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A interseção da inteligência artificial nas competências profissionais e na educação: perspectivas para 2025 

Em 2025, segundo Danielle Nakaya, gerente de recrutamento da Robert Half, as habilidades mais valorizadas no mercado serão uma combinação de competências técnicas e comportamentais. Ela explica que áreas como inteligência artificial, automação, análise de dados, aprendizado de máquina e fluência em inglês serão essenciais para as organizações que buscam inovação e competitividade. “Paralelamente, habilidades como inteligência emocional, pensamento crítico, liderança e resolução de problemas ganharão destaque, pois são fundamentais para a adaptação em um ambiente de trabalho cada vez mais dinâmico. Para se preparar, os profissionais precisam investir em aprendizado contínuo, alinhando as competências técnicas com as habilidades interpessoais, o que permitirá uma maior capacidade de liderar, colaborar e agregar valor estratégico às empresas.” 

Já Emerson Dias, head de capital humano da ANEFAC, acredita que 2025 continuará na mesma tendência dos últimos anos, com as habilidades mais procuradas sendo uma combinação de hard skills técnicas e soft skills interpessoais. Ele lista como competências técnicas: habilidades digitais (como análise de dados, programação e gerenciamento de IA), design de soluções inovadoras e conhecimentos em ESG (ambiental, social e governança). Acredita que as pautas de DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) devem arrefecer um pouco. E nas competências interpessoais, ele menciona: pensamento crítico, resolução de problemas complexos, adaptabilidade, criatividade e inteligência emocional. 

A IAGen oferece um potencial promissor para personalizar a experiência de aprendizagem e impulsionar o desenvolvimento do capital humano. Para que isso se concretize, George R. Stein, diretor fundador da Pedagog.IA – Inovação em Aprendizagem, considera crucial analisar três cenários distintos, levando em conta as características dos aprendizes: 

Cenário 1: Interação direta e autônoma com a IAGen: Nesse caso, o aprendiz interage com a IAGen de forma natural e intuitiva, utilizando-a para solucionar dúvidas, realizar tarefas e explorar conteúdos. Essa interação fornece dados valiosos sobre suas necessidades e desafios de aprendizagem, permitindo a personalização do processo. Através de perguntas específicas, o aprendiz recebe respostas e direcionamentos sob medida, otimizando seu desenvolvimento. 

Cenário 2: Mediação humana para aprendizes com baixa motivação ou dificuldades de interação: Alguns indivíduos podem apresentar dificuldades em interagir com a IAGen de forma autônoma, seja por falta de motivação ou de habilidades digitais. Nesses casos, a mediação humana, por meio de professores ou facilitadores, é fundamental para estimular o interesse e desenvolver as competências necessárias para uma interação proveitosa com a tecnologia. A IAGen, por sua vez, pode auxiliar o mediador na criação de atividades personalizadas e na identificação de lacunas de aprendizagem. 

Cenário 3: Desenvolvimento de competências que exigem interação e colaboração entre indivíduos: Em situações que demandam a construção de um sentido coletivo e o desenvolvimento de habilidades interpessoais, a interação humana é primordial. A IAGen pode atuar como ferramenta de apoio, mas a mediação de um facilitador humano é crucial para promover a inteligência coletiva e o aprendizado colaborativo. Um exemplo típico é o desenvolvimento de equipes, onde a IAGen pode ser utilizada para dinamizar o processo após a construção de um entendimento coletivo mediado por um facilitador. 

“É importante ressaltar que a aprendizagem de adultos, segundo a Andragogia, se baseia na conexão com desafios reais, na aplicação prática do conhecimento e na experiência prévia do aprendiz. Em cenários de aprendizagem em equipe, a construção conjunta de sentido e de planos de ação é fundamental para que a personalização proporcionada pela IAGen seja efetiva”, pondera Stein. 

