No total, mais de 80 profissionais e 9 academias estiveram envolvidos no processo de avaliação do Troféu Transparência 2024. A Diretoria Executiva é composta por Andreia Fernandez, Antonio Carlos Machado, Bolí Rosales, David Kallás, Genaro Oddone, Marta Pelucio e Wagner Petelin. O Comitê Técnico é formado por Clovis Ailton Madeira, Adriano Rodrigues (UFRJ), Alexandre Gonzales (Insper), Cecilia Geron (Mackenzie), Fabiana Lopes (Fipecafi), Fabiano Lima (USP Ribeirão Preto), Flávio Riberi (Fipecafi), Pier Paolo (mercado), Rosana Gonçalves (USP Ribeirão Preto), Vagner Marques (UFES) e Vera Ponte (Universidade Federal do Ceará). A Comissão Julgadora inclui Pedro Farah, Amaro Gomes (mercado), Eric Martins (Insper), Vania Borgerth (Fucape) e Alexandre Sanches Garcia (Fecap).
Em nome da Fucape Business School, Valcemiro Nossa compartilha a experiência e os insights sobre a participação na análise e avaliação do disclosure das Demonstrações Contábeis das empresas no Brasil para o Troféu Transparência 2024. Ele destaca que a participação da universidade refletiu o compromisso da instituição com a transparência e a qualidade da informação contábil, fundamentais para o fortalecimento da governança corporativa no país. Durante as análises, os alunos e professores contribuíram com uma visão crítica e técnica, avaliando os principais critérios de disclosure que garantem clareza, precisão e compreensibilidade das demonstrações contábeis.
O processo de escolha das empresas ganhadoras envolveu uma análise detalhada de fatores como consistência na divulgação de informações, relevância dos dados apresentados ao mercado e aderência às melhores práticas contábeis. Nossa observa que “um ponto de destaque foi a capacidade de as empresas apresentarem informações que não apenas atendem aos requisitos legais, mas que também agregam valor ao leitor, facilitando a tomada de decisão e o entendimento sobre a saúde financeira da organização”.
A Fucape considera fundamental que as empresas mantenham um alto padrão de transparência, indo além da simples conformidade e buscando uma comunicação efetiva e acessível. “Este ano, a seleção evidenciou que, além da qualidade técnica, as empresas vencedoras se destacaram por demonstrarem responsabilidade e comprometimento em suas divulgações, refletindo boas práticas de gestão e um alinhamento com os interesses de seus stakeholders. Nos sentimos honrados em ter contribuído com esta iniciativa, reafirmando seu papel como uma ponte entre a academia e o mercado, formando profissionais capacitados para atuar com ética e excelência.”
Já Paulo Lustosa explica que reuniram toda a equipe, um total de 36 pessoas, para definir a estratégia de trabalho. Depois, uniformizaram o objetivo do TP, os critérios de checagem e pontuação e a articulação entre os quesitos. “Designamos 2 coordenadores para controlar o trabalho entre o grupo de 33 alunos de mestrado e doutorado responsáveis por acompanhar e controlar a evolução do trabalho. Distribuímos 3 balanços para cada aluno analisar; usamos a inteligência artificial restrita a fontes locais (NotebookLM) para analisar e pontuar, por quesito e no total, uma amostra de balanços, a fim de balizar o trabalho dos alunos e estabelecemos 2 pontos de controle no período de análise para colher feedback dos alunos sobre o processo de avaliação e acompanhar o andamento dos trabalhos”, explica.
Ahmed Sameer El Khatib, coordenador técnico pela FECAP, ressalta a importância do Prêmio Transparência da ANEFAC, que se consolidou como um dos principais reconhecimentos no Brasil em relação à transparência e qualidade das informações financeiras. Ele afirma que “este prêmio não apenas celebra as melhores práticas de divulgação contábil, mas também promove um ambiente de confiança e responsabilidade no mercado financeiro.”
O Troféu Transparência, considerado o “Óscar da Contabilidade Brasileira”, desempenha um papel crucial na promoção de boas práticas de governança corporativa. Ao avaliar a clareza e a precisão das demonstrações financeiras, o prêmio incentiva as empresas a adotarem altos padrões de transparência, essenciais para a accountability e a confiança dos investidores. A FECAP, com mais de 20 docentes envolvidos nas avaliações, reforça a credibilidade do prêmio e assegura que as empresas ganhadoras sejam aquelas que realmente se destacam em termos de qualidade informativa.
A seleção das ganhadoras foi baseada em critérios rigorosos que refletem as melhores práticas de governança corporativa e contabilidade. Khatib pontua os principais critérios utilizados na seleção:
Qualidade e clareza das informações: Avaliamos a qualidade das informações financeiras apresentadas, considerando a clareza e a precisão dos dados. Empresas que se destacaram foram aquelas que conseguiram comunicar suas realidades financeiras de forma acessível, facilitando a compreensão por parte de todos os stakeholders.
Conformidade com normas contábeis: A aderência às normas contábeis brasileiras foi um fator determinante. As empresas que não apresentaram ressalvas em seus relatórios de auditoria demonstraram um compromisso sólido com a transparência e a integridade das informações.
Transparência nas notas explicativas: As notas explicativas são fundamentais para o entendimento das demonstrações financeiras. As ganhadoras se destacaram pela profundidade e clareza dessas notas, que complementam as informações financeiras e oferecem um panorama mais completo da situação da empresa.
Inovação na divulgação: Observamos também a capacidade das empresas em inovar na forma de divulgar suas informações. Aqueles que foram além do mínimo exigido legalmente, apresentando relatórios abrangentes sobre sustentabilidade e responsabilidade social, foram particularmente valorizados.
