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Como conectar informações financeiras e de sustentabilidade? 

Riscos e oportunidades de sustentabilidade devem ser considerados nas divulgações financeiras 

As companhias são invariavelmente expostas a riscos de sustentabilidade e os impactos desta exposição dependem de uma série de fatores: setor em que atuam, recursos naturais que utilizam, regulamentações, área geográfica, modelo de negócio, entre outros. Os impactos decorrentes destas exposições devem ser avaliados também sob o aspecto contábil e, se materiais, devem ser divulgados nas demonstrações financeiras. 

Todavia, investidores têm apontado problemas na divulgação financeira. Em nosso último EY Global Corporate Reporting and Institutional Investor Survey [1], 73% dos investidores responderam que as entidades não têm conseguido criar uma divulgação que considere tanto dados financeiros como de sustentabilidade. Embora 99% dos entrevistados levem em consideração divulgações de ESG na tomada de decisão, 76% consideram que as entidades selecionam as informações a serem divulgadas a seus investidores, o que aumenta a preocupação de greenwashing. O IASB também se posicionou diante da falta de conexão entre as informações divulgadas e, neste ano, iniciou um projeto de integração das informações de mudança climática nas demonstrações financeiras[2]. 

Embora as regras contábeis atuais não contemplem especificamente como os riscos e oportunidades de sustentabilidade se aplicam na contabilidade, as entidades devem utilizar os padrões de contabilidade atuais e integrar a sustentabilidade em suas políticas de contabilização e divulgação, como qualquer outro risco, oportunidade ou estratégia desenhada pela companhia.  

A falta de conectividade pode prejudicar a integridade da informação financeira. Por exemplo, se no relatório de sustentabilidade uma entidade divulga metas de descarbonização com dispêndios de materiais e compras de ativos, investidores esperam que estas metas sejam refletidas nas finanças da companhia, considerando os dispêndios em seus fluxos de caixa para teste de impairment, e na análise da vida útil dos ativos que estão em operação e serão trocados para atendimento às metas de descarbonização. E se as metas causarem impactos financeiramente materiais, é esperado que tais impactos sejam divulgados. 

Por fim, a informação financeiramente material pode ser exclusivamente qualitativa, e não quantitativa. Setores que são notoriamente impactados por riscos específicos de sustentabilidade e onde os investidores esperam a divulgação de tais informações devem divulgar ainda que sua exposição ao risco não se traduza em riscos materialmente quantitativos no exercício atual. Por exemplo, no setor de óleo e gás é esperado um impacto significativo devido à mudança climática e investidores esperam entender como estão expostos. Neste caso, a entidade poderia divulgar que suas estimativas e julgamentos consideraram a mudança climática, embora no exercício não tenha impacto financeiro. A informação qualitativa, embora não tenha impacto financeiro, informa ao investidor que aquele risco específico foi considerado nas avaliações financeiras contábeis e estão conectadas com as informações de sustentabilidade divulgadas.  

As entidades devem se perguntar:  

  1. Os impactos financeiros advindos dos riscos e oportunidades de sustentabilidade estão devidamente endereçados e, se materiais, divulgados? 
  1. Os controles internos garantem que os riscos e oportunidades de sustentabilidade sejam devidamente identificados, mensurados e avaliados quanto aos seus impactos financeiros? 
  1. Existem profissionais capacitados e sistemas para que as informações estejam conectadas? 
  1. https://www.ey.com/en_gl/ifrs-technical-resources/applying-ifrs-accounting-for-climate-change-august-2023 
  1. IFRS – Connectivity in practice: the IASB’s new project on Climate-related Risks in the Financial Statements 

Artigo escrito por Mariana Lebreiro, sócia de Financial Accounting Advisory Services (FAAS), e Renati Suzuki, gerente sênior de FAAS. 

Renati Suzuki, gerente sênior de FAAS da EY
Mariana Lebreiro, sócia de Financial Accounting Advisory Services (FAAS) da EY

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