As tendências em automação e a inteligência artificial nas oportunidades de emprego e o cenário de trabalho em 2025 

A automação e a inteligência artificial (IA) estão reformulando o cenário de trabalho e já estão entre as áreas funcionais com maior demanda de contratação, de acordo com o Guia Salarial 2025 da Robert Half. Na visão de Nakaya, embora existam resistências à adoção de novas tecnologias, é importante lembrar que, no passado, também houve resistência a inovações que hoje são parte do cotidiano. “A IA não causará perda de empregos, mas sim transformará funções, demandando profissionais mais capacitados para utilizá-la de forma estratégica. Todos os setores e áreas funcionais serão impactados por essas mudanças. Aqueles que não se alinharem com essas tendências correm o risco de perder relevância no mercado, enquanto os que se adaptarem às novas exigências terão um diferencial competitivo significativo, aproveitando as oportunidades criadas pela transformação digital. E isso vale tanto para profissionais quanto para empresas.” 

A automação e a IA já estão redefinindo setores como manufatura, logística, saúde, finanças e tecnologia. Dias antecipa para 2025: 

Redução de empregos repetitivos: Setores como atendimento ao cliente e produção terão mais processos automatizados. 

Criação de novos empregos: Haverá uma crescente demanda por especialistas em IA, cibersegurança e ciência de dados. 

Transformações significativas: Saúde (telemedicina e IA diagnóstica), educação (plataformas personalizadas de aprendizado) e finanças (automação de análises complexas e blockchain). 

Trabalho remoto e flexível continuarão a evoluir no próximo ano 

O modelo de trabalho continua sendo um tema central, impulsionado pela busca por um equilíbrio entre as necessidades dos empregadores e os desejos dos colaboradores. Embora o modelo híbrido tenha ganhado força, Nakaya observa uma tendência crescente de aumento dos dias presenciais ou até mesmo o retorno ao 100% presencial, com variações de acordo com a área e a intensidade operacional. Ela cita como exemplo que, em finanças e contabilidade, durante períodos de fechamento ou alta demanda operacional, alguns líderes optam por permitir que as equipes trabalhem de casa, enquanto outros preferem manter todos no escritório para garantir a produtividade e a comunicação. Embora muitos considerem a discussão sobre modelos de trabalho algo do passado, o equilíbrio entre flexibilidade e necessidade operacional ainda é um ponto relevante de debate entre colaboradores e empregadores, com impactos diretos na atração e retenção de talentos. 

Em termos de tendências, Dias enxerga que o trabalho remoto e híbrido continuará se consolidando, mas isso não será generalizado. “Há muitos CEOs advogando contra a agenda e o trabalho híbrido. Acredito que a produtividade será medida pela entrega, e não pelo tempo online, mas isso ainda terá muita discussão nos tempos vindouros. Não há um consenso entre empregados e empregadores sobre isso, então vejo que o debate ainda deve continuar.” 

A inteligência artificial integrada na formação e capacitação de educadores 

A integração da IAGen na formação de educadores deve ser abrangente e estratégica, segundo Stein, considerando as diferentes dimensões da tecnologia: “com, sobre, para e apesar” da IAGen. “A maioria dos educadores se formou em um contexto sem IAGen, o que torna fundamental um letramento inicial sobre a tecnologia. Essa etapa introdutória deve abordar o que é a IAGen, seus benefícios, desafios e aplicações práticas na educação. A formação deve ser prática, utilizando a IAGen como ferramenta de ensino (“com”) e promovendo o desenvolvimento de conhecimentos sobre a tecnologia (“sobre”) e suas aplicações pedagógicas (“para”). É crucial que os educadores vivenciem, como aprendizes, as metodologias e atividades que irão aplicar em suas práticas docentes.” 

Contudo, a formação “apesar” da IAGen também é essencial. Ele avalia que os educadores devem ser capazes de definir objetivos de aprendizagem e selecionar os recursos mais adequados para alcançá-los, mesmo que isso implique em não utilizar a IAGen em determinados momentos. “A mediação humana ainda é indispensável em diversas situações, como na condução de debates, na construção de consensos e na tomada de decisões em grupo.” 

Em suma, Stein finaliza ressaltando que a IAGen desponta como uma poderosa ferramenta para a personalização da aprendizagem e o desenvolvimento do capital humano. No entanto, sua integração na educação exige uma abordagem estratégica, que leve em consideração as necessidades dos aprendizes, o papel essencial da mediação humana e a importância de uma formação completa para os educadores. 

Danielle Nakaya, gerente de recrutamento da Robert Half
Emerson Dias, head de capital humano da ANEFAC
George R. Stein, diretor fundador da Pedagog.IA

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