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Com agronegócio em crescimento, ANEFAC foca estratégia no aprimoramento da governança, investimentos e planejamento tributário

O agronegócio caminha para ser um grande protagonista na economia brasileira em 2023. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de grãos deve chegar na casa dos 302 milhões de toneladas, bem acima do que foi ano passado. Segundo o Itaú, a expectativa é que o PIB do setor cresça 10% esse ano. Atualmente, a participação do agro no PIB brasileiro é de 24,8%, dados de 2022 da Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).   

Sendo uma das principais atividades econômicas do Brasil, o agronegócio, na visão de Gemau Halla, head de auditoria, professor e diretor de agronegócio na ANEFAC, hoje para garantir sua sustentabilidade e competitividade, é necessário estar sempre atento às necessidades e aos desafios do setor. Entre os principais, ele cita: 

  • Tecnologia e inovação: o setor precisa de mais investimentos para melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos agrícolas. 
  • Infraestrutura: é essencial para o transporte de produtos agrícolas para os mercados nacionais e internacionais. É necessário investir em estradas, portos, ferrovias e aeroportos para melhorar a logística do setor. 
  • Financiamento: os produtores rurais precisam de acesso ao crédito e financiamento adequados para investir em tecnologia e inovação, bem como para expandir suas operações. 
  • Educação e capacitação: a atualização dos produtores rurais e trabalhadores é fundamental para melhorar a eficiência e a qualidade do agronegócio brasileiro. 

Já pensando em futuro, Halla acredita que as necessidades e desafios vão mudar muito e com muita velocidade em decorrência das novas tecnologias, principalmente, a mecanização e a introdução da inteligência artificial e ao aumento populacional, que impactaram em novos problemas. O agronegócio brasileiro precisa estar preparado para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgem com as mudanças no mercado, entre as principais:   

  • Sustentabilidade: a produção agrícola precisa ser mais sustentável, com práticas que reduzam o impacto ambiental e a emissão de gases de efeito estufa. 
  • Competitividade: o setor precisa aumentar sua competitividade em mercados nacionais e internacionais, reduzindo os custos de produção e melhorando a qualidade dos produtos.
  • Mudanças climáticas: representam um desafio para a produção agrícola, com eventos extremos como secas e inundações que podem prejudicar as colheitas. 
  • Escassez de mão de obra: o setor enfrenta uma escassez de mão de obra qualificada, o que pode limitar a produtividade e a eficiência da produção agrícola. 

Investimento e financiamento no agronegócio  

O cenário de crédito para financiar investimentos no agronegócio brasileiro anda, há muito tempo, na percepção de Roberto Rodrigues, CEO na R. R. Life Group e diretor de agronegócio na ANEFAC, na direção oposta ao tamanho e representatividade do setor. “Alguns poucos especialistas, do mercado financeiro com foco no agro, assim como eu, defendem que se todos os atores financeiros se unissem para atender às diversas demandas, ainda assim não supriria os diversos “gaps” observados neste setor, seja para financiamento em infraestrutura, armazenagem (esse um grande e talvez o maior desafio), custeios, investimentos em ativos operacionais e ainda para a renovação de passivo. Não esquecendo que vem por aí o crédito carbono, gerando demandas financeiras robustas”, explica. 

O setor sofre há anos com assimetrias financeiras, segundo Rodrigues, em boa parte em função da precariedade observadas na gestão dos tomadores de recursos e/ou em consonância com as boas práticas de gestão (causando desajustes em fluxo de caixa), mas, sobretudo, pelo modus operandi com que o crédito ainda é endereçado ao setor, causando de tempos em tempos problemas sistemáticos na estrutura financeira das organizações: produtores rurais, revendas agrícolas e agroindústrias. “Há muito a melhorar. Pelo lado da oferta de crédito, tanto em volume como em qualidade. Pelo lado dos tomadores de crédito, a gestão e a educação financeira desses atores apresentam grande espaço para ser trabalhado e aprimorado”, acredita. 

Desafios atuais e futuro da governança do agronegócio 

A governança do agronegócio é uma questão crucial para a sustentabilidade e competitividade do setor. Para isso, é preciso enfrentar diversos desafios atuais e futuros. Um dos principais desafios atuais é a sustentabilidade ambiental, considerando que é um dos setores que mais impactam o meio ambiente. Halla destaca que é necessário adotar práticas sustentáveis, como a redução do desmatamento e o uso de técnicas de produção sustentável, para minimizar esses impactos. 

Outro desafio é a responsabilidade social, já que as empresas do agronegócio devem garantir condições dignas de trabalho e respeito aos direitos humanos, além de investir em projetos sociais que promovam o bem-estar dos trabalhadores e das comunidades locais. 

A inovação tecnológica é também um desafio atual, uma vez que é fundamental para a competitividade do agronegócio. É preciso estar atento às novas tecnologias e inovações que surgem no mercado, incluindo a adoção de técnicas de produção mais eficientes, o uso de drones e sensores para monitoramento das lavouras e a utilização de inteligência artificial para otimização dos processos produtivos. 

A gestão de riscos é outro desafio atual, pois o agronegócio é um setor sujeito a diversos riscos, como variações climáticas e oscilações de preços. Para minimizar os impactos desses eventos imprevistos, é preciso adotar estratégias de gestão de riscos. 

O agronegócio enfrentará a necessidade de aumento da produtividade e a demanda por alimentos sustentáveis. Para enfrentar esses desafios, é preciso investir em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, adotar práticas sustentáveis e buscar novos mercados consumidores. 

