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Crédito privado no Brasil: perspectivas e desafios 

O crédito privado tem se consolidado como uma alternativa crescente e estratégica para o financiamento de empresas no Brasil, especialmente em um momento em que o acesso a capital se torna crucial para o desenvolvimento econômico.  

Para Alexandre Zampar, sócio da Brave Asset, responsável pelas áreas de Compliance e Riscos, e membro efetivo do Comitê de Crédito e de Investimentos da gestora, o crescimento do crédito privado é de “suma importância” para a economia brasileira. Ele destaca que “trazem empuxo às empresas que acessam esse mercado, quer seja para financiar investimentos, ou até mesmo melhor administrar seu capital de giro.”  

Contudo, ele reconhece que o grande desafio é “aproximar as pontas” em cada hiato de tempo entre os diferentes momentos do mercado. O crédito privado tem se mostrado um “relevante instrumento de captação de recursos”, gerando, ao mesmo tempo, oportunidades interessantes para investidores que buscam boas opções de prêmios considerando a relação risco e retorno. “Juntar a fome com a vontade de comer”, como ele diz, deve ser o objetivo para que todos se sintam “saciados e felizes”. 

Ao avaliar o cenário atual, Zampar expressa seu receio sobre a imprevisibilidade da economia brasileira: “Sempre muito complexo falar de perspectivas futuras para o nosso Brasil.” Apesar disso, ele compartilha uma previsão otimista de que o mercado de crédito poderá atingir em 2024 cerca de 10% do PIB, equivalendo a R$ 1 trilhão em negócios com títulos privados. Mas, alerta: “o Brasil sempre atravessa períodos de mais dúvidas do que certezas nos rumos da sua economia.”  

Os riscos, como o aumento dos juros e a insistente inflação, impactam diretamente a confiança do investidor, essencial para a demanda por crédito pelas empresas. Um dos pontos mais interessantes, na visão de Zampar, é a inclusão de um grupo mais amplo de empresas no financiamento por meio da emissão de títulos de crédito privado corporativo. Ele observa que essa modalidade, antes acessível principalmente às grandes companhias, está se tornando uma alternativa cada vez mais atrativa. “Creio que sejam disrupturas importantes que podem propiciar um crescimento significativo”. 

Entretanto, ele também ressalta que ainda existem grandes deficiências de governança e transparência entre muitas empresas. “Há um caminho grande ainda pela frente neste sentido”, afirma. Zampar defende que as empresas precisam “arrumar a casa” para que possam acessar adequadamente esse tipo de mercado.  

Além disso, menciona a necessidade de educação financeira entre o público de varejo: “O Brasil carece ainda de muita educação financeira.” Para ele, a evolução no acesso ao crédito privado e a maturidade do mercado caminham juntos, e “ainda vai levar mais um tempinho até atingirmos o ápice desta maturidade.” 

Alexandre Zampar, sócio da Brave Asset

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