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Contabilidade 5.0: como a profissão pode contribuir para o sócioambiental

A Contabilidade 5.0 está revolucionando a forma como os profissionais contábeis atuam e contribuem para questões socioambientais. O palestrante do Congresso ANEFAC 2023, Wander Pinto, membro conselheiro no Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP), destaca a importância da Contabilidade 5.0 como um processo estruturado que utiliza diversos recursos, como análise preditiva, big data e internet das coisas. Ele ressalta a necessidade de preparar os profissionais para aproveitar todo o potencial dessas ferramentas inovadoras.

Há a necessidade de adaptação e capacitação dos profissionais para lidar com a contabilidade 5.0. Segundo Carlos Alberto Baptistão, presidente do Sescon-SP, palestrante no Congresso ANEFAC 2023, os clientes estão cada vez mais informados e buscam soluções contábeis por meio de pesquisas no Google. Ele explica que a Contabilidade 5.0 proporciona a integração entre pessoas, processos e tecnologia, sendo fundamental para atender às demandas do mercado.

A perspectiva acadêmica também apoia a Contabilidade 5.0. Segundo Eric Aversari Martins, professor do Insper, cursos que combinam contabilidade e ciência de dados são de grande importância. Ele enfatiza a necessidade de os profissionais contábeis saírem de suas salas e interagirem com outras áreas, como o campo jurídico, para obter conhecimentos interdisciplinares. A academia deve incentivar uma abordagem orientada para o futuro, enxergando a contabilidade como uma disciplina que utiliza tecnologias para antecipar tendências.

A Contabilidade 5.0 está promovendo uma transformação na profissão contábil, expandindo seu âmbito para além das atividades relacionadas ao pagamento de impostos. Agora, ela se apresenta como uma ferramenta estratégica que busca antecipar o futuro, impulsionar a sustentabilidade e aproveitar todas as tecnologias disponíveis. É essencial que essa nova abordagem seja disseminada nas universidades, incentivando os alunos a adotarem uma postura inovadora e consciente.

Marta Pelucio, conselheira da ANEFAC e palestrante no Congresso, enfatiza a importância de mudar a mentalidade das pessoas, pois os contadores costumavam se concentrar principalmente nos lançamentos contábeis, uma vez que não havia sistemas automatizados disponíveis. No entanto, agora o foco está em gerar informações transparentes por meio de relatórios contábeis. “Não são todos os escritórios de contabilidade que conseguem se livrar das antigas mentalidades. A mudança leva tempo. Além disso, a prestação de contas inteligentes está diretamente ligada ao ESG (Environmental, Social and Governance) devido aos riscos envolvidos.”

O desafio está em medir esses riscos, pois é aí que entra a inteligência das informações. Não basta apenas fornecer a situação financeira, é preciso transmitir de maneira transparente o risco de ocorrência ou não desses eventos. O balanço deixou de ser algo estático para se tornar dinâmico. Chegará a um ponto na contabilidade em que não haverá apenas um relatório, mas sim uma série de bases de dados que fornecerão informações sobre os riscos de acordo com o perfil do usuário. Fazer contabilidade é uma tarefa bastante desafiadora, pois não se trata apenas de olhar para um ativo que vai de um risco para outro risco.

Wander acrescenta que a contabilidade costumava ser responsável por registrar informações de forma precisa, mas agora é necessário analisar o panorama completo. “Tudo afeta os números financeiros, e a prestação de contas deve envolver todas as áreas. Devemos adotar um modelo de prestação de contas integrada, no qual o contador desempenha esse papel. Além disso, todas as empresas, independentemente do tamanho, deveriam adotar uma abordagem integrada na prestação de contas.”

Os contadores possuem habilidades para lidar com informações e são especializados em trabalhar com bancos de dados. Eles têm contato com pessoas de toda a empresa no âmbito da contabilidade básica. No entanto, segundo Eric, na academia, é necessário incorporar essa mudança de perspectiva, saindo um pouco do foco exclusivamente financeiro e da entrega de um simples balanço. “É preciso considerar as informações relevantes para os stakeholders. Existe espaço para aprimorar o balanço, utilizando abordagens inteligentes que integrem as diferentes visões, incluindo as questões relacionadas ao ESG (Environmental, Social and Governance)”, finaliza.

Eric Aversari Martins, professor do Insper, Marta Pelucio, conselheira da ANEFAC, Wander Pinto, membro conselheiro no CRCSP, e Carlos Alberto Baptistão, presidente do Sescon-SP

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