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Avaliação técnica do Troféu Transparência agrega novas e importantes instituições de ensino 

O Troféu Transparência 2023 (Prêmio ANEFAC) contou com uma equipe qualificada de avaliadores para identificar as empresas que mais se destacaram na divulgação transparente de suas informações financeiras. A avaliação envolveu uma grande equipe de executivos e docentes, composta pela Diretoria Executiva do Prêmio, Comitê Técnico, Comitê Acadêmico e Comissão Julgadora. 

Na Avaliação Técnica, este ano teve a participação da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) e da Universidade de Brasília (UnB). A FECAP teve um papel importante, contando com a participação de 21 docentes. Allan Carvalho, professor da instituição, detalhou que o processo de avaliação incluiu uma análise minuciosa das demonstrações financeiras de 75 empresas, previamente selecionadas pela Diretoria Executiva e pelo Comitê Técnico. O grupo de avaliadores utilizou mais de 40 critérios de avaliação, abrangendo diversos aspectos, desde assuntos relevantes no relatório da administração até a qualidade do balanço, demais demonstrações, notas explicativas e análise do relatório dos auditores independentes e do relato integrado. 

Participando pela primeira vez, a UnB, o professor Paulo Lustosa conta que criaram uma planilha com a pontuação agregada de cada empresa e colunas adicionais para o refinamento posterior da avaliação. Cada aluno do doutorado, num total de 12, ficou responsável por avaliar individualmente a qualidade das demonstrações financeiras de 5 ou 6 empresas. Isso possibilitou a identificação, num primeiro momento, na subamostra que receberam, com base nas diretrizes gerais, das empresas de maior e menor transparência e, consequentemente, aquelas que ocupavam posições intermediárias. 

Posteriormente, os alunos da UnB se reuniram várias vezes para alinhar as percepções que tiveram de suas subamostras com as dos demais colegas. Lustosa explica que nessas reuniões gerais, chegaram a um consenso sobre as melhores e piores demonstrações financeiras entre as 70 DFs analisadas e, consequentemente, sobre a posição relativa de cada empresa na avaliação geral. Nas colunas adicionais da planilha de notas agregadas, foram registradas as observações sobre os diferenciais que levaram aos ajustes nas notas da etapa de avaliação em subamostra para a avaliação geral. 

A coordenação geral das atividades na UnB foi realizada por Lustosa, principalmente, e subsidiariamente pelos professores Jomar Rodrigues e Jorge Katsumi. Na reunião geral de alinhamento das notas, um aluno do doutorado com maior experiência, que já atuou como Controller em grandes empresas multinacionais de mineração, foi designado como coordenador, para auxiliar nessa etapa importante do processo de avaliação. 

“O empenho e a dedicação dos coordenadores e alunos do doutorado garantiram a integridade e imparcialidade do Troféu Transparência 2023. Esse minucioso trabalho reflete o compromisso em reconhecer e premiar empresas que se destacam na transparência de suas demonstrações financeiras, fortalecendo a confiança no mercado e a valorização da transparência no cenário empresarial”, disse Lustosa. 

Mais uma novata na Avaliação Técnica, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), representada pelo professor Adriano Rodrigues, expressou satisfação em participar como avaliador, elogiando a equipe pela habilidade em conciliar conhecimentos teóricos e práticos sobre o tema. Ele relatou ter avaliado 10 empresas, seguindo um padrão estabelecido pelo grupo de avaliadores. Já Vagner Antônio Marques, representando o Programa de Pós-graduação em Ciências Contábeis da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), participou do Comitê Técnico do Troféu Transparência. Ele enfatizou a oportunidade única de avaliar o esforço das companhias em demonstrar transparência nas divulgações às partes interessadas. 

Pontos de destaque da avaliação 2023 

Com relação aos critérios, Lustosa explica que focaram nos seguintes aspectos: princípios do Prêmio Transparência e diretrizes gerais a serem consideradas na análise da qualidade e transparência na divulgação dos relatórios financeiros; importância da consistência interna entre as informações prestadas em diferentes partes das demonstrações financeiras. O Relatório da Administração precisa estar alinhado com o que foi reportado no balanço, DRA e DFC. As notas explicativas, além de serem consistentes com as informações agregadas, também devem agregar valor informativo, indo além do padrão usual de apresentação. Isso pode requerer criatividade na representação das informações em tabelas, gráficos, infográficos e outras visualizações, tornando-as mais atrativas e fáceis de entender pelos usuários; e as informações voluntárias relacionadas ao relato integrado, ESG e o resultado apresentado em moeda devem ser ponderadas e pontuadas de acordo com seu poder contributivo para a transparência e facilidade de entendimento das demonstrações financeiras da empresa. 

