
No cenário corporativo atual, a integração de práticas de sustentabilidade e responsabilidade social é cada vez mais essencial. Ronan Max Prochnow, gerente de sustentabilidade & ESG no CTG Brasil, e Antonio Entraut, contador responsável pela CTG Brasil e parceiro na construção de relatórios de sustentabilidade, apontam a importância da colaboração entre contadores e gestores de ESG para um futuro mais sustentável.
O papel dos contadores na sustentabilidade
A convergência entre contabilidade e ESG permite que as empresas adotem uma abordagem mais robusta em relação à sustentabilidade. Prochnow destaca que a colaboração entre contadores e gestores de ESG é fundamental. “Contadores podem integrar práticas de ESG nas rotinas diárias ao garantir que as métricas ambientais, sociais e de governança sejam refletidas nos relatórios financeiros e nos processos de gestão de risco.” Essa integração é vital para que os gestores de ESG utilizem dados concretos que embasem suas iniciativas, mostrando como a sustentabilidade pode impactar financeiramente a organização.
Além disso, Prochnow enfatiza a importância de desenvolver KPIs (Indicadores-Chave de Desempenho) e SLAs (Acordos de Nível de Serviço) sustentáveis, que ajudam a garantir a conformidade regulatória e alinham as expectativas e responsabilidades com as diversas áreas da empresa. A monitorização de indicadores ESG e a promoção da transparência nos relatórios fortalecem a cultura organizacional em torno da responsabilidade social, tornando a sustentabilidade um pilar estratégico da empresa.
Para que contadores atuem de forma eficaz como facilitadores na implementação de iniciativas de ESG, algumas habilidades são cruciais. Entraut aponta a importância das habilidades analíticas para interpretar dados não financeiros e traduzi-los em informações financeiras estratégicas. “Contadores devem estar familiarizados com frameworks como GRI, SASB e, futuramente, com o IFRS S1 e S2, pois isso proporciona uma base sólida para os relatórios de ESG, garantindo confiabilidade e conformidade”, explica.
A comunicação eficaz e a visão estratégica também são essenciais. Para ele, os contadores devem ser capazes de influenciar decisões corporativas e demonstrar o impacto financeiro das práticas sustentáveis, especialmente no contexto do relacionamento com gestores de ESG, que precisam ter uma visão holística para transformar dados contábeis em insights estratégicos.
Mensuração e transparência das iniciativas de ESG
A mensuração precisa dos impactos ESG é um elemento vital para a transparência e a credibilidade das iniciativas corporativas. Segundo Prochnow, contadores desempenham um papel essencial nesse processo, estabelecendo padrões para a coleta, validação e auditoria de dados ESG, garantindo que sejam consistentes, comparáveis e auditáveis — experiências que os contadores já possuem em suas funções. Esse suporte permite que os gestores de ESG desenvolvam relatórios robustos e estratégias eficazes.
Ele acredita na necessidade de que as métricas financeiras ou não assegurem que os dados estejam alinhados às exigências regulatórias e padrões internacionais, como o IFRS S1 e S2. Ao fazer isso, os contadores não só melhoram a governança e a transparência nos dados ESG, mas também fortalecem a percepção da empresa perante investidores, clientes e demais stakeholders, reforçando sua responsabilidade social e ambiental.
Um dos principais desafios enfrentados na promoção de práticas ESG em suas organizações é a resistência interna à mudança. Prochnow destaca que “a dificuldade na coleta de dados e a falta de padronização nas métricas de sustentabilidade também são problemas comuns.” Para superar esses obstáculos, os contadores podem atuar como agentes de mudança, demonstrando que boas práticas de ESG geram valor financeiro e reduzem riscos a longo prazo.
Na visão de Entraut, é fundamental que os contadores entendam a maturidade atual da organização e trabalhem em parceria com gestores de ESG para construir modelos de mensuração que traduzam impactos sociais e ambientais em benefícios tangíveis para a empresa. “Gradualmente, essa abordagem pode convergir para um modelo IFRS, que robustecerá ainda mais o compromisso das organizações com a sustentabilidade.”
Em um mundo cada vez mais digital, a automação e a digitalização do processo de coleta de dados ESG tornam-se ferramentas essenciais para facilitar a integração dessas métricas nos relatórios financeiros. Manter-se atualizado com as mudanças regulatórias também é crucial para garantir conformidade e mitigar riscos.
A integração de práticas de ESG nas rotinas contábeis não é apenas uma tendência; é uma necessidade para empresas que desejam prosperar em um ambiente de negócios em constante evolução.

Ronan Max Prochnow, gerente de sustentabilidade & ESG no CTG Brasil
