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A importância e desafios do agronegócio brasileiro 

A ANEFAC realizou em 30 de maio o Fórum ANEFAC Agro com a participação de diversos especialistas do setor. Durante o evento, os membros da área de inteligência do Agro, José Luiz Tejon, head, e os membros, Giovana Araújo, Marcos Grigoletto, Roberto Rodrigues, Nadja Heiderich e Gemau Hallla, aliados à participação de Roberto Fragoso, head de tributos, Flavio Riberi, head adjunto de contabilidade, e Lilian Primo Albuquerque, head de empreendedorismo, abordaram temas como a importância do agronegócio para a economia brasileira, os desafios enfrentados pelo setor e as oportunidades de crescimento. A abertura contou com a participação de Bolí Rosales, COO da entidade, e do reitor da FEcap, Edson Simoni. 

A importância do Agronegócio 

É de extrema importância reconhecer o papel essencial do agronegócio. Representando 27,4% do Produto Interno Bruto brasileiro, cerca de 600 bilhões de dólares, e com 70% desse montante destinado à indústria, comércio e serviços, fica evidente a sua relevância para a economia do país. 

Para que o agronegócio brasileiro alcance um crescimento significativo, é fundamental compreender a complexidade desse setor, que abrange atividades comerciais, industriais e de serviços. É necessário reunir profissionais de finanças, administração e contabilidade para uma visão sistêmica que permita um planejamento estratégico eficiente. 

José Luiz Tejon destaca que devemos reconhecer que o Brasil é dependente de princípios ativos da química e segurança genética, e que há uma necessidade de investimentos em educação e armazenagem. “A industrialização ainda é insuficiente para alcançar um crescimento expressivo. Precisamos desenvolver a cadeia produtiva do agronegócio de forma mais completa, explorando novos negócios e gerando valor.” 

Ele acredita que a visão estratégica de cadeia produtiva é fundamental para impulsionar o crescimento do agronegócio brasileiro. Por isso, é preciso superar as limitações e expandir nossa presença nos mercados internacionais, criando marcas fortes e consolidando nossa posição como líderes em diversos setores, como suco de laranja, açúcar, produtos florestais e soja. 

É importante reconhecer que há números e aspectos do agronegócio que não são adequadamente contabilizados, e precisamos corrigir essa lacuna para obter uma visão mais precisa do setor. Segundo Tejon, devemos ter uma percepção estratégica de cadeia produtiva, que abranja desde a genética até a percepção do consumidor final. “Para impulsionar o crescimento do agronegócio brasileiro, devemos promover a estabilidade e estabelecer parcerias sólidas com os bancos e outros setores da economia. A pesquisa de percepção do agronegócio brasileiro na Europa é um exemplo de iniciativa que nos ajudará a entender como somos vistos internacionalmente e a lidar com detratores de forma construtiva.” 

É importante que as empresas do setor agrícola se envolvam nesse processo de pesquisa e fortalecimento da imagem do agronegócio brasileiro, buscando uma jornada de marca que influencie positivamente o mercado global e proporcione um crescimento consistente e sustentável para o setor. 

Agronegócio e educação 

É essencial que as instituições de ensino estejam alinhadas com as necessidades do mercado de trabalho, especialmente no setor do agronegócio. É importante entender quais são as habilidades e competências que os profissionais precisam possuir para atender às demandas do mercado atual. 

Na visão de Nadja Heiderich, um aspecto relevante é o uso de centros de dados e análise de dados para tomada de decisão. Essa é uma área em que o mercado de trabalho tem demandado profissionais qualificados. Incentivar a pesquisa e a inovação nesse campo é fundamental para suprir essa necessidade e impulsionar o desenvolvimento do agronegócio. 

Além disso, é importante repensar o currículo educacional, tanto no ensino básico quanto no ensino superior, para incluir disciplinas relacionadas ao agronegócio e ao empreendedorismo. Muitas vezes, os profissionais saem da faculdade com conhecimentos desatualizados e precisam se adaptar rapidamente às demandas do mercado. 

