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4º Circuito da Transparência aborda os desafios e estratégias para a elaboração e a apresentação do Relatório de Administração 

Recentemente, a ANEFAC realizou o 4º Circuito da Transparência. Esta foi a 6ª edição de 2024 e trouxe como tema: “Desafios e Estratégias para a Elaboração e Apresentação do Relatório de Administração”. 

No evento, Wagner Petelin, Diretor de Demonstrações Financeiras da ANEFAC, recebeu Marcos Paulo Rosa, Gerente de Contabilidade Corporativa da Embraer, para discutir os aspectos mais desafiadores da preparação dos Relatórios de Administração. 

A Embraer tem sido presença recorrente nas premiações do Troféu da Transparência nos últimos anos e, em 2024, foi eleita o destaque do ano com a demonstração de 2023. 

Características do negócio 

A empresa, especializada na fabricação de aeronaves tanto para aviação comercial quanto para aviação executiva, além do segmento de defesa e segurança, foi categorizada este ano no investment grade das três principais agências do mundo: Standard & Poor’s (BBB-), Fitch Ratings (BBB-) e Moody’s (Baa3). 

Rosa explicou que princípios ligados a ESG são um ponto chave dentro da Embraer. Quando olhamos para sustentabilidade, a empresa tem estudado formas de reduzir as emissões dos seus produtos e, desta forma, atender às necessidades dos seus clientes neste momento em que a transição energética é uma pauta global. A empresa também implementa ações sociais e de governança que devem ser representadas em seus reportes. 

Falando em governança, o profissional explicou que a empresa pratica o que chamam de “One Team” ou “One Embraer”, com diferentes linhas de responsabilidade dentro da sua governança interna. Neste conceito, a organização funciona da seguinte forma: 

• A administração é responsável pela operacionalização da gestão de riscos e controles internos. 

• Gestão de riscos, controles internos e compliance são responsáveis por estabelecer e monitorar políticas e procedimentos. 

• Já a auditoria interna é responsável por promover avaliações independentes e objetivas sobre os processos relacionados à gestão de riscos, conformidade e governança. 

Mas, como isso impacta o relatório de administração? Segundo Rosa, gera uma informação coesa, que se comunica em todas as pontas e transmite ao investidor a imagem de uma única companhia em suas diferentes frentes. Ou seja, integração. 

Do planejamento à execução 

Planejamento é a chave do negócio” é uma expressão comumente usada para falar do core business de uma companhia, mas vale também para a elaboração do relatório de administração. 

Sabendo que o processo de aprovação conta com a participação de diversas pessoas que têm uma agenda bastante concorrida, o profissional explica que a produção começa com a elaboração de um cronograma de entregas com os prazos de cada aspecto deste material e quem é responsável por aquela informação. 

“O relatório em si, quando é levado para o mercado junto com as demonstrações financeiras, já passou por uma grande etapa de análise, revisão, preparação e revisão, pensando em levar o melhor produto possível para os stakeholders, com o que a companhia entende ser importante e com uma linguagem adequada. Lembrando que, na Embraer, a área contábil também participa dessa elaboração, não ficando restrita apenas às demonstrações financeiras.” 

E todo esse processo leva tempo: são, em média, dois a três meses apenas para o processo de revisão antes da divulgação deste documento. 

Sustentabilidade e dados 

Na última década, observamos o aprimoramento dos relatórios de sustentabilidade das companhias ao redor do mundo, especialmente com uma cobrança cada vez maior do mercado nesse sentido. Porém, nem sempre a contabilidade fez parte do processo de elaboração desses documentos. Cenário que deve mudar muito em breve. 

“Dentro do nosso time contábil, temos o que chamamos de ‘grupo técnico contábil’, onde contamos com pessoas dedicadas ao estudo das normas, impactos e tudo aquilo que é trazido de mudança na regulamentação técnica contábil. E, dentro desse time, hoje temos uma pessoa especificamente focada em sustentabilidade. Esse tema traz uma mudança de mindset importante para os profissionais contábeis: precisaremos olhar sob um prisma que no passado não era visto como tão relevante, porque a norma trazida pelo S1 e S2 vai exigir isso do contador”, alertou Marcos Paulo, que enfatizou a importância de a academia se preparar para atender a essa demanda de conhecimento. 

Concisão na informação 

Outro ponto salientado pelos participantes é a forma como os relatórios de administração apresentam os dados contidos ali. Para o painelista, um dos principais cuidados que seu time tem é o de tornar a informação compreensível não apenas para quem domina os aspectos técnicos, mas adotar um modelo de linguagem que seja o mais direto e conciso possível. 

“Sei que nem sempre é possível abrir mão de alguns aspectos técnicos no documento, mas sempre busco traduzir essa informação para que o maior número possível de pessoas possa compreendê-la”, explicou. 

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