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O valor da liderança humana em ambientes tecnológicos 

A gestão de pessoas vem sendo cada vez mais desafiada a superar e a dar respostas novas às transformações digitais do mundo. A era digital transformou profundamente o mundo do trabalho. Automação, inteligência artificial e análise de dados moldam o novo contexto das organizações. Mas, diante de tanta tecnologia, uma pergunta persiste: qual é o lugar do ser humano nesse novo cenário? Porém, reconhecer o indivíduo como “ser humano” e entender que ele é o centro da produtividade em uma organização é uma grande evolução. Uma liderança humanizada é um modelo que coloca empatia, escuta ativa, propósito e desenvolvimento contínuo no centro da gestão. Muitas empresas, ainda associam tecnologia à eficiência, e esquecem que o maior diferencial competitivo continuará sendo as pessoas.  

Um desafio pujante é equilibrar práticas individuais com grandes cientistas, empreendedores, youtubers e que buscam sua projeção em associação com práticas coletivas, imprescindíveis para formar cultura, engajamento e sobrevivência a longo prazo. Assim, as organizações com líderes que demonstram empatia e investem no bem-estar têm até 4 vezes mais chances de reter talentos em ambientes digitais, segundo relatórios da Mckinsey (2025). A tecnologia pode acelerar processos, mas só pessoas engajadas criam soluções inovadoras, aprendem com agilidade e colaboram genuinamente. 

Analisando organizações que crescem aceleradas com a implementação da digitalização, alguns comportamentos de suas lideranças são fundamentais para acolher novas gerações e inovar dentro de um espaço, ainda, restrito de mudanças chamado CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas).  

Empatia em tempos de dados: ouvir mais do que falar, entender mais do que controlar. 

Saúde mental e segurança psicológica: ambientes saudáveis geram times mais produtivos e menos rotatividade. 

Autonomia com responsabilidade: dar liberdade exige confiança e clareza de propósito. 

Learning agility ou aprendizagem contínua: líderes humanizados são também mentores, que facilitam o aprendizado e não apenas cobram resultados. Estão dispostos a ter mentoria reversa, não somente serem o palco da atenção.  

Por mais inovação que temos, o cérebro continua o mesmo. O que muda é a forma como buscamos a aprendizagem direcionada a produtividade. No cenário digital, o aprendizado contínuo é vital, esse é o fator humano que torna isso possível. Colaboradores só aprendem e se desenvolvem quando se sentem seguros, valorizados e desafiados de forma positiva. Equipes com líderes que priorizam segurança psicológica, o bem-estar e o desenvolvimento são mais produtivos, com menos turnover e afastamento das pessoas do trabalho. O diálogo ainda é uma chave de sucesso para a permanência das pessoas em uma organização que tem clareza, direcionamento e sabe o que quer.   

Contudo, líderes que reconhecem a importância das emoções, compreendem contextos individuais e estimulam o diálogo, conseguem cultivar culturas de aprendizagem, em que os times acabam se destacando com maior capacidade de adaptação, inovação e solução de problemas. A tecnologia sozinha não irá fazer todo esse avanço, sem o ente humano as estratégias são pouco aproveitadas. Segundo a PwC (2023), 46% das empresas enfrentam lacunas de habilidades digitais e resolver esse desafio exige mais que treinamentos técnicos. É preciso preparar as pessoas para o futuro. Por esse motivo os fóruns internacionais falam tanto em upskilling que é o desenvolvimento de habilidades complementares às que o colaborador já possui. Ou seja, identificar trilhas de conhecimentos e reforçar novas possibilidades de atuação com conhecimentos já existentes. E o reskilling, que é o desafio de requalificação para áreas totalmente novas, onde o esforço empresarial será imenso, para mover a mentalidade de ganhar por hora, para ganhar por produtividade. O trabalhador ser reconhecido pelo conhecimento e pela resolução de problemas que oferece e saber trocar isso por trabalho, será um avanço diferencial na digitalização. Não mais executar só uma função, mas trazer integração de conhecimentos que contribuam diretamente para a estratégia de um negócio.  

Para que esse processo funcione, é necessário um ambiente onde o erro seja visto como parte do aprendizado e o colaborador tenha um plano claro de crescimento, o que ainda é uma realidade muito remota na maioria das culturas. Líderes humanizados apoiam seus times emocionalmente e tecnicamente durante essas transições. Assim podemos concluir que liderança humanizada é uma necessidade, não uma tendência. Segundo a Deloitte (2024), empresas com líderes centrados nas pessoas têm 3 vezes mais chance de sucesso na transformação digital. Isso porque tecnologia sem cultura é apenas uma ferramenta. Já com cultura humanizada, a tecnologia se torna meio para um fim maior: potencializar talentos humanos. A liderança humanizada não é uma moda passageira, posso afirmar que é uma resposta estratégica aos desafios da era digital. Em um mundo movido por algoritmos, líderes que valorizam o humano continuarão sendo insubstituíveis. O futuro do trabalho será híbrido, mas o sucesso continuará profundamente humano. 

Artigo escrito por Elton Moraes. Ele é doutor em Psicologia pela Judge Business School Cambridge UK, especialista em remuneração executiva e desenvolvimento de líderes, consultor e professor das maiores escolas de negócio do país (IBMEC, FGV, INSPER e FDC).  

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