Apresentação visual: A forma como as informações são apresentadas influencia diretamente em sua interpretação. As empresas que investiram em layouts claros e atraentes, facilitando a leitura e compreensão dos dados, foram reconhecidas positivamente.
Além de ser um reconhecimento prestigioso, Khatib ressalta que o Prêmio Transparência serve como um importante indicador de benchmarking para as empresas. “Ganhar este prêmio posiciona uma empresa em um patamar elevado no mercado, tornando-a mais atrativa para investidores e parceiros comerciais. As edições passadas demonstraram que empresas premiadas tendem a ter um desempenho superior, refletindo a relação positiva entre transparência e resultados financeiros. A inclusão dos professores da FECAP no processo de avaliação não apenas enriquece a análise técnica, mas também reforça o compromisso da ANEFAC com a excelência acadêmica e profissional. A experiência e o conhecimento dos docentes garantem que os critérios de avaliação sejam rigorosos e alinhados às melhores práticas do mercado.”
Ele acredita que este processo colaborativo entre academia e prática empresarial é essencial para promover um ambiente de negócios mais transparente e ético no Brasil, contribuindo assim para a evolução contínua das práticas contábeis e de governança corporativa. “O reconhecimento através do Troféu Transparência não apenas valoriza as práticas contábeis das empresas, mas também promove um ambiente de negócios mais ético e sustentável. As ganhadoras se posicionam como líderes em transparência no mercado, o que pode resultar em maior confiança por parte dos investidores e stakeholders. Além disso, a premiação incentiva outras empresas a aprimorarem suas práticas de divulgação financeira, contribuindo para uma cultura corporativa mais responsável e transparente no Brasil.”
Segundo Khatib, é gratificante ver como o Troféu Transparência continua a evoluir e a incentivar as empresas a adotar melhores práticas de governança. “As ganhadoras deste prêmio não apenas se destacam no mercado, mas também servem como exemplos inspiradores para outras organizações, promovendo uma cultura de transparência que beneficia toda a sociedade. Estou ansioso para ver como as empresas premiadas utilizarão esse reconhecimento para continuar aprimorando suas práticas e contribuindo para um ambiente empresarial mais transparente e responsável.”
Para Tiago Slavov, da Fecap, é uma grande honra ter participado do processo de seleção das ganhadoras do Prêmio de Transparência 2024. “Durante essa experiência, focamos em critérios que refletem pilares da transparência, como acessibilidade, clareza, comparabilidade, disponibilidade e precisão. O objetivo era identificar empresas que demonstram um compromisso sólido com a comunicação clara, facilitando a compreensão e o acesso às informações por parte de investidores e stakeholders.”
Slavov ressalta que a análise incluiu uma avaliação detalhada dos demonstrativos financeiros, destacando aspectos como a linguagem simples e a apresentação visual para melhor absorção de conteúdo. “Foram valorizadas empresas que não apenas atendem aos requisitos de conformidade, mas que vão além, fornecendo insights críticos e estratégias que refletem uma governança eficaz e uma gestão responsável. Acredito que as empresas que abraçam essa transparência se beneficiam de uma maior confiança e engajamento dos stakeholders, consolidando sua reputação e seu valor no mercado. Foi inspirador ver o nível de dedicação e inovação que as finalistas demonstraram neste ano, estabelecendo novos padrões para relatórios corporativos e comunicação com investidores.”
Na Eric Martins, do Insper, a participação na comissão julgadora do Prêmio Transparência da ANEFAC, neste ano de 2024, trouxe uma dificuldade maior do que nos anos anteriores. Ele pontua que a melhoria da qualidade das demonstrações contábeis, de forma geral, tem feito com que a diferença entre os finalistas seja cada vez menor e, portanto, cada vez mais difícil de definir quais devem ser as premiadas como destaque.
Martins analisa que esse aumento da qualidade das demonstrações contábeis e a consequente diminuição da diferença entre elas vêm ocorrendo já há anos. Isso é fruto também da influência do próprio Prêmio Transparência, mas também do amadurecimento do mercado, da maior exigência dos usuários e de um entendimento mais profundo das normas contábeis por parte dos elaboradores. “É interessante notar que não somente nas demonstrações contábeis propriamente ditas ocorre esse incremento de qualidade. Nos Relatórios da Administração, uma peça não regulada pelas normas contábeis, vê-se um incremento de qualidade informacional bastante relevante também, nos últimos anos.”
Isso não implica dizer, de acordo com Martins, que não existem melhorias a serem feitas: muitos vícios ainda do passado se repetem, como exageros de informações desnecessárias, especialmente em relação às políticas contábeis, utilização de textos muito refratários para o entendimento da essência econômica do que está sendo divulgado, ausência ou falta de clareza na divulgação de informações relevantes, tamanhos excessivos de notas explicativas com pouca distinção do que de fato é relevante para a avaliação do resultado e riscos, entre outros aspectos que precisam, de forma generalizada, ser melhorados. “De toda sorte, é visível o aumento da qualidade, de forma geral, nas demonstrações, o que nos dá bastante ânimo, pois indica que a profissão contábil no Brasil está andando na direção correta. E com bastante velocidade!”
Ao finalizar, David Kallás diz que “com um histórico de 28 anos, o Troféu Transparência foi criado antes mesmo desse tema ser trazido à tona por conta de grandes escândalos corporativos internacionais.” Nesses anos, a ANEFAC tem se preocupado não só com a atualização dos critérios, mas também em trazer avaliadores diversos, tanto em termos regionais quanto acadêmicos, com mais de 100 pessoas atuando em diferentes frentes nesta edição.