O princípio da responsabilização, conhecido como “accountability“, segundo Sebastian Yoshizato Soares, sócio-líder de Governança da KPMG no Brasil, é um elemento fundamental na governança empresarial. Esse princípio não apenas permite, mas também obriga os responsáveis pela governança da empresa, sejam eles conselheiros ou gestores, a desempenhar suas funções de forma independente, diligente e profissional. Isso é essencial para direcionar as empresas na geração sustentável de valor ao longo do tempo e atribuir a esses profissionais a responsabilidade. “Tanto o bônus quanto o ônus de seus atos, possibilitando, assim, o reconhecimento e a remuneração por atitudes positivas que gerem valor. No entanto, também permite que eles sejam responsabilizados na eventualidade de seus atos ou omissões”.
A transparência corporativa assume um papel de extrema importância na atual “Era da Responsabilidade”. Os usuários das informações financeiras, e agora também não financeiras na agenda ESG (Ambiental, Social e Governança), buscam informações claras, precisas e relevantes. De acordo com Soares, eles estão ávidos por dados que possam proporcionar uma visão completa das empresas, mesmo que isso envolva aspectos negativos, desde que essas informações sejam abordadas de maneira a minimizar ou mitigar esses impactos negativos.
Casos recentes de escândalos ou corrupção colocam ainda mais ênfase na necessidade da transparência, permitindo a análise das responsabilidades individuais ou coletivas por ações ou omissões. Ademais, ele cita que também existe um movimento de um grupo maior de usuários (stakeholders) observando a transparência das empresas em suas “prestações de contas” no que se refere a um propósito genuíno na resolução de problemas reais da sociedade ou do planeta, para além do lucro.
O número crescente de stakeholders (partes interessadas) envolvidas no processo de tomada de decisão, incluindo acionistas, investidores, funcionários, clientes e a sociedade em geral, agora avalia a transparência das empresas em suas divulgações. Essa transparência não se limita mais apenas às demonstrações financeiras, estendendo-se também às informações não financeiras. Alguns dos desafios, como atrair e reter talentos, obter financiamento e lidar com impactos socioambientais, entre outros, serão determinados pelo sucesso ou insucesso no enfrentamento dessas questões pelo nível de transparência nas divulgações das empresas.
Com a crescente relevância da agenda ESG e os regulamentos emergentes sobre divulgação de informações de sustentabilidade, Soares acredita que as empresas enfrentarão o desafio de aprimorar seus processos, controles internos e relatórios. Isso se tornará essencial para comunicar informações relevantes sobre a sustentabilidade de seus negócios, riscos e oportunidades relacionados a essa agenda. “As informações não financeiras agora são parte integrante das divulgações corporativas, e as empresas que não se adaptarem correm o risco de serem acusadas de “greenwashing” (lavagem verde) e de enfrentar um escrutínio mais rigoroso por parte de todos os stakeholders.”