É necessário, para Nadja, promover uma mudança de mentalidade em relação ao trabalho no agronegócio. “Muitas pessoas têm uma visão equivocada sobre o setor e desconhecem as oportunidades e desafios que ele oferece. É importante criar espaços de diálogo e compartilhar experiências para desmistificar essas percepções e atrair mais pessoas interessadas em trabalhar nesse campo.” 

Ao disponibilizar oportunidades de estágio e colocar os alunos em contato com organizações do setor, é possível proporcionar uma visão mais ampla e realista do agronegócio. Isso permite que os estudantes desenvolvam suas habilidades e ampliem seu conhecimento em um ambiente profissional. 

Agronegócio e futuro 

Giovana Araújo tem uma visão muito otimista em relação ao crescimento do agronegócio. “Acredito que estamos prestes a dar um salto quântico na geração de alimentos, fibras e energia renovável. Com o avanço da tecnologia, incluindo a tecnologia genética e digital, temos todo o potencial para impulsionar esse setor.” 

Existem verticais de crescimento muito interessantes, como a bioenergia, que está passando por um momento promissor. Além disso, a multifuncionalidade da agricultura e do agronegócio ainda não foi totalmente explorada. Há espaço para desenvolvermos práticas sustentáveis e aproveitarmos os pagamentos por serviços ambientais, como a compensação de carbono. 

Para desbloquear todo esse potencial, ela acredita que é fundamental estimular o crescimento econômico, a educação e o acesso a capital. “Precisamos diversificar as fontes de capital e buscar investimentos internacionais, alinhados a uma abordagem sustentável. A governança também desempenha um papel crucial nesse contexto. É importante estabelecer modelos de governança eficientes e promover a cooperação entre os diferentes elos da cadeia de valor. 

No entanto, é importante lembrar que ainda há desafios a serem enfrentados. Existem milhões de produtores rurais no Brasil, mas muitos vivem em condições precárias. Portanto, é imperativo trabalhar para garantir que todos os agricultores tenham oportunidades justas e possam se beneficiar do crescimento do agronegócio. 

Agronegócio e tributos 

A questão tributária é um desafio significativo para o agronegócio no Brasil. A carga tributária, segundo Gemau Halla, é alta e complexa, o que impacta diretamente a competitividade do setor. Além disso, a insegurança jurídica é um fator preocupante, pois as mudanças frequentes na legislação e interpretação das leis geram incertezas para os produtores rurais e empresas do agronegócio. “Essa instabilidade pode dificultar os investimentos e comprometer o desenvolvimento do setor. É essencial buscar uma maior harmonização entre a governança estruturada e a governança efetiva, garantindo uma política econômica estável e previsível.” 

Outro aspecto importante é a gestão de riscos no agronegócio. O setor está sujeito a diversos riscos, como variações climáticas, oscilação de preços, doenças e pragas, entre outros. É fundamental que os produtores adotem medidas de mitigação de riscos, como o uso de tecnologias avançadas, seguros agrícolas e diversificação das atividades. 

O avanço tecnológico também desafia o agronegócio, trazendo a automação e a digitalização para o campo. Por um lado, ele explica que isso pode aumentar a eficiência e a produtividade, reduzindo custos e impulsionando o crescimento. Por outro lado, é necessário garantir que todos os segmentos do agronegócio tenham acesso às tecnologias e conhecimentos necessários para aproveitar essas oportunidades. “É fundamental que o governo e as instituições do setor trabalhem juntos para enfrentar esses desafios, promovendo políticas tributárias mais favoráveis, investindo em pesquisa e desenvolvimento, e incentivando a adoção de boas práticas de gestão de riscos. Dessa forma, poderemos fortalecer o agronegócio brasileiro e aproveitar todo o seu potencial de crescimento e contribuição para a economia do país.” 

