No contexto atual em que a sustentabilidade se tornou uma questão central para o desenvolvimento econômico, social e ambiental, a adoção de práticas responsáveis e a conformidade com padrões internacionais de governança se revelam essenciais para a competitividade e resiliência das empresas brasileiras. Nesse cenário, a norma ABNT PR 2030 surge como uma iniciativa, ao buscar consolidar um framework integrado para critérios ESG (Ambiental, Social e de Governança), promovendo uma gestão moderna, eficaz e sustentável.
A matriz normativa da ABNT 2030
Segundo Nelson Al Assal Filho, diretor de Normalização na ABNT, “a ABNT PR 2030 não quer reinventar a roda, mas ela junta, todos os elementos para fazer um framework mais integrado para o ESG, ou seja, uma roda bem efetiva”. A norma, que compreende uma família de quatro documentos, cobre toda a jornada ESG, passando por avaliação do grau de maturidade ESG (1), materialidade ESG (2), planejamento e implementação na gestão ESG (3) e indicadores e reporte ESG (4). Nesse sentido, ela incorpora pilares de diversas normas de sistemas de gestão reconhecidas internacionalmente, como a ABNT NBR ISO 9001, de Gestão da Qualidade, a 14001 de Gestão Ambiental, a série 14064 de controle de emissões de GHG, a 26000 de Responsabilidade Social, a 45001 de Saúde e Segurança Ocupacional, e a série 37000 de Governança Corporativa. “A ABNT PR 2030 é como um canivete suíço, possuindo várias ferramentas (normas fundamentais) que trazem uma visão sistêmica e integrada sobre o assunto do ESG para que as organizações possam implementar essa nova abordagem para uma gestão moderna, eficiente e sustentável”.
Visão de futuro e impacto no mercado financeiro
Para além do presente, a visão da ABNT 2030 é clara ao focar na sustentabilidade do mercado financeiro brasileiro. Al Assal destaca que “os conceitos ESG foram criados originalmente para as atividades financeiras, voltadas à avaliação de riscos, e muito focados apenas no Reporte ESG, para o mercado”. Entretanto, ele reforça que “defende nas suas reuniões, que Reporte sem Gestão, é Ficção.” E completa: “isso direcionou a ABNT PR 2030 para não estar focada apenas nessa abordagem inicial, mas em prover as instruções para um novo modelo de gestão, prático, objetivo e abrangente, para toda e qualquer empresa, independente de setor e porte (e principalmente para as pequenas e médias empresas) possa implementar um modelo de gestão sustentável e ligado aos stakeholders”. Assim, ele acredita que o objetivo maior é “criar um ambiente econômico, uma sociedade mais resiliente e competitiva, gerando impactos positivos para o desenvolvimento sustentável do Brasil”.
Referência e diferenciais em premiações do setor
Em um universo em que outros frameworks internacionais convivem, a ABNT 2030 ocupa papel relevante ao ser um modelo desenvolvido por especialistas brasileiros. Para Al Assal, “primeiramente nós ficamos muitíssimos honrados com esse uso da ABNT PR 2030, apoiando a premiação da ANEFAC, o Prêmio de Boas Práticas ESG, que está em sua segunda edição. Através da iniciativa do Bolí Rosales e da Gisele Batista podemos disseminar essas boas práticas para esse público tão relevante, influente, e atuante, que são os executivos brasileiros”. O diferencial de sua abordagem está na linguagem acessível, com conceitos e exemplos voltados especialmente às pequenas e médias empresas. “Hoje há a visão por muitos, que ESG é algo distante, inatingível e apenas responsabilidade de grandes corporações”, ressalta, ao alertar que “o risco dessa visão, é que mesmo que exigências para as grandes empresas sejam mais imediatas, suas cadeias de valor são compostas por médias e pequenas empresas, que acabarão sendo cobradas com exigências e requisitos de sustentabilidade para seus produtos e serviços”.
Outro ponto distintivo é a abrangência da “família 2030”, que prioriza uma abordagem completa da “Jornada ESG”, além do reporte, focando na gestão e nas evidências que dão embasamento às informações divulgadas. Como explica o especialista, “a ABNT PR 2030 previne focar apenas no produto final que é o Reporte ESG, e dessa forma pode-se ter embasamento de gestão para o que se relata, evitando práticas indesejáveis de Greenwashing ou ESGwashing”.
ANEFAC, uma parceria que potencializa a disseminação da agenda ESG
Para Al Assal, “a ANEFAC tem um papel importantíssimo na orquestração dos principais temas estratégicos de gestão para o público dos executivos de empresas. E são exatamente os executivos que lideram, gerenciam, e movem as organizações através da sua função crítica, de liderança”. Segundo ele, “empresas são uma junção de capitais, não apenas o financeiro, mas também tecnológico, de conhecimento, e principalmente Capital Humano!”
Nesta linha, ele explica como a participação mais efetiva da ANEFAC no desenvolvimento das normas de ESG pode ampliar significativamente o impacto e a disseminação de boas práticas de gestão sustentável. “A participação mais efetiva da ANEFAC no desenvolvimento das normas de ESG (e outras), irá trazer a visão dessa liderança empresarial, para que possamos sintetizá-la dentro das boas práticas que compõem as normas técnicas.”
Além disso, a colaboração entre as duas instituições pode potencializar ações educativas e de conscientização, como seminários, workshops e treinamentos voltados para o universo corporativo. Al Assal reforça que “a ABNT poderá também, prover seminários, workshops, em conjunto com a ANEFAC, para o público de liderança empresarial, e deste modo, disseminar e gerar cases de sucessos, modelos de implementação, usando a capilaridade e influência da ANEFAC para mostrar que ESG não é apenas um desejo, mas um novo modelo de gestão, competitivo e que permite a geração de valor para a organização enquanto gera valor e promove impactos positivos para os seus principais stakeholders”.
Para ele, a abordagem ESG na gestão das organizações é uma oportunidade de potencializar resultados, ampliar a inserção no mercado internacional e fortalecer a reputação das empresas. “Potencializa seus resultados, e inserção nas grandes cadeias de valor, e mercados internacionais, e para os executivos, é uma plataforma de desenvolvimento profissional e inovação na gestão, ampliando a visão e decisões, do ‘muro para fora’ permitindo uma ação integrada e TRANSFORMADORA”.
Al Assal encerra destacando que “aproximando ANEFAC e ABNT, juntará as boas regras de gestão, daqueles que as aplicam. A inteligência do tomador de decisão para moldar as normas e boas práticas. A experiência do presente, com a estratégia para o futuro”. Por fim, ele reforça a importância de que “com a colaboração entre ANEFAC e ABNT, se estará moldando o futuro, a medida em que se cria o presente com decisões e ações, e projeta-se uma visão inovadora, para moldar um mundo próspero, justo e sustentável”.
