Há pouco mais de 30 anos o tema sustentabilidade começou a frequentar o noticiário e também as empresas. Na época, era imediatamente associado ao meio ambiente e as grandes corporações viram a necessidade de iniciar um processo de responsabilidade ambiental. No entanto, o conceito ESG vai além disso e envolve os pilares ambiental, social e econômico. Tal conceito tem ficado cada vez mais claro, especialmente às companhias de capital aberto, uma vez que precisam prestar contas aos seus investidores.
O fato é que ESG sempre existiu, agora, no entanto, nunca foi um assunto tão comentado e algo tão buscado pelas empresas, isso porque mercado, investidores e consumidores estão realmente prestando muito mais atenção nisso. Mas, como diferenciar o discurso da prática?
Por anos, muitas companhias se apropriaram do discurso de sustentabilidade e incorporaram ações de marketing para melhorar ou construir reputações. Agora, porém, com a evolução para a criação de um framework único, será possível saber se estão realmente agindo ou apenas falando sobre ESG. Isso porque da mesma forma que o Brasil adotou as normas internacionais de contabilidade e de auditoria, seguirá com as normas de sustentabilidade por meio do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade (CBPS), aprovado em junho pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC).
E o que isso significa? Na prática, a função do CBPS será normatizar regras referentes a divulgação das práticas ESG. Para isso, o Comitê irá preparar pronunciamentos técnicos que irão balizar as regras adotadas por órgãos reguladores como CVM, Susep, Banco Central e Previc.
Com regras e parâmetros de divulgação, será praticamente mandatório investir em aspectos ambiental, social e econômico e com informações que poderão ser auferidas e apresentadas a toda sociedade.
Acreditamos que tais regras irão impor uma maior transparência. A partir do momento em que estiverem definidas e as grandes companhias reguladas começarem a adotá-las, será criado, em seguida, um efeito cascata e empresas que quiserem se manter competitivas, receber investimentos ou mesmo ter a sua marca reconhecida como responsável, terão que seguir por este caminho.
Em um futuro não muito distante, tais informações serão tão importantes em um balanço quanto é hoje, por exemplo, um Ebitda. Prestar contas de forma transparente em relação a sustentabilidade tende a se tornar uma regra.
Ficarão no passado as corporações que seguirem ignorando o impacto do seu negócio na sociedade. E, após a incorporação desses parâmetros, será mais fácil saber, de forma empírica, quais são essas empresas e como estão praticando a sustentabilidade.
Embora este seja um conceito disseminado há mais de três décadas, ainda existem empresas que não se deram conta da sua responsabilidade. A criação de tais regras tende a acelerar o processo de adoção de boas práticas ESG. Sabemos que mudar a cultura de uma organização não é fácil, mas é necessário começar e a hora é agora. Quando os parâmetros já estiverem estabelecidos e sendo cumpridos, poderá ser tarde demais.
Artigo de autoria de Viviene Bauer, que é sócia da BDO.