
A ANEFAC realizou no dia 11 de dezembro o 7º Meeting Day da Transparência, evento criado para apresentar cases das empresas ganhadoras do Troféu Transparência ao mercado e, assim, gerar reconhecimento e novas ideias de soluções eficientes para diferentes situações.
Wagner Petelin, diretor de Demonstrações Financeiras da ANEFAC, foi o moderador do evento e, com maestria, recebeu os painelistas Paula Corrêa, controller da Randoncorp, e Rafael Bósio, gerente de Relações com Investidores da Engie, além dos debatedores Ahmed El Katib, professor de Contabilidade da Fecap, e Rafael Pereira, sócio de Auditoria da KPMG.
Criando um relatório financeiro eficaz
O primeiro case foi apresentado por Paula Corrêa, que contou um pouco da sua experiência na Randoncorp e o propósito da companhia, que é uma multinacional brasileira que começou como uma mecânica, mas se tornou uma referência em mobilidade.
Em seus anos de experiência, a profissional observou o impacto prático daquilo que é ensinado na academia: o relatório financeiro precisa ser claro para o seu usuário final, que é o investidor.
Clareza, transparência e conectividade das informações. Segundo a painelista, esses pontos são essenciais para que tenhamos um material que gere valor quando o usuário receber a informação que estamos tratando ali.
“Temos duas práticas na Randoncorp que visam trazer esse resultado de objetividade e integralidade. A primeira delas é a realização de reuniões mensais entre as áreas de Contabilidade, Finanças, Controladoria e Planejamento e encontros trimestrais com executivos para engajamento e melhoria contínua. Além disso, fazemos o cruzamento do Relatório de Administração com as Demonstrações Financeiras para que os temas tenham alinhamento.”
Paula explicou que as notas explicativas são um dos seus principais focos. E o desafio é não fazer um “cópia e cola” da norma, mas sim trazer os objetivos e características da empresa em si, de forma que os temas se conectem com as informações do relatório, além de abarcar eventuais riscos que o mercado venha percebendo, de forma clara e eficiente.
A profissional contou que, juntamente com seu time, desenvolveu uma rotina de padronização destes reportes para todas as nossas 56 unidades, sendo mais de 20 delas fora do Brasil.
Além disso, acredita que a complementaridade das informações quantitativas e qualitativas passa por um bom treinamento das equipes. “Buscamos expor as nossas equipes a capacitações e fóruns que propiciem esse desenvolvimento, bem como acompanhamento interno e níveis de revisão interna, além de governança de segregação de função adequada aos desafios que o mercado eventualmente os expõe”, exemplificou.
Questionada por Rafael sobre como funciona a preparação deste relatório, Paula explicou que os times vão mapeando quais são os principais assuntos para aquele ‘quarter’ e como transformaremos isso no relatório anual. Isso vai compondo uma cadeia de fatos relevantes para fim e composição de nota explicativa.
Sustentabilidade e negócios
Em sua apresentação, Rafael Bósio apresentou um pouco do que vem sendo feito dentro da Engie, empresa especialista em energia renovável, que está passando por uma jornada de descarbonização. Um dos seus principais focos é em ESG.
Em resposta a uma pergunta feita por Ahmed El Katib, Bósio salientou que já faz algum tempo que as empresas, de modo geral, têm agregado reportes não financeiros dentro dos seus relatórios de administração.
“A área de relações com investidores é responsável pelo relatório de administração, mas também pelo relatório de sustentabilidade. Eu acredito que seja importante ambos estarem debaixo do mesmo guarda-chuva para que consigamos garantir a consistência e a conexão das informações”, explicou o profissional, lembrando que há muitos profissionais diferentes trabalhando nestes materiais, mas que a coordenação é feita por um núcleo específico.
O profissional contou que hoje a Engie tem mais de 200 subsidiárias responsáveis por diversos projetos e mais de 100 usinas implantadas por todo o país. Por isso, é um grande desafio para o pessoal que atua na Contabilidade do negócio fazer a consolidação de todas essas informações.
Rafael Pereira, por sua vez, perguntou sobre como é feita a captação e tratamento dos dados menos tangíveis no tocante à redução de emissões e quais os principais desafios enfrentados pela empresa nesse sentido. Bósio explicou então que esse trabalho começou em 2004. A Engie tinha um ativo habilitado pela ONU para vender créditos de carbono. Em 2010, a companhia desenvolveu seu primeiro inventário sobre emissão de gases de efeito estufa.
“No início, o maior desafio foi entender o que era isso, treinar o pessoal e buscar implantar um sistema de coleta e monitoramento desses dados. A partir daí, se assemelha muito ao dado financeiro, porque teremos números. A metodologia do GHG Protocol te faz chegar nos livros. Para isso, precisamos de um sistema/plataforma que nós escolhemos, customizamos para as necessidades do nosso negócio e, ao final, conseguimos automatizar 80% da coleta desses dados. Foi um salto gigantesco, mas, naturalmente, ainda temos os outros 20%. De lá para cá, evoluímos muito, atingindo uma grande maturidade”, relatou.
Ao final do evento, Wagner Petelin agradeceu aos participantes pela presença, parabenizou pelo trabalho e lembrou que os temas abordados neste ano são tendências que devem impactar cada vez mais negócios nos próximos anos.