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A transformação digital da saúde baseada em desfechos clínicos e valor 

No começo do século 20, os carros fabricados eram um produto caro, resultado de trabalho quase artesanal e focados nos clientes ricos que tinham dinheiro para comprar aquilo que era visto pelo público em geral como “uma carroça mecanizada”. O grande golpe de inovação de Henry Ford, criador da Ford Motor Company em 1903, foi reconhecer que com as técnicas certas os carros podiam ser acessíveis para o público em geral – e que o público em geral os desejaria. 

Henry Ford não inventou a linha de montagem, como talvez alguns imaginam, pois seu conceito já existia desde o século 11 na Europa com a montagem de barcos pelos venezianos. Quando Ford começou a pensar no seu famoso carro modelo T, ele nem tinha a linha de montagem em mente. “A questão era como fazer um automóvel mais rapidamente a um custo mais baixo, e eles tropeçaram na ideia da linha de montagem“, disse Bob Casey, curador de transporte do Museu Henry Ford. Ao contrário de seus concorrentes, Ford começou a imaginar os automóveis acessíveis para qualquer um, e essa visão transformou definitivamente o mundo automobilístico! 

É nesse sentido que abordamos o tema deste artigo. A mudança tão necessária no atual modelo de negócio da Saúde não passa inicialmente pelos conceitos de desfechos clínicos e valor da cadeia assistencial. Antes, a demanda mais premente é como controlar os custos crescentes e receitas estagnadas ou decrescentes, numa balança que não se equilibra mais na fórmula atual de pagamentos por serviços ou procedimentos médicos. Em suma, a balança atual da saúde já desiquilibrou faz tempo! 

Alastair Kent, chairman do consórcio europeu EPPOSI, destacou que “as inovações na assistência médica que não alcancem os pacientes são uma perda de tempo, expertise e recursos”, e isso se aplica em igual medida aos novos modelos de negócios da saúde. Se não vislumbrarmos que novos parâmetros devem ser usados para guiar o atendimento dos pacientes, tratamento das doenças e investimento de recursos na saúde, a balança econômica da saúde pode se inviabilizar de vez. A revista Harvard Business Review de setembro de 2011 (edição em inglês) trouxe em sua capa a provocante matéria “Como solucionar a crise de custos da assistência na saúde”, escrita pela renomado escritor Michael E. Porter. 

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Graças ao próprio processo de transformação digital na Saúde, com a introdução de novas tecnologias e ferramentas como Inteligência Artificial, Blockchain, Big Data e Predictive Analytics, teremos condições de depurar cada vez melhor os novos indicadores que facilitarão esta migração de modelo para o baseado em desfechos clínicos e valor. 

Podemos registrar que trata-se de uma questão de sobrevivência para a sustentabilidade financeira e perenidade na prestação de serviços para as instituições de saúde no país, obrigando as instituições a olharem com “lupa” suas planilhas de custos, seus mecanismos e processos de compras, contratações e até mesmo seus modelos de logística de armazenamento e distribuição de insumos médicos, com consequente aprimoramento na formação de preço dos serviços. 

Entendemos esse movimento de forma muito positiva e saudável, pois os benefícios para todos os participantes na cadeia que envolve a prestação de serviços de saúde, com resultados, sem dúvidas, muito melhores para os usuários. 

Em conclusão, voltamos a citar Michael Porter no tocante à necessidade de usarmos a estratégia certa no futuro modelo de negócio da saúde – “não é sermos melhores que nossos competidores, mas sermos diferentes naquilo que fazemos”! 

Artigo escrito por André Giordano Neto, superintendente corporativo na Fundação Zerbini e Head de Inteligência de   Mercado na Saúde na ANEFAC, e Guilherme Rabello, Head de Inovação do Instituto do Coração do HCFMUSP e Fundação Zerbini. 

André Giordano Neto, superintendente corporativo na Fundação Zerbini e Head de Inteligência deMercado na Saúde na ANEFAC
Guilherme Rabello, Head de Inovação do Instituto do Coração do HCFMUSP e Fundação Zerbini

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