Agronegócio e investimentos 

O agronegócio brasileiro apresenta grandes oportunidades de investimento. No entanto, Lilian Primo Albuquerque avalia que há desafios a serem superados para que os investimentos sejam efetivos e promovam o crescimento do setor. “Um dos principais obstáculos é a captação de recursos. Embora existam fundos e programas de investimento disponíveis, muitas vezes falta o conhecimento necessário para acessar esses recursos. É importante que os empreendedores do agronegócio compreendam as etapas de captação de investimentos, se estruturem adequadamente e estejam preparados para buscar esses recursos.” 

Além disso, é fundamental agilizar os processos de captação de investimentos no Brasil. O tempo necessário para obter financiamento muitas vezes é longo, o que pode prejudicar a implementação de projetos e a concretização de oportunidades. É necessário reduzir a burocracia e agilizar os trâmites, permitindo que os investimentos sejam realizados de forma mais rápida e eficiente. 

Outro aspecto relevante é a necessidade de renovação e inovação no setor. Para ela, o agronegócio está em constante evolução, e é importante que os investimentos sejam direcionados para áreas que promovam a modernização, adoção de tecnologias avançadas e desenvolvimento de soluções inovadoras. Isso inclui a exploração de plataformas digitais, serviços financeiros e outras ferramentas que possam impulsionar a eficiência e a competitividade do agronegócio brasileiro. “Para atrair investimentos, é essencial que o país ofereça um ambiente favorável, com segurança jurídica, políticas públicas adequadas e incentivos para o setor. Os investidores buscam condições propícias para aplicar seus recursos, e o Brasil precisa estar preparado para oferecer essas garantias.” 

Agronegócio e transparência 

A transparência e a contabilidade desempenham um papel fundamental no agronegócio. É necessário, de acordo com Flavio Riberi, adotar medidas transparentes e prestar contas de forma adequada para garantir a confiança dos investidores e do mercado em geral. 

A contabilidade desempenha um papel crucial na abertura de portas para o sucesso de uma empresa agrícola. Ela fornece informações financeiras e relatórios que permitem avaliar a saúde financeira da empresa, identificar riscos e tomar decisões estratégicas informadas. A contabilidade adequada permite entender os resultados financeiros da empresa, analisar o desempenho e a rentabilidade, e auxilia na gestão eficiente dos recursos. 

Além disso, Riberi avalia que a contabilidade é essencial para a divulgação de informações relevantes ao mercado. Investidores, tanto pessoas físicas quanto jurídicas, dependem dessas informações para avaliar o valor e o potencial de crescimento das empresas agrícolas. A qualidade e a transparência das informações financeiras e dos relatórios são cruciais para atrair investimentos e estabelecer parcerias de negócios sólidas. 

No contexto do agronegócio, é importante destacar a necessidade de uma contabilidade específicapara o setor, considerando suas particularidades e demandas. Isso inclui a compreensão dos riscos associados às atividades agrícolas, como variações climáticas, flutuações de preços de commodities, questões regulatórias e ambientais. Uma gestão eficiente de riscos requer o reconhecimento e a comunicação adequada desses riscos por meio da contabilidade. 

“Além disso, a contabilidade também desempenha um papel crucial na obtenção de financiamento e crédito. Instituições financeiras e investidores consideram as informações contábeis para avaliar a capacidade de pagamento e o perfil de risco das empresas agrícolas. Uma contabilidade precisa, transparente e confiável fortalece a credibilidade da empresa e aumenta suas chances de acesso a recursos financeiros”, diz Riberi. 

Agronegócio e governança 

A governança desempenha um papel fundamental no agronegócio, pois é responsável por estabelecer estruturas e processos que promovam a transparência, a responsabilidade e a eficiência na gestão das empresas do setor. 

Nos últimos anos, Marcos Grigoletto explica que tem sido observada uma melhora significativa na governança das empresas agrícolas, especialmente no que diz respeito aos problemas corporativos enfrentados pelas pequenas empresas. No entanto, ainda há espaço para evoluir e aprimorar as práticas de governança. 

