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Os desafios na digitalização do varejo popular e as estratégias para uma transição sem traumas  

A transformação digital está revolucionando o setor de varejo globalmente, e o Brasil não é uma exceção. Com os consumidores cada vez mais conectados e exigentes, os varejistas brasileiros estão adotando tecnologias digitais para se manterem competitivos e atenderem às novas demandas do mercado.  

Tatiana Michaluat Lima Makhlouf e Luciana Bussab Maluf, co-fundadoras da Peça Brás, explicam que a resistência à mudança é uma das principais dificuldades enfrentadas pelo varejo popular. Muitos comerciantes estão habituados a métodos tradicionais e relutam em adotar novas tecnologias. A falta de conhecimento sobre o universo digital também se revela um grande obstáculo. “Muitos não sabem por onde começar e, quando se aventuram no digital, frequentemente não obtêm resultados satisfatórios devido à falta de tempo para se dedicarem a entender essas novas ferramentas e canais”. 

Os custos de implementação e a falta de infraestrutura básica, como conexão rápida de internet e equipamentos modernos, são outras barreiras críticas. Para elas, a capacitação dos funcionários é um desafio, pois é raro encontrar pessoas com as habilidades necessárias para utilizar essas novas tecnologias de forma eficaz, dado o nível salarial da região. “A informalidade comum na região e a complexidade de integrar novas tecnologias com sistemas existentes também complicam a transição. Para os players do Brás, a dinâmica do atacado muitas vezes faz mais sentido, já que o modelo de negócio está mais alinhado com a venda em grandes volumes e a rápida rotatividade de produtos”. 

A digitalização pode transformar significativamente a experiência do cliente no varejo popular. Ferramentas de análise de dados permitem a personalização de ofertas e recomendações, tornando a experiência de compra mais relevante para cada cliente.  

Segundo Lima e Maluf, os pagamentos digitais, aplicativos móveis e plataformas de e-commerce facilitam o processo de compra, enquanto a disponibilidade de informações sobre produtos, disponibilidade e preços melhora a conveniência para os clientes. “A disponibilidade de informações também é um grande benefício, pois os clientes podem acessar dados sobre produtos, disponibilidade e preços de maneira rápida e fácil. Por fim, programas de fidelidade digitais e a comunicação direta via e-mail ou aplicativos ajudam a aumentar a retenção de clientes, promovendo maior fidelização”. 

Para garantir uma transição suave, elas recomendam uma implementação gradual das tecnologias e processos, permitindo que funcionários e clientes se adaptem progressivamente. “Oferecer treinamento contínuo e suporte técnico aos funcionários é fundamental, assim como coletar e analisar feedback dos clientes para ajustar e melhorar a implementação. Trabalhar em parceria com empresas especializadas em full commerce e marketplaces, que possuem experiência na implementação de tecnologias digitais e acesso à audiência, também é recomendado para garantir uma transição bem-sucedida”. 

Competindo com grandes varejistas digitais 

Pequenas e médias empresas no setor de varejo popular podem adotar diversas estratégias para competir com grandes varejistas digitais. Na visão de Lima e Maluf, focar em nichos de mercado ou oferecer produtos exclusivos que não são facilmente encontrados em grandes varejistas pode atrair consumidores específicos. Além disso, oferecer um atendimento ao cliente mais personalizado e engajar de forma mais próxima através de redes sociais também pode fortalecer a fidelidade dos clientes. 

Outra questão é utilizar marketplaces digitais para vender produtos pode ampliar o alcance de mercado sem a necessidade de investir em plataformas próprias. “Investir em marketing digital, como SEO, mídias sociais e e-mail marketing, é crucial para atrair e manter clientes”, enfatizam elas. Formar parcerias com outras pequenas empresas para ofertas conjuntas e promoções também pode aumentar a visibilidade e competitividade no mercado. 

Para educar e capacitar os funcionários do varejo popular nas novas tecnologias digitais, é fundamental oferecer treinamento prático, workshops e seminários regulares. Lima e Maluf destacam que disponibilizar recursos educacionais online, como cursos e tutoriais em vídeo, e designar mentores ou especialistas para fornecer suporte contínuo são práticas essenciais. Bem como coletar feedback dos funcionários para ajustar os processos e oferecer incentivos para aqueles que se destacam na adaptação e uso das novas tecnologias também são estratégias eficazes. 

Tatiana Michaluat Lima Makhlouf e Luciana Bussab Maluf, co-fundadoras da Peça Brás

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