“A governança do agronegócio é essencial para garantir a sustentabilidade e competitividade do setor. Para isso, é preciso enfrentar os desafios atuais e futuros, investindo em práticas sustentáveis, tecnologia, gestão de riscos e responsabilidade social. A adoção dessas práticas e o enfrentamento desses desafios são fundamentais para o futuro”, altera Halla. 

Oportunidades na área tributária para o agronegócio brasileiro em 2023 

A reforma tributária é um tema em destaque no cenário político brasileiro, e suas possíveis mudanças podem ter impactos significativos no sistema tributário do país. No setor do agronegócio, Halla entende que a unificação de impostos e a simplificação de obrigações acessórias podem trazer benefícios, reduzindo a carga tributária e aumentando a competitividade das empresas. 

Além disso, existem diversos incentivos fiscais disponíveis para o agronegócio brasileiro, como a Lei Kandir e a Lei do Bem, que podem ser utilizadas estrategicamente pelas empresas para reduzir custos e aumentar a lucratividade. No entanto, é importante estar atento às mudanças na legislação tributária relacionadas à exportação, uma vez que o agronegócio é altamente dependente das exportações. 

“A conformidade tributária é fundamental para a sustentabilidade e sucesso das empresas do agronegócio, e o planejamento tributário pode ser uma importante ferramenta para reduzir a carga tributária e aumentar a competitividade no mercado. Por isso, é importante que as empresas estejam em conformidade com a legislação tributária e busquem oportunidades legais de planejamento tributário”, explica Halla. 

Em resumo, o agronegócio brasileiro enfrenta desafios e oportunidades na área tributária em 2023. As empresas devem estar atentas às mudanças na legislação tributária e buscar formas de reduzir a carga tributária e aumentar a lucratividade por meio de incentivos fiscais, conformidade tributária e planejamento tributário. 

Como deve ser o futuro do agronegócio brasileiro? 

Ao pensar no futuro do agronegócio brasileiro, é importante considerar não apenas aspectos macroeconômicos, mas também a mecanização e a produção em alta escala para suprir a demanda global. 

A mecanização é um fator importante para a competitividade do setor, já que permite aumentar a eficiência e reduzir os custos de produção. A utilização de máquinas e equipamentos específicos para cada etapa da produção agrícola, como preparo do solo, plantio, colheita e armazenagem, pode trazer ganhos significativos em produtividade. Além disso, a automação de processos também pode contribuir para a melhoria da qualidade dos produtos e a redução de perdas. 

Por sua vez, Gemau Halla avalia que a produção em alta escala é essencial para atender à crescente demanda global por alimentos. “O Brasil é um grande produtor de commodities agrícolas, como soja, milho, café, algodão e carnes, e tem potencial para aumentar ainda mais sua participação no mercado internacional. Para isso, é necessário investir em tecnologias e processos que permitam a produção em grande volume, sem comprometer a qualidade e a sustentabilidade ambiental”, ressalta. 

De toda forma, a mecanização e a produção em alta escala devem ser realizadas de forma sustentável, levando em consideração a preservação do meio ambiente e a responsabilidade social. Isso inclui o uso de técnicas de produção sustentável, a preservação de áreas de preservação permanente e o respeito aos direitos dos trabalhadores. 

“O futuro do agronegócio brasileiro deve ser marcado pela mecanização e produção em alta escala, para atender à demanda global por alimentos e aumentar a competitividade do setor. No entanto, é fundamental que esses processos sejam realizados de forma sustentável e responsável, para garantir a preservação do meio ambiente e o bem-estar das comunidades locais”, alerta Halla. 

ANEFAC prepara agenda para ações voltadas ao agronegócio  

Tendo em vista o grande protagonismo que o agronegócio passou a ter na economia Brasileira nos últimos anos, a ANEFAC reformulou o seu grupo de Inteligência de Mercado Agro. Esse grupo estará voltado à discussão das melhores práticas no setor, ao aprimoramento de processos, bem como a discussão de novas tecnologias e o estabelecimento de networking entre os executivos da área.

O grupo de Agro da ANEFAC tem por principal objetivo entregar ao mercado do agronegócio conteúdo de relevância para o aprimoramento do setor, por meio da educação contínua e aperfeiçoamento profissional. Dente os instrumentos utilizados para alcançar esse objetivo, estão a geração de conteúdos, pesquisas e certificações. 

De acordo com Nadja Heiderich, professora e diretora de agronegócio na ANEFAC, em geração de conteúdos serão desenvolvidos, periodicamente, material informacional de alto nível, por meio de diversas plataformas e fontes (revista digital, blog, programas de entrevistas etc.), com o intuito de educar o público interessado, sobre as principais tendências do setor. “Através da pesquisa, vamos buscar estreitar os laços entre a academia e o mercado, favorecendo o desenvolvimento de tecnologias e práticas nas cadeias do agronegócio, que sejam assertivas para o aumento da produtividade e sustentabilidade, resultando em ampliação de investimentos e geração de empregos e renda”, diz. 

De uma maneira geral, os conteúdos produzidos envolvem questões atuais e essenciais para a profissionalização do setor como, por exemplo, as temáticas que envolvem a sustentabilidade, ESG, desenvolvimento rural, gestão de riscos, custos e tributária, logística, inovação, sucessão familiar, dentre outros riquíssimos temas. 

Outro ponto de foco, estão as certificações, que são fundamentais para o desenvolvimento competitivo e ampliação da eficiência do setor. Desta forma, Heiderich pontua que a ANEFAC Agro irá conceder certificações em diversos eventos, treinamentos in company, cursos de curta e média duração, fóruns e congressos.  

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