Uma comunicação eficaz é um aspecto crucial da governança no agronegócio. É fundamental que as empresas estabeleçam canais claros de comunicação interna e externa, para que as informações fluam de maneira transparente e eficiente. Uma comunicação aprimorada permite uma melhor coordenação entre os diferentes atores do setor e contribui para a construção de relacionamentos sólidos e de confiança. 

“O conhecimento é um componente essencial da governança no agronegócio. O Brasil, por ser um dos principais produtores agrícolas do mundo, possui um papel importante na disseminação do conhecimento e no desenvolvimento de boas práticas agrícolas. É necessário investir em educação, treinamento e capacitação para que os profissionais do setor estejam atualizados com as melhores técnicas e tecnologias disponíveis”, ressalta Grigoletto. 

Agronegócio e transformações 
O agronegócio passou por diversas transformações e mudanças significativas nos últimos anos. Houve um crescimento expressivo do setor, com um aumento na produção de alimentos, fibras e energia renovável. A adoção de tecnologias avançadas e inovadoras também impulsionou a eficiência e a produtividade nas atividades agropecuárias. 

No entanto, na percepção de Roberto Rodrigues, apesar dos avanços, ainda há um longo caminho a percorrer. O agronegócio brasileiro enfrenta desafios relacionados à comunicação e à percepção pública. “A imagem do setor no exterior nem sempre reflete sua real importância e representatividade. É necessário melhorar a comunicação e promover uma imagem mais precisa e completa do agronegócio, destacando seu impacto positivo na economia, na geração de empregos e na segurança alimentar.” 

Para enfrentar esses desafios, é fundamental fortalecer a governança no agronegócio. A transparência, a prestação de contas e a adoção de boas práticas de gestão são essenciais para garantir a confiança dos investidores, dos consumidores e da sociedade em geral. Além disso, é importante investir em conhecimento e capacitação, promovendo a colaboração entre a academia, as empresas e o mercado para impulsionar a inovação e o desenvolvimento sustentável do setor. 

Segundo ele, as cooperativas agrícolas também desempenham um papel importante na governança do agronegócio. Elas proporcionam um ambiente de cooperação e colaboração entre os produtores, promovendo o compartilhamento de conhecimentos, recursos e melhores práticas. A participação ativa dos profissionais executivos, tanto nas empresas quanto nas instituições, é fundamental para impulsionar a divulgação adequada do agronegócio e demonstrar seu verdadeiro valor para o mundo. 

Agronegócio e ANEFAC 

É de suma importância realizar pesquisas e certificações no setor do agronegócio, e a ANEFAC é um forte fomentador dessas iniciativas. Na avaliação de Bolí Rosales, a pesquisa de mercado, assim como a pesquisa setorial, é essencial para orientar nossas ações e tomar decisões coerentes e corretas. Não se trata apenas de um ambiente acadêmico, mas sim de uma pesquisa cada vez mais teoricamente relevante para o desenvolvimento do setor. 

Além das pesquisas, é fundamental nos preocuparmos com as certificações, pois reconhecem o aprendizado e a cultura que as pessoas e as empresas adquirem ao realizá-las. Devemos utilizar as oportunidades disponíveis para buscar o desenvolvimento e identificar novas oportunidades de negócio no Brasil. No entanto, é importante ressaltar que devemos evitar criar explicações diferentes daquelas que são aceitas no mercado. 

“Devemos aproveitar todas as oportunidades para contribuir e acompanhar as empresas e pessoas que estão preocupadas com a educação e o novo cenário do agronegócio. Precisamos ir além de simplesmente criar comunicados, palestras e seminários, e certificar-nos de que as pessoas e as empresas também estejam atuando em sintonia e sinergia”, avalia Rosales. 

A ANEFAC tem um grupo engajado no agronegócio e em breve avançará para o lançamento de um aplicativo exclusivamente voltado para o agronegócio, proporcionando uma plataforma para networking e geração de negócios. “O agronegócio desempenha um papel fundamental para o Brasil e para o desenvolvimento de nosso país”, finaliza Rosales. 

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