Cada item avaliado pela FECAP levou em consideração o nível de divulgação (disclosure) das 75 empresas. Segundo Allan, alguns itens são extremamente relevantes na análise, como a precisão, responsividade e objetividade das notas explicativas, bem como a qualidade do relatório de administração. Esse relatório não deve ser extenso, mas deve explicar de forma clara os principais números das demonstrações. Outro ponto destacado por ele é a importância de temas relacionados ao ESG (Ambiental, Social e Governança) – os stakeholders estão cada vez mais valorizando a divulgação de informações sobre a relação da empresa com a comunidade, colaboradores, clientes e outros agentes, assim como as práticas de governança corporativa e o impacto das ações ambientais. 

Uma questão trazida por Alexandre Gonzales, professor e representante do Insper no Comitê Técnico, é que o relatório da administração, assim como as próprias notas explicativas, desempenha um papel fundamental no conjunto de demonstrações contábeis, que é fornecer informações relevantes ao usuário da informação contábil. Ao mesmo tempo, é importante que essas informações não apresentem dados não relevantes, seguindo as diretrizes da OCPC 07 – Evidenciação na divulgação dos relatórios contábil-financeiros de propósito geral, que é direcionada a demonstrações contábeis e notas explicativas. 

Segundo Gonzales, a informação relevante é aquela capaz de influenciar na decisão do usuário da informação contábil. Portanto, a falta de informações relevantes reduz a qualidade das informações contábeis, enquanto a presença de informações não relevantes aumenta o custo de publicação, polui as demonstrações contábeis e pode desviar o foco do que é realmente importante. “Nesse sentido, analisar informações contidas no conjunto completo das demonstrações contábeis, e não apenas nas demonstrações mais conhecidas, é essencial para garantir a qualidade das demonstrações contábeis e permitir ao usuário das informações contábeis uma adequada compreensão da história que está sendo contada pelas empresas.” 

Do ponto de vista de Marques da Ufes, a análise das demonstrações é essencial para avaliar o desempenho passado e fazer previsões para o futuro. Nesse contexto, o Troféu Transparência celebra as boas práticas de divulgação e incentiva as companhias a apresentarem o conjunto de informações financeiras de forma clara, objetiva e útil. 

Além disso, Rodrigues da UFRJ ressalta ser fundamental esclarecer que, em seu processo de análise, o foco não está no caráter numérico e quantitativo das demonstrações, como, por exemplo, validar os valores reportados pelas empresas (essa responsabilidade fica a cargo dos auditores independentes). “Nossa análise buscou verificar a capacidade de explicação e esclarecimento dessas demonstrações, incluindo as informações apresentadas no Relatório da Administração e a qualidade das Notas Explicativas em esclarecer pontos relevantes das empresas analisadas.” 

Carvalho da FECAP ressalta que o Troféu Transparência está em sua 27ª edição, cumprindo ao longo dos anos seu objetivo de reconhecer e homenagear empresas que possuem as melhores práticas de transparência em informações contábeis, publicadas por meio de suas demonstrações financeiras. “A ANEFAC, sempre atenta aos novos temas de interesse dos stakeholders e aos aspectos regulatórios, é a responsável por esse prestigioso prêmio, que ficou conhecido como o ‘Oscar da Contabilidade'”. 

Ele destaca que as ganhadoras do prêmio não apenas serão homenageadas, mas também servirão de exemplo para outras empresas. Esse reconhecimento incentiva a busca contínua pela melhoria, tornando esse processo muito importante. A premiação envolve diversos executivos e acadêmicos, sendo um motivo de orgulho para a FECAP, uma instituição pioneira no campo de negócios, especialmente na área de contabilidade. “O Troféu Transparência – ANEFAC é um símbolo, um espelho, um verdadeiro incentivo para que as empresas não apenas divulguem mais informações, mas também o façam de forma objetiva e clara”, afirma. 

Além disso, Lustosa acredita que foi um avanço significativo, a partir deste ano, envolver outras universidades do país, por meio de diferentes comitês, na avaliação das demonstrações financeiras e na cadeia decisória do Prêmio. A importância desse processo para a escolha das demonstrações financeiras mais transparentes do Brasil, na visão de Marques, é essencial. “A transparência é uma forma de reduzir a assimetria de informações entre os gestores e as demais partes interessadas. Nesse sentido, o prêmio destaca aquelas empresas que adotaram práticas dignas de incentivo para a melhoria da alocação de recursos e tomada de decisão”. 

Essa análise que vai além dos números, segundo Rodrigues, é muito importante para incentivar as empresas a reportarem informações que realmente importam para os usuários das demonstrações financeiras, bem como para reconhecer e premiar as empresas que se destacam na transparência. “Por isso, um ponto que consideramos bastante em nossas análises foi valorizar as empresas que não se limitaram a trazer informações normativas de conhecimento geral, mas aquelas que conseguiram detalhar e explicar informações específicas e relevantes da própria empresa”. 

Adriano Rodrigues, professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Allan Carvalho, professor na Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP)
Paulo Lustosa, professor na
Universidade de Brasília (UNB)
Vagner Antônio Marques, professor na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)

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