ouve e cuida das pessoas. 

Esse tema foi abordado pelas especialistas na Live Elas na liderança – referências por igualdade – da ANEFAC no dia 10 de março. Confira abaixo o conteúdo do evento: 

Ana Paula Tarossi, gerente de Governança Corporativa na Brasken
Fabiana Coelho, fundadora da Dialogus
Luciana Coelho, diretora de Gente e Cultura no Grupo Vamos l SIMPAR
Luciana Maia, superintendente de Contabilidade no Grupo Neoenergia
Marta Pelucio, presidente nacional da ANEFAC