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Finanças sustentáveis estratégicas para o gerenciamento de risco 

Em um cenário global onde a sustentabilidade é uma prioridade, as áreas financeiras das empresas têm um papel crucial na busca por recursos que impulsionem práticas sociais e ambientais responsáveis, contribuindo não apenas para o crescimento das organizações, mas também para o bem-estar da sociedade e a preservação do planeta. Com o tema “Finanças sustentáveis estratégicas para o gerenciamento de risco”, a ANEFAC realizou o 5º CFO Day, um evento de grande relevância no mercado voltado para esses profissionais, no dia 21 de setembro. 

A atuação das áreas financeiras nas empresas tem se tornado uma peça fundamental na busca por recursos financeiros direcionados para promover práticas socioambientais responsáveis. Odivan Carlos Cargnin, CFO e IRO na Irani e palestrante no evento, destaca a importância de instrumentos financeiros como green bonds, social bonds e sustainability-linked bonds, que canalizam investimentos para ações que visam o bem-estar da sociedade e a preservação do meio ambiente. Assim, a área financeira das empresas se posiciona como um verdadeiro promotor das práticas sustentáveis. 

Cesar Augusto Silva, CFO na Somos Educação e palestrante no evento, enfatiza que a agenda de ESG (Ambiental, Social e de Governança) deve ser incorporada ao cotidiano das companhias. Isso envolve a definição de metas claras, desafiadoras e que agreguem valor tanto internamente quanto para a sociedade como um todo. Na Somos, por exemplo, as metas ESG estão no centro das operações desde meados de 2022. Essa ação envolveu toda a empresa, desde diversos setores até a liderança sênior. 

Dentro dessas metas, ele conta que há o compromisso de aumentar a diversidade dentro do quadro de profissionais, buscando representação de gênero e raça em posições de liderança, além de programas de bolsas para jovens carentes e o estímulo ao consumo consciente de recursos naturais, como água e energia reciclável. No âmbito financeiro, a empresa incorporou análises de risco ambiental e social em suas decisões de investimento e empréstimo, demonstrando seu compromisso com a sustentabilidade. Além disso, uma empresa do grupo oferece opções de financiamento vinculadas à energia solar, incentivando práticas limpas e renováveis.  

Para fortalecer ainda mais seu compromisso com a sociedade, a Somos mantém o Instituto Somos, uma entidade sem fins lucrativos focada em desenvolver projetos sociais relacionados à área de educação. Segundo Silva, a governança da empresa é permeada pela responsabilidade financeira e social, demonstrando a importância da área financeira no cumprimento das metas de sustentabilidade corporativa. 

Entender as expectativas e identificar as prioridades é essencial para o desenvolvimento de projetos alinhados às necessidades da empresa com relação as práticas sustentáveis. De acordo com Cargnin, é crucial reconhecer as áreas críticas que requerem atenção e, a partir disso, criar iniciativas que estejam em sintonia com essas demandas. 

No contexto da cadeia de valor, há inúmeras oportunidades para promover melhores práticas sociais que também impulsionem o desempenho do negócio. Silva pontua que o alinhamento estratégico desempenha um papel fundamental na criação de uma cultura de engajamento e responsabilidade social e ambiental. A definição de metas específicas e mensuráveis é crucial, e a agenda de metas e planos de ação deve fazer parte da governança interna da empresa, com apresentação regular de resultados à diretoria. 

Além disso, a divulgação interna e para os stakeholders externos desempenha um papel vital na retroalimentação do projeto. Isso permite que a equipe interna capture feedbacks e experiências dos interessados e parceiros, criando um ambiente colaborativo e eficaz para o progresso das iniciativas de responsabilidade social e ambiental. 

Quando se trata de riscos financeiros e econômicos, o cenário atual é marcado por uma série de desafios 

Cargnin observa que vivemos em um mundo cada vez mais complexo, onde diversos fatores podem impactar os negócios. Entre os riscos mais relevantes, ele menciona a manutenção das taxas de juros elevadas em todo o mundo, que afetam diversos setores, além da persistência da inflação, tensões geopolíticas e as mudanças climáticas, juntamente com a significativa mudança tecnológica. 

Por outro lado, Silva enfatiza que o principal risco atualmente está relacionado à economia global. O mundo está lidando com os efeitos pós-pandemia, onde todos os países enfrentam, de alguma forma, o aumento da inflação, o que se reflete nas taxas de juros e nos custos dos empréstimos. Isso cria um ambiente macroeconômico desafiador, com impactos nos mercados de crédito e nas decisões de investimento de todas as empresas. 

Nesse contexto, a área financeira desempenha um papel crucial. “Além de zelar pela saúde financeira da empresa, fornecendo relatórios claros e informações oportunas aos gestores, ela também se torna uma parceira estratégica nas decisões de negócios e na manutenção dos planos de crescimento e sustentabilidade a longo prazo. É um momento que demanda uma abordagem cuidadosa e estratégica para enfrentar os desafios econômicos globais”, diz Silva. 

Um olhar para o futuro financeiro 

Nos últimos anos, os investimentos financeiros voltados para atividades econômicas que respeitam as pessoas e preservam o meio ambiente, popularmente conhecidos como finanças sustentáveis, têm ganhado destaque e se tornado uma tendência global. Gestoras de recursos e investidores estão adotando esse conceito como um critério fundamental na hora de alocar recursos, evitando investimentos em empresas que não compartilham esse compromisso com a sustentabilidade ambiental e social. 

No Brasil, a Bolsa de Valores B3 não ficou de fora dessa transformação e lançou o ISE B3, um índice que reúne empresas comprometidas com o desenvolvimento sustentável. Para Guilherme Dultra, head de finanças da ANEFAC e mediador do evento, essa mudança não é apenas uma tendência, mas sim uma nova maneira de pensar, analisar e direcionar os investimentos. “A razão é simples e crucial: sem um equilíbrio no uso responsável dos recursos naturais e no desenvolvimento social, o futuro do nosso planeta estará em sério risco”.  

Guilherme Dultra, head de finanças da ANEFAC, Odivan Cargin, CFO & IRO na Irani, Marcelo Habibe, CFO da Eneva, Cesar Silva, CFO Somos Educação, e Bolí Rosales, COO da ANEFAC. 

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