A gerente cientista:
Baseia-se na lógica, confia em dados científicos, o tempo todo quer criar modelos replicáveis para solução de problemas. Planejamento é com ela, seja estratégico, seja para uma simples reunião ou o feedback com algum membro da equipe. Nunca foi observada resolvendo um problema simples de falta de comunicação entre a equipe. Dizem que uma vez um cliente chegou à empresa reclamando de um produto comprado numa loja, mas ela questionou se o cliente sabia qual era a missão, visão e valores da organização, que inclusive norteavam a estratégia de longo prazo da companhia. O cliente saiu de lá sem comprar nada, mas entendeu que a missão estava mais focada em satisfazer a empresa do que a clientela.
O gerente artista:
Seu forte é a imaginação, muito eloquente, discute sobre cores, formatos, design e estética de tudo que encontra no escritório ou quando visita lojas. Raramente toma decisões, acha o processo de materialização muito superficial e desnecessário. Padrões, futuro e dizem até “viagens na maionese” são quase que um TOC para ele. Sempre elegante, dizem até um pouco arrojado para os padrões da companhia, mas gosta de gravatas borboleta, suspensório, e certa vez usava um bigode a lá Salvador Dali. Muito original em todos os amigos secretos da firma, sempre surpreende com presentes originais e criativos. Dono de uma sensibilidade ímpar, certa vez visitou a loja e vendeu para uma senhora, que buscava algo decorativo para sua casa, um utensílio de cozinha. Havia tanto tempo que o utensílio estava decorando a gondola que ele o via como objeto de arte e não estoque. “Tome, leve algo que tem muito valor para nós, lhe dou nossa peça a preço de banana”, disse ele à senhora.
O gerente raiz:
Este não cria modelos, não sabe pra que serve planejamento estratégico, aliás acha terrível ter que ficar fora da empresa três dias enquanto “o bicho pega” lá no “chão da produção”, como diz costumeiramente. Para ele, nada é tão prático como olhar no olho do cliente e saber o que ele quer. Nem espera que sejam abertos chamados na manutenção, voluntariamente observa os corredores das instalações e já vai avisando sobre lâmpadas queimadas, falta de pintura em paredes, torneiras vazando pelos banheiros, etc. Ele confia em sua experiência, em sua habilidade prática, e é praticamente um artesão do management. Eficiente, correto e sem “lero-lero”, essa tem sido sua identidade ao longo dos anos de serviço prestado à organização.
Reunidos para uma sessão de brainstorming, a fim de lançar novos produtos e serviços, o raiz contou inúmeras histórias que já vinha ouvindo dos clientes, a cientista agrupou os dados, criou correlações e extrapolações que apontaram o caminho a explorar, o artista montou a apresentação, criou uma “mística” que ele chamou de storytelling e a vendeu para o diretor geral, que sabia muito bem que um time precisa de diversidade para ir além do óbvio.
Moral da história, como diria Guimarães Rosa: “é junto dos bão que a gente fica mió”
Administrar a diversidade humana significa não apenas tolerar ou acolher todos os tipos de pessoas e suas diferenças, mas apoiar, nutrir e utilizar-se destas diferenças para o benefício da organização, e essa diversidade faz da tolerância mais que uma virtude humana, torna-se um requisito de sobrevivência das organizações no mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo como o atual.
Chegamos ao fim de mais um ano! Adorei ter estado aqui por mais este período e espero vê-los todos novamente em 2023! Um bom Natal e excelente ano novo a todos vocês.
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Lord Excrachá é uma criação de Emerson W. Dias, vice-presidente de Capital Humano da ANEFAC e fundador do portal e da série de livros O Inédito Viável.